Amigos do blog, parece que a coisa relacionada à ‘debandada’ de médicos do “plantão de disponibilidade” da Santa Casa, a partir de 19 de fevereiro, terá desdobramentos, mas não aqueles que pelo menos as pessoas de bom senso esperam, ou seja, o do consenso, do entendimento, da doação – com cada uma das partes dando um pouco de si para que a solução seja a que melhor contemple o interesse público. Os médicos estão irredutíveis. O Poder Público,até onde sabemos, da mesma forma está ‘endurecendo’ o jogo. E a Santa Casa, como se sabe, está sem a menor condição de resolver este impasse sozinha. E a Justiça…Bem, a Justiça é a Justiça, conforme todos sabem. Já tentaram me fazer enxergar o caso pela ótica política. Por esta ótica, sugerem alguns que a atitude dos médicos, na verdade, viria a ser uma ‘conspiração’ visando mudar o atual estado de coisas naquele hospital. Assim, para muito além das questões econômico-financeiras, estariam a falar mais alto as questões meramente políticas. Porque se a situação for mantida nestes níveis, o caminho deverá ser o da intervenção na diretoria. Sim, porque a Justiça já se manifestou no processo movido pelo grupo de médicos – na verdade 32 e não 31, como postei anteontem – e excluiu da responsabilidade a prefeitura municipal, a quem eles estavam acionando também. Ou seja, os médicos querem receber, a Santa Casa não tem como pagar, e o Poder Público hesitando, quando não se negando de pronto a fazê-lo. Embora, pela decisão judicial, não tenha a obrigação legal. Mas, não teria a obrigação moral, pelo menos?
DIREITOS
Mas, prefiro ainda continuar vendo a coisa pelo ângulo do direito legítimo de cada um. Se os médicos estão amparados por lei, esta tem que ser seguida. Muita gente pode reciocinar que se a Santa Casa deve, ela tem que pagar. Mas, estas mesmas e outras pessoas devem considerar, também, que no frigir dos ovos o elo mais frágil desta corrente é exatamente o hospital. Porque médico nenhum vai, digamos, passar fome porque deixou de receber seus R$ 1,5 mil R$ 2 mil naquele mês, quantia irrisória que num dia só de consultório pode até ser triplicada. Mas, reiteramos: direito é direito. Embora um pouco de altruismo – ou, se preferirem, ato de reconhecimento – nunca fez mal a ninguém. E até seria fácil absorvermos a ‘teoria da conspiração’ como mote principal deste movimento dos médicos, não fosse a diversidade de nomes e correntes envolvidos. Não necessariamente políticas, mas de tendências. E obter consenso político em meio a este amálgama não seria nada fácil. Pelo contrário, seria quase impossível. Portanto, prefiro acreditar que o ‘leitmotiv’ da categoria seja mesmo aquele que une ou desune a todos, dependendo das circunstâncias: dinheiro.
DE ONDE VIRÁ?
Dinheiro este que terá que sair de algum lugar, porque sem ele, os médicos não voltam à ‘lida’. Ficar sem especialistas a Santa Casa não pode. Então, se houver mesmo a necessidade de uma intervenção, de onde virá o tal interventor? Das hostes da Justiça de nada adiantará, pois quem porá o necessário para resolver a pendenga? A Justiça não tem dinheiro nem para pagar um ‘limpador de quintal’, quanto mais para um compromisso desta monta, que nem é de sua alçada. Que cidadão comum ou representativo de alguma instituição ou entidade poderia assumir esta incumbência, se o cerne da questão é a falta de dinheiro? Algum médico destemido assumiria esta ‘bucha’ em nome dos colegas? Sendo assim, só resta a seguinte alternativa: o interventor viria das hostes do Poder Público. Porque é dali, e só dali, nas atuais circunstâncias, que poderia sair tal montante. E supondo que a autoridade de plantão – embora negando inteiramente seu discurso de campanha – não queira tornar fácil a vida da diretoria daquele hospital, pode aceitar de bom grado assumir as rédeas desta carruagem que andava desembestada, foi colocada no prumo e agora segue seu caminho, embora sobre as pedras nele existentes.
AMIGOS, AMIGOS
Sendo assim, presume o blog, o dinheiro viria à farta. seria mais um polo a ser trabalhado politicamente pelos poderosos de plantão, que de resto adoram os holofotes. Agora, se alguém voltar a insistir na ‘teoria da conspiração’ até dá para raciocinar um pouco neste sentido. Porque descendo para o âmbito político propriamente dito da coisa, dá para vislumbrar sim, algo de ‘podre’ sob os escombros da boa palavra, da boa intenção, das promessas que se faziam com ares de compromissos. Mas, a calma nesta hora é necessária. Pelo menos até o final da semana. dependendo do que se resolver, e da maneira como se resolver, já se poderá saber com segurança qual das vertentes de opinião está certa. E, havendo, de fato, uma ‘conspiração’, de onde ela vem. E, principalmente, a quem ela servirá.
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