Amigos do blog, já não é de hoje que coisas deste gênero vêm acontecendo. E, inclusive, já postei aqui talvez dois ou mais comentários sobre esta mania que o jornalista Antonio Arantes ‘adquiriu’ de malhar nosso trabalho enquanto radialistas, colocando-se, sempre, no quesito jornalismo, acima dos simples mortais.

Mesmo entendendo que a pessoa em questão é uma contradição em si mesma, quanto a seus pensamentos acerca da liberdade de imprensa, democracia, direito à opinião e crítica, e abertura de canais de comunicação para a legítima voz popular, etc. Mas, irrita ler tantas e tamanhas falácias, continuadamente.

A última façanha do ‘nobre’ colega está publicada na edição de sábado (1º/08) do seu jornal, a ‘Folha da Região’, num local nem tão apropriado assim para se manifestar opiniões pessoais, eis que o espaço Editorial de uma publicação jamais pode ser confundido com espaço para inserção de textos que mais se parecem artiguinhos de fundo de página.

A ‘pérola’ de editorial, desta vez foi batizada de ‘O brasileiro não desiste nunca’. Nada mais emblemático. Talvez na sua concepção, ao invés de uma frase afirmativa, melhor caberia uma frase inconformista, para a qual só faltou um ponto de exclamação ao final. Melhor até se acompanhado por uma interrogação: ‘O brasileiro não desiste nunca?!

O ‘Conselho Editorial’ que assina embaixo do título deve ser formado por ele mesmo frente ao espelho ou aos espelhos, para melhor refletir sua multifacetada imagem. E assim, dele para ele mesmo, vão e vêm as opiniões e os pontos de vista, os prós e os contras, chegando à decisão final.

Este ‘cavaleiro armado’ da intolerância ainda não digeriu muito bem, parece, as duas derrotas sofridas no pleito eleitoral do ano passado. A primeira nas urnas, e a segunda na Justiça Eleitoral. A das urnas foi por uma série de circunstâncias. A da Justiça talvez tenha sido em função do entendimento de que “censura já era”.

O ‘nobre’ articulista diz, a certa altura de seu epíteto redatorial que “(…) Na visão da maioria, e até da justiça local, a coisa passou muito dos limites impostos pela ética e pela decência”. Não é bem assim. Tanto que a justiça local não acatou sua ação, obrigando-o a recorrer a São Paulo.

A juíza, a mesma que puniu severamente a nossa emissora, talvez por força do calor do embate, rechaçou de pronto sua tentativa de tornar realidade seus sonhos adormecidos de fascista tardio. Até sábado, sinceramente, não sabia o que pensar sobre a decisão do TRE.

Agora, depois das maltraçadas linhas da ‘Folha da Região’, já sei: venceu a liberdade de expressão. Vencemos nós, pensadores livres. Venceu, aí sim, o povo, que não terá seus direitos à livre manifestação de idéias, pensamentos, e opiniões cerceados por fascistóides solitários.

Quanto ao recurso rechaçado, Arantes analisa, a certa altura: “(…) teve negado provimento, o que significa, que o que está claro para toda a população, não foi entendido como conduta passível de pena (…)”. Ou seja, vê-se, muito bem, nas palavras colocadas, que tratam-se de mera opinião do autor do texto.

Quanto à primeira frase, a que população será que ele se refere? Àquela assistida todos os dias por um canal legítimo de comunicação, e desassistida com a mesma frequência pelo poder público, cheia de angústias e problemas cotidianos, ou àquela população sobre a qual ele acha que exerce influência, ou seja, a que destila preconceito contra tudo o que ‘cheira’ a povo?

E a “conduta passível de pena”, então? Um primor do pensamento fascista. Alto lá, companheiro! Quem decidiu que há pena passível a quem se pauta pela defesa do direito individual e/ou coletivo? Você mesmo, frente a seu jogo de espelhos? Ai, que saudades do ‘pau-de-arara’, nénão?

E agora, amigos, um exemplo típico de ‘pensamento torto’: Ele, o editorialista, praticamente endossa a postura enviesada e cínica da Rádio Difusora, que por ter sido seu proprietário preterido em alguns contratos de fornecimento de som para o município, “tem revelado sujeiras, se verdadeiras, vergonhosas dos bastidores do poder”.

E apenas diz isso, assim, sem julgamento de valor, sem descer a detalhes. Apesar de frisar que tais “denúncias” teriam sido feitas por causa de interesses contrariados. Aliás, as mesmas que fizemos, por querermos as coisas transparentes, sem nenhum viés revanchista. Mas, o crime é nosso. E não de quem o comete. Salve o homem-paradoxo!

Mas, esperem um pouco! O juízo de valor vem logo a seguir! Porque, para ele, a população, ao reclamar na emissora de rádio, o faz “a título de estar indignada” (merece o negrito). Ou seja, na sua concepção, o povo finge que está indignado com o seu governante.

Já que é mentira o aumento escorchante, quase confiscatório, da taxa de lixo, redundando em rebustecimento do valor do IPTU; é mentira o atendimento médico sofrivel ainda, a falta de medicamentos, a truculência no corte do fornecimento de água, a falta de decoro e transparência, as suspeitas de favorecimentos a parentes, funcionários ou não etc. Então, o povo que pare de representar indignação, certo?

Nojo dá quando um veículo de comunicação parte para o pessoal. Invade as quatro paredes, a intimidade de quem, lá dentro, é cidadão, pai de família, ou mesmo filho, irmão, marido, mãe. E não agente público. Este que nem pode, aliás, ser responsabilizado por atos que parentes diretos ou indiretos venham a cometer em sua vida particular, onde que que esteja. Isso é nojento e asqueroso. Doentio, até.

Mais adiante, diz o ‘confortável’ editorialista: “Se tudo que as duas emissoras tem colocado no ar como verdades indiscutíveis, estiverem ocorrendo neste governo, ou no governo que passou, é hora de repensar o mundo”. Não, não é hora de repensar o mundo, ainda!

É hora de repensar o seu jornalismo acomodado, que não o faz sair da cadeira para buscar saber se é ou não verdade o que as emissoras colocam no ar! Que tal mudar seu papel de mero espectador e crítico político e social? Até porque, muito do que as emissoras tem colocado no ar, tem servido também para ancher as páginas do seu semanário.

E misturar democracia, povo e barbárie também é próprio dos pensadores fascistas. E no texto, lá está a ‘mistura fina’. Para o articulista, “se democracia é atender o desejo da maioria, se a maioria se revela sendo o que é (o quê, cara-pálida?), poucos se assustam ou se envergonham desta condição de quase barbárie“. Hu-lá-lá!!

E sobra um ‘pito’ para a Justiça, que não entende de forma coerente o que é certo e errado. Caso contrário, “as diversas formas de cor­rupção e depravação total da sociedade não estariam por aí”. A corrupção do pensamento também está incluída?

Mas, vamos fazer coro ao otimismo inabalável que ele atribui aos brasileiros “que crêem, românticos, quixotescos” (nas instituições, talvez?. Ele não diz). Embora sobre uma sensação danada de que ele, neste trecho, fala de si mesmo, Quixote frente ao espelho.