Qual será a “cara” da Câmara Municipal que teremos a partir deste ano? Qual será a atitude dos senhores vereadores? Qual será a disposição dos “representantes do povo” em, efetivamente, representá-lo, e não sucumbirem à vontade soberana do poderoso de turno? O que vai pesar na postura destes homens públicos doravante: o compromisso assumido com o povo que os elegeu, e manterem-se predispostos a fiscalizar a coisa pública, os atos e atitudes do Executivo, ou valerá compromissos outros fechados em locais, digamos, “indevassáveis”, se por ventura os há, e em situações no mínimo suspeitas, se por acaso as há?

Não é segredo para ninguém, pelo menos àqueles que leem este blog, os fatos e acontecimentos envolvendo a nossa Câmara nos últimos dois anos. Houve lá atrás um acordo entre homens de bem, que resultou na formação da Mesa que ora se desfaz, e deixara por antecipação formada a Mesa que assumiria neste primeiro de janeiro. Porém, no meio do caminho tinha uma pedra. E as coisas mudaram de rumo. E a Mesa que era para ser não foi, e a que não se imaginava ganhou corpo. E com ela mudou também toda a configuração política do Legislativo.

Com Toto Ferezin (PMDB) presidente, a Casa de Leis passa a ser uma extensão do Executivo, um “braço estendido” do prefeito, onde suas vontades deverão ser satisfeitas docilmente. Com a Mesa ora administrando a Câmara, e a mudança de atitude de dois vereadores, basicamente – o outro é Guto Zanette, que deu um belo “pé” na sua biografia política -, Geninho (DEM), como se diz, vai “mandar e desmandar” por lá. E mente quem disser o contrário, a menos que prove, firmemente, com atitudes e decisões.

São dez vereadores, o prefeito tem ascendência sobre pelo menos sete deles, ou seja, mais de dois terços da Casa. Pode aprovar o que quiser. Os mais disparatados projetos de leis, as mais amalucadas emendas à Lei Orgânica-LOM, enfim, Geninho pode fazer e desfazer do Legislativo, conforme sua nova configuração.  O que um vereador Zanette (PSB) pode fazer para barrar um projeto que atente contra a vontade popular como um todo ou pelo menos em parte? Se ele mesmo, eleito pela oposição, jogou fora seus compromissos para se aliar ao poder que julga maior, o Executivo?

O que poderá fazer um vereador como Toto Ferezin – idem, idem – se jogou fora seus compromissos de homem público para obter um naco de poder maior que é a presidência do Legislativo? Cada um deles, naturalmente visando interesses pessoais e políticos (e não há outra explicação plausível para tanto), facilitando, assim, acomodar companheiros, parceiros de primeira hora. O que se tentar formular à guisa de explicações, justificativas, será fantasia pura. Fantasia para iludir incautos. Aqueles mesmos que serão procurados no próximo pleito.

Para sabermos como será a Casa de Leis nestes próximos dois anos teremos que acompanhar de perto os acontecimentos, sejam nas sessões, sejam fora delas. Porque muitas vezes os “acontecimentos” estão na luz do dia, nos corredores, ou fora deles, no dia-a-dia político. Espera-se seriedade no trato com os recursos públicos, pelo menos. Respeito para com o cidadão pagador de impostos.

E, acima de tudo, espera-se coerência e coragem daqueles que permaneceram do “outro lado da trincheira”, honrando aquilo que fora acordado. E, mais que isso, honrando o próprio cargo que lhe fora outorgado pelo cidadão, que espera ver-se representado com retidão, honradez e honestidade. E às claras, não pelos “cantinhos” do hexágono ribeirinho.