Dois pesos, uma só (des)medida. Incoerência, este é o teu nome, também pode ser usado como bordão neste caso. Tratam-se dos semanários Gazeta Regional e Tribuna Regional, de Olímpia, edições deste sábado, 29. Ambos são a própria imagem da contradição político-jornalística. No caso do Gazeta, mais uma vez o foco é a coluna “Metendo o Bedelho”, que já classifiquei aqui como depósito de excremento mental. A tal ponto que, na edição deste sábado, dois comentários ali publicados são, simplesmente, surreais.

Por exemplo, os escrivinhadores do Gabinete entram de “sola” no colunista do semanário Planeta News porque este, na coluna “Entre Nós da Redação”, teceu críticas ao painel eletrônico sem uso até hoje, dois anos depois de comprado, e ao armário para os arquivos da Câmara, ambos adquiridos pelos ex-presidentes Chico Ruiz e Hilário Ruiz, por R$ 128 mil e R$ 65 mil, respectivamente. Diz o colunista, segundo o Gazeta, a certa altura: “(…) Para o povo, se antes tínhamos o Chico do Painel, agora entra para a história o Hilário do armário (…)”. Por incrível que possa parecer, os escribas tomaram as dores…de Hilário Ruiz!

Ambos são classificados, pelo semanário, de “duas autoridades que deviam merecer respeito”. E mais, que se o cidadão ainda não foi julgado por todas as instâncias jurídicas, “deve ser considerado digno’. E que “não se deve partir para a galhofa, julgar sem fundamentos verdadeiros”. Depois, ainda condoídos, os escribas do Gabinete saem também em defesa de toda a Câmara Municipal, chamada de submissa e subserviente, além de homologatória das ações do Executivo, e cega obediente de suas ordens, pelo Planeta. Tratam de “atrevimento” o que foi escrito, e pedem a reação deles, vereadores. E, mais, dizem tratar-se de oposição “sistemática e inconsequente”.

Tais queixumes até que poderiam ser levados a sério, se não a nota em questão não viesse revelar o que já se sabe sobejamente: que tudo o que está ali escrito, não é a opinião do colunista, somente, mas a materialização do senso comum olimpiense. E poderia ser levado a sério se não viesse como uma tentativa de cooptação do ex-presidente Ruiz, o que se demonstra ao final, de forma até constrangedora ao vereador, imaginamos, quando tais escribas lá colocam, com todas as letras: “CONSELHO – Alô Hilário Ruiz, junte-se aos bons”.

De resto, tal defesa tem endereço certo e motivação específica. Portanto, falsa irritação, pérfida encenação de maus atores públicos. Pois eram eles mesmos, naquele mesmo espaço, que não pouparam um momento sequer o então presidente Hilário Ruiz, chamado, desrespeitosamente, toda semana, de “Lalo”, pelos escribas. E a seu respeito muitas coisas eram escritas, insinuadas, invocadas, sempre de forma desrespeitosa, jocosa. Ali, sim, dava-se um conceito de valor ao “ilustre vereador e ex-presidente da Câmara Municipal, Hilário Juliano Ruiz de Oliveira”, nível zero. O que mudou agora? É que eles foram orientados a tratar Hilário Ruiz como “pó a ser cuado” nos dias vindouros para o “doce café” do alcaide .

SANTA CASA
Outra nota nonsense da coluna diz respeito a matéria publicada pela mesma coluna do Planeta News semana passada, tratando da Santa Casa no tempo em que Helena Pereira era provedora, enaltecendo o fato de que, durante suas gestões, ela “construiu, reformou, equipou o hospital com verbas destinadas pelos governos estadual e federal”. Claro que os escribas não gostaram. E se apressaram em “dar o troco”. Tanto, que acabaram por meter os pés pelas mãos. Confundindo todas as bolas.

Eles cobraram o “esquecimento” do colunista quanto a “verbas municipais”. E tascaram lá que em 2009 o hospital recebeu subvenções – repito, subvenções – no valor de R$ 737.606, e em 2010, no valor de R$ 916.900. Eles só se esqueceram de dizer que subvenção não é verba, nem recurso “livre”. Trata-se de valores para subsidiar o hospital no que diz respeito ao pronto socorro somente. Correspondeu, em 2009, a R$ 61,5 mil por mês. e em 2010, a R$ 76,5 mil por mês.

O que as pessoas talvez não saibam, e os escribas precisam entender é que este dinheiro não pode ser usado para reformas, construções, ou compra de equipamentos. Ele serve apenas e tão somente para pagar procedimentos médicos no Pronto Socorro, porque o município não tem o seu PS próprio. Para quem não sabe, foi firmado um contrato entre o município e a Santa Casa, lá atrás, ainda na primeira gestão do ex-prefeito Rizzatti, hoje secretário do Alcaide na Agricultura, possibilitando que o PS municipal, na Deputado Waldemar Lopes Ferraz – hoje Centro de Atendimento ao Idoso – fosse desativado.

Assim, a prefeitura passou a pagar, todos os meses, pelos atendimentos feitos no PS do hospital, com base no número de atendimentos feitos. Pagamento este, hoje totalmente defasado, diga-se de passagem. É por isso que existe esta relação entre hospital e Poder Público. Se não, cada um estaria cuidando de sua vida, agora, separadamente. Entenderam porque os escribas “pisaram na bola”? Estavam afoitos em dizer que o “Grande Mestre” também tem parte naquele “latifúndio”, quando a parte que lhe cabe, na verdade, é a acelerada derrocada em que meteu o hospital.

Quanto ao Tribunal Regional, o que há para se dizer é pouca coisa: o interesse contrariado às vezes cega as pessoas. O jornal tem vindo toda semana sem tréguas para cima do alcaide que, antes, era o “queridinho” de suas páginas. Hoje, acorda todos os sábados com a faca nos dentes. Assim se faz a história do jornalismo olimpiense. Regido pela conveniência. Uma pena.

Até.