TUDO PELO VOTO, NADA SEM O POVO...

TUDO PELO VOTO, NADA SEM O POVO...

Amigos do blog, o governador José Serra é uó! Mal-humorado, deseducado, ríspido, inacessível e não te olha nos olhos. Não tem carisma e não respeita profissionais da imprensa. Tudo isso num candidato a candidato a talvez candidato a presidente da república. Seu secretário de Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, ao contrário, foi de uma fineza sem medidas. Fino no trato, acesssível e cordial com a imprensa. Será o candidato a governador de São Paulo, embora diga que respeita “muito” Aloysio Nunes, o nome ‘stand-by’ para a disputa em São Paulo, embora Serra afinando de tentar a cadeira do Planalto, logicamente o fará para manter-se no Governo do Estado. Serra negou-se a comentar os resultados da pesquisa do Datafolha que o coloca quase junto com a sua oponente Dilma Roussef, candidata do Lula (PT). “Eu não comento pesquisas, como eu nunca comentei”, disse ele com cara de bravo a nosotros jornalistas. Comentário de um colega após a negativa de Serra: “Se ele estivesse disparado na frente da Dilma comentaria com o maior prazer”. Concordo, colega. Concordo.

A assessoria de Serra, por outro lado, precisa prepará-lo melhor para estas ocasiões. O governador

VIDA DE REPÓRTER NÃO É FÁCIL

VIDA DE REPÓRTER NÃO É FÁCIL

cometeu muitas gafes ao trocar ou errar nomes, cochichar com o prefeito para saber quantos habitantes tem a cidade, ou mesmo chamar a nossa urbe de “Olinda” e não Olímpia. Pior foi quando ele afirmou que Olímpia tinha sido uma das cidades que tinha entrado “no programa maluco da Paulipetro”, aquele do Paulo Maluf, para encontrar petróleo no interior do Estado, que segundo Serra deu “R$ 400 milhões de prejuízo” ao erário. Ele dizia do poço que hoje serve ao Thermas dos Laranjais. Quando afirmava isso, perguntou aos presentes se “não estava enganado” sobre o tema. Ninguém teve coragem de corrigí-lo, nem o prefeito. Mas o governador estava, sim, enganado. O poço que serve ao Thermas foi perfurado pela Petrobrás, nos idos dos anos 50. O “programa maluco” da Paulipetro nunca esteve por aqui, governador.

Mais: o jornal Bom Dia Rio Preto disse que “cerca de 400 pessoas gritaram Serra Presidente! Serra Presidente!”. Não foi. Os gritos vieram de um grupo da 3ª Idade que havia sido recrutado para encorpar o público – talvez 15 a 20 pessoas, não mais – juntamente com funcionários de todas as secretarias municipais devidamente identificados, o secretariado em peso, seus familiares e um pouco de ‘povo’, para não dizer que ele lá não esteve prestigiando.

A imprensa regional veio em peso à recepção com um único objetivo: ouvir de Serra as palavras mágicas “sou candidato a presidente”. Mas não conseguiu, por mais que tentasse. Quem falou sobre o assunto foi Alckmin, dizendo que “a campanha vai bem” e que Serra era o candidato tucano ao Planalto. E ele, ao Palácio do Governo. “Ele já disse que não vai falar de política!”, gritava uma histérica assessora para os repórteres. A ‘muvuca’ da coletiva foi tamanha, pela falta de melhor organização, que as TVs chegaram a ameaçar ir embora, sem participar. O assessor de imprensa teve que providenciar uma entrevista específica para a TV depois.

DECORANDO O TEXTO

DECORANDO O TEXTO

O passeio do governador pelas dependências da Etec só podia acompanhar quem estivesse fazendo imagens – e não fotos. Com máquina fotográfica não podia passar pelo portão. Com filmadora podia. Como minha máquina engana como filmadora também, pelo seu porte, entrei. Betinho Tófolli, da “Folha da Região”, só com gravador em punho, não entrou. Outros colegas de jornais da região também não entraram. Coisas de Serra.

Quando se referiu aos deputados Rodrigo Garcia (DEM) e Uebe Rezeck (PMDB) ao seu lado no palanque, juntamente com Bruno Covas, Serra brincou: “O Rodrigo e o Uebe sempre foram os dois deputados mais votados em Olímpia. Agora é o Bruno que quer alcançar esta façanha”.

Se o governador nada disse sobre sua pretensão de ser candidato ou fugir da raia, o prefeito Geninho deu um jeito de colocá-lo na roda: “Quero ter a honra de saudá-lo da próxima vez que vier aqui, dizendo ‘seja bem vindo, presidente'”, disse um empolgado prefeito. Consta que ele está pretendendo trazer o Lula para as inaugurações de obras feitas com recursos federais – aliás, quase todas elas. Claro que o presidente, se vier, deve trazer a tiracolo sua candidata, Dilma Roussef. Para o mesmo público, o prefeito dirá as mesmas palavras em relação a ela? Aguardemos.

INAUGURAÇÃO DAS VICINAIS NO PALCO

INAUGURAÇÃO DAS VICINAIS NO PALCO

No mais, nenhuma outra obra foi inaugurada com a presença do governador. Somente a Etec e a vicinal, aliás vicinais, porque são três interligadas, que partem da Cruz Alta, corta o denso canavial da usina, corta a rodovia Natal Breda, volta a cortar o canavial da Guarani e termina na estrada de Álvora. Foi obra feita no ano pasado, dentro do programa de recuperação de vicinais. As outras obras não foram inauguradas porque simplesmente não estavam prontas. E havia o problema da autoria delas. Todas do Governo Federal.

As vicinais têm três nomes. Serra até brincou: “Quem conseguir decorar os nomes – e leu-os impressos na placa inaugural – pode se candidatar a qualquer concurso que vai passar na hora”. Risos. Fecha a cortina.