Já não são poucos os que, nas “bolsas de fofocas” dão como certo o afastamento do vice Gustavo Pimenta (PSDB) do prefeito Geninho (DEM). Dizem estas vozes que ambos já não tomam mais café à mesma mesa, ou se preferirem, na mesma cafeteria. Esta semana, por exemplo, a coisa chegou a tal ponto que até rumores de renúncia do vice circulou em alguns pontos da cidade. E tão fortes que assessorias se movimentaram no sentido de conferir se era fato, mas diante do espanto do próprio, concluíram que eram apenas boatos.

Mas, é sabido que quando as coisas chegam a esse pé, é por que há um fio condutor. E neste caso ele sempre segue em reta e no mesmo sentido: o vice-prefeito não estaria nada satisfeito com os rumos do Governo Municipal. Recentemente, houve um desentendimento – negado por um secretário, mas verdadeiro – dentro do Gabinete do prefeito, por causa de certos fatos que contrariaram profundamente o vice, no qual falam até em quase vias de fato. E teria o vice se exasperado quando tomou conhecimento do descontrole financeiro interno da prefeitura, e do quanto faltava no caixa para fechar dezembro.

Mas, já bem antes disso os rumores do descontentamento do vice com o prefeito e certos assessores eram fortes. Desde o ano passado. O que vai se suceder disso não se sabe. Um rompimento oficial? Ninguém arrisca dizer. Renúncia? Menos ainda – Olímpia já teve um caso, quando Manoel Arantes Nogueira Neto, já falecido, renunciou ao cargo de vice do ex-prefeito José Carlos Moreira (1993-1996). Ambos eram do PMDB. Pode ser que a situação não esteja assim, tão extremada. E as “bolsas” podem estar em descompasso, supervalorizando ações.

Mas, uma coisa já parece estar definida. Para 2012 esta dobradinha não deverá se repetir. E por dois motivos: se repetir, Geninho pode perder um fiel escudeiro, Beto Puttini, hoje seu secretário de Cultura, Esporte, Turismo e Lazer. Consta que Puttini já acenou que quer o cargo de vice numa busca pela reeleição do atual mandatário. E o segundo motivo é: o tucanato está de penas eriçadas com os titubeios do chefe do Executivo na condução da coisa pública. E estaria planejando alçar vôo próprio rumo ao Paço 9 de Julho. E adivinhem com quem? Gustavo Pimenta à frente, José Rizzatti na base. E os grão-tucanos, que hoje formam a base de sustentação política de Geninho, ao redor.

Assim, restaria ao prefeito usar de seu, para muitos, irresistível charme político, sua capacidade de convencimento e sua inteligência estratégica ao extremo, para manter as coisas como estão, esta “amarração” política que possibilitou sua candidatura, e que hoje estaria profundamente abalada. Acontece que Geninho fica em situação extremamente delicada caso o PSDB decida deixar a base. O partido representa, hoje, o mais forte apoio que ele jamais imaginou ter. E só com ele viabilizou sua candidatura em 2008. Não desmerecendo o PTB que, por ação do seu hoje secretário e pré-candidado a candidato a vice, Puttini, foi a primeira sigla a se engajar em sua campanha.

Fora estas duas siglas, o que sobraria então para Geninho, além do seu Democratas, partido que corre sério risco de perder lideranças estaduais como Gilberto Kassab, por exemplo, para outros partidos, ou simplesmente “minguar” dependendo do resultado das eleições de outubro próximo? Alguém pode argumentar que o PSDB também está em vias de “afundar”, dependendo também do resultado das urnas mês que vem. Mas, ainda que isso aconteça, o hoje tucanato pode se reunir em torno de outra sigla qualquer, que neste caso seria o que menos importa, já que o objetivo é manter a coesão, a força política.

A menos que, vencendo Alckmin, o prefeito vá se “achegando, “achegando”, até se “aninhar” no tucanato. Mas, malgrada a aparente distância do grupo tucano local de Alckmin, não seria crível que o prefeito fizesse isso sem o aval do grupo. Ou seria? Mas, se o fizer, não terá garantido o apoio municipal. E, convenhamos, o que menos Geninho precisa agora é de uma sigla. Porque isso se vê depois. O que ele precisa é de gente, de grupo, de base político-eleitoral-partidária, que não se acha em qualquer lugar, nem de qualquer jeito. E encarar um embate por letras seguidas uma da outra, em nível local, pode não ser uma boa medida. Portanto, para não ficar sozinho, Geninho precisa, urgentemente, parar de decidir sozinho. Isso se já não for tarde demais.

Até.