O EX-PREFEITO, AGORA SECRETÁRIO DE AGRICULTURA

O EX-PREFEITO, AGORA SECRETÁRIO DE AGRICULTURA

Amigos do blog, ontem postei aqui alguns comentários sobre a cerimônia de posse do ex-prefeito Rizzatti como secretário municipal de Agricultura. De passagem, devido à presença no evento do ex-deputado estadual olimpiense Fernando Cunha, lembrei alguns episódios políticos locais, entre eles o ‘imbróglio’ do prédio da CEAGESP, onde hoje está a Italcabos. Falei de uma ação na Justiça para reavê-lo, movida pela Companhia. Coisa de milhões. Depois de lerem mais alguns detalhes sobre a festança política de sábado à tarde, os amigos poderão ter a informação mais detalhada sobre o prédio em questão, que tem tudo a ver com Rizzatti e Fernando Cunha. Geninho, então um jovenzinho, mal começava a caminhar na política, ainda não tinha um histórico.

PELA FESTA?
Primeiramente avalio que em trecho do relise enviado à imprensa pela assessoria de comunicação do prefeito Geninho (DEM), a impressão que passa é a de que o ex-prefeito teria aceitado o cargo mediante a promessa do prefeito fazer uma cerimônia recheada de autoridades e com toda a pompa. Se não, vejamos: “(…) O motivo desse acolhimento foi para cumprir a promessa de Geninho de oferecer ao seu novo secretário municipal as honras por ter aceito a pasta da Agricultura (…)”. Só por causa disso?

ELE SEMPRE DIZ ISSO
Por sua vez, o ex-prefeito mantém-se fiel ao seu discurso político de muitos anos. Ele é sempre “um soldado”, e seu “comandante” é quem está no poder, ou os membros do seu partido (PSDB), quando se trata de escolhas de nomes. E na festa da posse, não foi diferente. Ele disse: “Eu sou um soldado. O meu comandante é você, prefeito Geninho. Tenho experiência para compartilhar. Mas, tenho muito o que aprender. Admiro a sua jovem impetuosidade de querer resultados quase que imediatos, o que muitas vezes é impossível. Leva horas, dias e até anos, mas você é teimoso e não para de perseguir seus sonhos. Você fez muito mais em 11 meses do que o seu antecessor em oito anos. Quanto ao deputado Rodrigo Garcia, se antes não pudemos caminhar juntos por questões partidárias, tenha a certeza de que agora vamos estar lado a lado, em busca de recursos para Olímpia”. O relise diz que ele até se emocionou.

ADENDUM
quanto a estar “lado a lado” com Garcia, diz-se, por aí, que apoiar Garcia é uma exigência do prefeito a todos os seus secretários e funcionários graduados (e, logicamente, comissionados). E teria sido o ‘enrosco’ que atravancava o acerto com Rizzatti.

FERNANDO CUNHA
O ex-deputado (já adiantei aqui ontem e até com muitos detalhes de bastidores – e tenho muito mais ainda para contar, aguardem historietas sobre as assessorias de Cunha, por exemplo), presente qual figura ilustre na festa política, foi o primeiro a discursar em homenagem a Zé Rizzatti. Como já disse ontem, ambos trabalharam juntos, no passado, como deputado e prefeito. Disse ele: “Fiz questão de vir à sua cerimônia de posse porque o considero muito, sei de seu potencial, e vejo que Geninho está no caminho certo, ao lado de homens certos”.

CRIADA PELA OPOSIÇÃO?
Asessoria de imprensa do prefeito Geninho, quando quer extrapola seus limites. Ao invés de simplesmente informar, parte para o ataque, o revide, tenta desqualificar discussões legítimas e democráticas de toda a população. Como quando, por exemplo, diz que o ex-deputado, em seu discurso, “aproveitou para comentar uma ‘polêmica’ criada pela oposição: a não exigência do nível superior para o cargo de secretário da Agricultura para poder convidar o ex-prefeito tucano. Simples assim. Sem mais aquela. Valha-me Deus! Mas, vamos às falas seguintes de Cunha.

