Não restam dúvidas de que o malabarismo foi grande. Hoje o prefeito faz anunciar, pelo “blog da casa”, que a coisa está “nos conformes”. Mas houve tempo, sim, que o desespero tomou conta de muita gente. Principalmente fornecedores e tocadores de serviços. Sim, o município esteve à beira da falência, pelo que se pôde apurar ao longo dos últimos meses. E não foi só em rodas de “tricoteiros” que esta versão circulou. Ela esteve de boca em boca, entre próximos do alcaide. Agora, ele manda avisar que  “a casa está arrumada”. Então, obrigado, Valter José Trindade, secretário municipal do Planejamento.

No site de notícias oficialescas, o seu mantenedor, Leonardo Concon, abriu, primorosamente seu texto enaltecedor, do seguinte modo: “Programas e mais programas radiofônicos, páginas e páginas de jornal, tópicos e mais tópicos de blog a serviço da oposição – de nada adiantou tanta especulação: o prefeito Geninho Zuliani (DEM) afirmou hoje ao Portal de Notícias (Blog do Concon), o que já havíamos publicado, dele mesmo, meses atrás: o exercício financeiro de 2010 da prefeitura de Olímpia, fechará o balanço com R$ 1,5 milhão em caixa, ou seja, no azul.”

Logo embaixo, as aspas do alcaide: “Reuni todos os secretários hoje pela manhã (terça, 21) para o balanço do ano e a boa notícia, que todos já esperavam, foi dada: o caixa da prefeitura terá dinheiro de sobra para investimentos em 2011.” 

Fazendo isso, e o dizendo depois, o prefeito só torna oficial aquilo que todo mundo sentia em relação às finanças do município: a apreensão. Porque não me recordo de nenhum outro prefeito ver necessidade em reunir secretariado para anunciar que fez o serviço de casa. Sim, porque zelar pela saúde financeira de uma prefeitura é tarefa primeira de um administrador eleito pelo povo, dono verdadeiro daquele dinheiro. E se o prefeito sentiu necessidade de “reunir o secretariado” é porque neles também habitavam temores.

Tido como prefeito “com volúpia de fazer”, Geninho provocou tremendo barulho nos bastidores administrativos nestes últimos tempos, de onde se sobressaiu até um suposto -não confirmado nem negado- forte entrevero com seu vice, no interior do Gabinete. O tema? Finanças. Conversas e mais conversas, confissões e mais confissões também habitaram os bastidores extra-prefeitura, fornecedores manifestando dificuldades em seus negócios por falta de recebimento por material fornecido ou serviço prestado.

Casos não negados, aliás até confirmados de máquinas e equipamentos “presos” em assistências técnicas por não haver caixa suficiente para fazer frente àquelas despesas e assim por diante. Os municipais viveram momentos de grave desassossego, mercê às muitas conversas desencontradas. Um especialista foi “sacado” em caráter urgente-urgentíssimo de um órgão estratégico na cidade, onde se buscou solução por improviso, para ocupar função, também estratégica, junto, do lado, bem colado, do alcaide.

A partir daí, ao que deixa antever os últimos acontecimentos, as coisas começaram a “clarear”, como se diz, o elemento estranho que pairava sobre as coisas por ali, a se “decantar”. Corta aqui, corta ali, não compra isso, não compra aquilo, até com sacrifícios jamais vistos em setores sensíveis da administração e secretarias; remanejamentos, suplementações de dotações orçamentárias, aberturas de créditos especiais à farta, e foi-se chegando onde diz o prefeito que se chegou.

Ao final, restariam no caixa do município, R$ 1,5 milhão, dinheiro que servirá para investimentos em 2001. Não sei porque, mas fica uma forte impressão de que vamos passar “raspando”. Ou seria melhor dizer que o alcaide chegou ao final do ano como chegou, “raspando” onde deu? De qualquer forma, tudo não deixa de ser resultado da providencial transferência de Trindade para o seio do Governo. Pelo menos o prefeito teve sensibilidade para perceber esta necessidade. A tempo de evitar o pior.

# A propósito, Valter José Trindade, secretário municipal de Planejamento, ficará entre nós por mais tempo. Segundo ele, “enquanto o Geninho quiser”. Trindade havia antecipado a este escriba, informalmente, meses atrás, que dezembro era seu prazo fatal, como já postei aqui no blog. Esta semana, numa nova conversa, disse que o prefeito lhe pediu mais um tempo de permanência, e ele decidiu aceitar. “Agora está nas mãos do Geninho. Quando ela achar que não precisa mais de mim, então vou embora”.

Não sei, mas fica uma profunda impressão de que iremos desfrutar por mais um bom tempo, da saudável convivência com o secretário Trindade. Afinal, ainda temos pela frente mais dois anos para serem fechados.

Até.