O site de notícias oficiais do município, “chapa-branca” por excelência, como não poderia deixar de ser, recebeu convocação e foi de imediato ao Gabinete do prefeito Geninho (DEM) a fim de publicar suas declarações no sentido de contradizer o Ministério Público que vai investigar as condições em que foi realizado o pregão presencial da concessão do lixo, cuja empresa vencedora, a Multi Ambiental, é a mesma que já mantinha contrato de emergência com o município, para a realização deste serviço.
Como já foi publicado aqui, a Multi Ambiental Engenharia Ltda., com sede em Votuporanga, venceu a licitação para a prestação de serviços relacionados à coleta de lixo, por uma diferença de apenas R$ 50 sobre a principal concorrente. Três empresas disputaram o certame, cujo resultado financeiro ficou quase 20,5% acima do que a prefeitura pagava até então pelos serviços em caráter de emergência. A empresa vinha trabalhando por contrato de emergência e agora foi “efetivada”. O Pregão Presencial 59 foi encerrado no dia 3 passado, por um valor de R$ 2,76 milhões, por 12 meses.
(A título de comparação, a Leão & Leão, financiadora da campanha a prefeito de Geninho em 2008, fechou contrato idêntico com a prefeitura de Bebedouro, em maio passado, com validade também por um ano, em valor quase R$ 1,2 milhão mais barato. Em Bebedouro, a prefeitura está pagando à empresa de Ribeirão Preto, com ramificações por quase todo o Brasil, R$ 1.562.400).
De acordo com o que consta na ata do pregão, a Multi Ambiental apresentou o valor de R$ 233.700, contra R$ 233.750 apresentado pela Alfalix Ambiental Ltda., que tem sede em Monte Alto. A outra empresa que participou do certame, nominada inicialmente como Construtora Bonfort Ltda, não sendo identificada via internet, e agora publicada no “chapa-branca” como Construtora Panfort Ltda., e também não localizada, e que chama-se, na verdade, Construtora Banfor Ltda., com sede em São Paulo, apresentou valor de R$ 246 mil.
(Esta empresa vem de prestar alguns serviços em vários municípios do Estado, um deles sendo Bebedouro, onde executou obras de reformas e de adaptações no ginásio “Sérgio Zacarelli”, no recinto antigo da Feccib, no Jd. Casagrande, por R$ 148 mil, recurso total do município. Interessante notar, também, que esta empresa pode fazer parte do Consórcio Construban, também da capital, que lá em Bebedouro tem uma parceria na área esportiva. Mais exatamente, uma triangulação com o SPFC, na modalidade Futsal, por meio da qual todas as atividades do Tricolor neste segmento estão sendo desenvolvidas naquela cidade. A parceria chama-se “São Paulo/Bebedouro/Construban”).
Mas, voltando às argumentações do prefeito, ele disse ao “Chapa-Branca”, taxativamente, o seguinte: “É assunto requentado”. E imbuído daquele grau de boa fé só encontrável em monges budistas ou beneditinos, claro que o escrivinhador do reino tratou tudo o que foi dito pelo prefeito como a mais absoluta verdade, pronto acabou. Ele não dá ao jornalismo nem o benefício da dúvida. “Procurado pelo Blog”, ele diz, “o prefeito Geninho Zuliani (DEM) esclareceu a verdade, desmentindo as alegações da Constroeste: “Ela perdeu o prazo do contrato emergencial e sequer apareceu no pregão do contrato definitivo”, foi a declaração do alcaide.
“A Constroeste protocolou o seu pedido posteriormente à data em que foi encerrada a fase do contrato emergencial”, falou ainda Geninho, negando que a empresa “foi ignorada” pela prefeitura, conforme os diretores disseram em ofício encaminhado para Deus e o mundo, inclusive Ministério Público, originando o Inquérito Civil investigatório, a fim de apurar se o prefeito cometeu crime de improbidade administrativa.
O prefeito falou ainda ao oficial que na abertura do pregão, no dia 3 de setembro, a Constroeste não estava presente, conforme já noticiamos aqui, também. As participantes estão relacionadas acima, embora conste que 11 retiraram o edital, incluindo a Constroeste. Disse mais o alcaide ao oficial : “Essa denúncia é assunto requentado, temos condições de provar que todo o processo foi público, transparente e legal, inclusive à luz do Tribunal de Contas”.
Certo, então nada deve temer o alcaide. E por que, então, já não aproveitou para justificar – ou explicar, ou dizer a verdade, ou desmentir – também os outros dois Inquéritos Civis instaurados pela Procuradoria Regional de Justiça, desta vez para apurar as condições em que foi fechado contrato para “serviços diversos” no município com a Demop Participações Ltda., no valor de R$ 8,025 milhões. Um IC é contra a Demop e outro contra a prefeitura municipal e prefeito Geninho. Por isso que consideramos resposta pela metade essa dada pelo prefeito.
Por que só um dos ICs suscitou resposta rápida? Será que é porquê foi publicado naquele mesmo semanário que investiu contra o secretário Beto Puttini, na semana passada? Para “surfar” na onda de não-credibilidade surgida na cidade contra aquele periódico por causa disso? A outra informação foi publicada na sexta-feira, 17, no Planeta News, e depois replicada no sábado, 18, na Folha da Região. E esta semana nas versões eletrônicas de ambos os periódicos. Pode ser que o escriba vá novamente ao Gabinete do prefeito, claro, de livre e espontânea vontade, e apure isso também, já que o nobre alcaide não se digna a emitir nota oficial para todos os veículos, o que seria mais republicano.
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