ELE TAMBÉM FEZ
Disse o ex-deputado: “Quando fui presidente da CESP, convidei para chefiar uma unidade um funcionário que não tinha diploma de curso superior e, na época, eu fui muito criticado. Pois a sua unidade foi a que mais se desenvolveu e, assim, pude demonstrar aos críticos de que eles estavam errados e eu certo. No caso de Rizzatti, sei de sua capacidade empreendedora, inclusive em favor do campo. Acredito nele e sei que a cidade acaba de ganhar um grande secretário, um homem íntegro, competente e que tem história nesta cidade.”

ASSIM FALOU GENINHO
Ele começou reafirmando sua “total confiança” em Rizzatti, segundo o relise, e depois disse: “O Zé ter aceito o convite para ser o primeiro secretário da Agricultura da história de Olímpia, me deixa emocionado, contente e com a plena certeza de que ele vai desempenhar a função com muito dinamismo e trabalho. Não existe, para mim, no momento, um nome que se encaixe tão perfeitamente nesta Pasta, que não o Zé. Ele é experiente, conhece a Agricultura, e acima de tudo, caminhou ao meu lado durante toda a campanha e foi um conselheiro nestes primeiros meses de governo (Foi, mesmo?). Estou satisfeito com esta nomeação e sei que os pequenos produtores serão o foco do trabalho do nosso novo secretário”. E la nave vá! 

SOBRE A ITALCABOS
Para o amigo entender o que aconteceu em torno do prédio da CEAGESP onde hoje está a Italcabos, leia agora os detalhes. Em 2007, a empresa cobrava cobrava R$3,7 milhões, na verdade não só por este prédio, como também por aquele onde funcionava a chamada ‘fábrica de gelo’. Aquele era o valor que a estatal estimava para os prédios desapropriados na gestão do ex-prefeito Zé Rizzatti, na sua segunda gestão (1997/2000). Um dos imóveis está às margens da vicinal Wilquem Manoel Neves (Italcabos), e o outro, conhecido como “prédio da Ceasa”, está localizado na Avenida Governador Dr. Adhemar Pereira de Barros, e funcionou, por muitos anos, como entreposto de pescados e, por último, como “fábrica de gelo”.

QUANDO FOI
A cobrança foi feita por um diretor regional da estatal ao então prefeito Carneiro (PMDB), em reunião no Gabinete, em 2007. A Ceagesp pediu R$3 milhões pelo prédio da Italcabos, e outros R$700 mil pela “fábrica de gelo”. Carneiro disse à época ter feito uma contraproposta ao diretor, sugerindo que a avaliação fosse feita por valores da época da desapropriação, há cerca de dez anos atrás (hoje a cerca de 12 anos), o que poderia “derrubar” os valores para um montante que os cofres públicos suportassem. Carneiro ainda teria proposto pagar os valores de forma parcelada. O diretor que veio fazer a cobrança disse que não tinha autonomia para decidir sobre a proposta, e a levou para análise de seus superiores, e traria a resposta “nos próximos dias”. Depois, sabe-se que o caso virou ação na Justiça, onde está, “devagar, quase parando”.

ABANDONO
E bom que se diga, o prédio da Ceagesp esteve desativado durante muitos anos, até que surgiu a proposta da instalação ali de uma empresa metalúrgica, a Italcabos, que numa primeira fase gerou cerca de 80 empregos. O local foi todo remodelado e dotado da infra-estrutura necessária para acomodar maquinários de grosso calibre. Posteriormente o prédio foi ampliado, dobrando sua capacidade operacional e número de máquinas. O imóvel não foi exatamente desapropriado, ele foi comprado da estatal, em 1997, mas o município não honrou os pagamentos. A mesma coisa aconteceu com o “prédio da Ceasa”, que há muitos anos atrás foi um entreposto de pescados, depois apenas “fábrica de gêlo” e atualmente encontra-se desativado.