O fio da meada pode estar aí. Contrariando todas as negativas oficiais, ontem à noite chegou à Câmara Municipal, e foi tornada pública informação sobre falta de pagamento de dívida de R$ 42 mil a uma oficina e loja de peças, que desde janeiro passado vem trabalhando com Olímpia sem ver a cor do dinheiro. Faz parte da denúncia a não-realização de licitação para estes gastos. Disse ainda a vereadora que denunciou o fato, Priscila Foresti, a Guegué (PRB), que em ecncontro mantido pelo proprietário da empresa e o secretário de Obras, Gilberto Toneli Cunha, este teria dito que não havia dotação para a realização da licitação. “E quem vai pagar a conta?”, foi a pergunta da vereadora.

A dúvida que persiste é quanto à legalidade da compra de peças ou de prestação de serviços sem a devida cotação de preços ou licitação. Consta que o acordo seria o de a prefeitura “ir comprando” até somar o valor mínimo para a licitação. Mas, quando este valor foi alcançado, a informação foi a de que não havia dotação para abrir a licitação. Se não havia dotação, por que comprou?, é a outra pergunta a fazer. Há quem diga ser este fato passivel de processo por improbidade administrativa. Mas, parece que ninguém se movimentou neste sentido até agora.

Porque não seria difícil provar a compra, a prestação dos serviços, se houve. É só ir verificar “in loco”. Lá na empresa está uma máquina da prefeitura municipal de Olímpia, uma pá-carregadeira, consta que ainda sem desmontar, porque não tem dinheiro para pagar o serviço. “Eles estão precisando da máquina, e eu do dinheiro”, teria dito o proprietário. Que não quer desmontá-la até que a conta seja paga. Pelo menos há um fator positivo nisso: parece que não houve “confisco” do equipamento. Ele só não vem para Olímpia porque o município não teria dinheiro para trazê-lo. E fica lá, parado, porque não teria dinheiro para consertá-lo.

NÃO É BEM ASSIM
O secretário de Planejamento da prefeitura, Valter José Trindade, não confirma estas informações. E nem poderia ser diferente. “Em Rio Preto tem uma máquina desmontada para fazer concerto. Como não tem dotação, não fez ainda o serviço”, foi sua resposta. Disse também Trindade que o secretário Cunha já havia conversado com ele sobre esta máquina em Rio Preto. Mas negou a dívida de R$ 42 mil. Disse que pode ter havido uma confusão, ser “uma informação errada”, que na verdade este valor seria aquele a ser cobrado pelo conserto.

“Mas custa tudo isso arrumar uma pá-carregadeira?”, o blog pergunta. “Sim, é caro, porque uma máquina nova desta custa entre R$ 150 mil a até R$ 300 mil”, responde ele. Trindade prometeu resolver tudo “esta semana ou na semana que vem”. Mas, este fato negado pode ser o fio da meada pelo qual se poderá chegar à verdadeira situação financeira do município. Porque no meio das negativas do prefeito e seus assessores, há a gritaria daqueles que se dizem “no pendura”. E eles seriam muitos. Mas, se não confirmam, prefeito e assessores continuam negando, negando e negando. Até quando?

AGORA É A MERENDA
Uma vez feitas as terceirizações da coleta do lixo e do aterro sanitário, a próxima da lista é a merenda escolar. Por enquanto são “só estudos”, conforme Trindade, mas para o ano que vem deve ser concretizada. Por sugestão do próprio Trindade, que vê o processo como mais econômico. A economia seria de pelo menos R$ 2 milhões no ano. Hoje o município gasta R$ 500 mil por mês com a alimentação da garotada nas escolas da rede municipal. Isso dá R$ 6 milhões por ano. Terceirizando, este custo cairia para R$ 4 milhões.

“São custos que temos que rever”, diz o secretário. E as merendeiras? “Elas passariam a ser funcionárias da empresa que assumir a merenda”, foi a resposta. Trindade vê maior agilidade neste processo, porque é a própria empresa que se abastece, sem o incômodo das licitações, que sempre se arrastam, provocando desabastecimento, por vezes. “A empresa já tem seus próprios estoques”, analisa.

E AS FINANÇAS?
“Estou assumindo (a Secretaria de Planejamento) para tentar acertas as coisas”. Assim Trindade começa falando quando a pergunta é sobre as finanças da prefeitura. Garante que o ano fecha com tranquilidade. E que, ademais, se virar 2010 com um “buraco” de até R$ 4 milhões “será legal”, diz. Por quê?, pergunta o blog. Segundo Trindade, o prefeito pode passar de um ano para outro, dentro da mesma legislatura, com um “estouro” de até 5% do Orçamento do ano. O Orçamento/2010 é de R$ 88,5 milhões. Ou seja, já não é mais seguro fiarmo-nos nas negativas do prefeito e seus assessores. Se pode o caixa “estourar” em R$ 4 milhões, por que não?

Até.