Amigos do blog, quanta turbulência! Muita gente pode estar pensando que nós, aqui neste espaço, estamos por fazer o elogio da loucura, do quanto pior melhor, das intempéries políticas. Mas, não. Estamos, na verdade, apreensivos. Com o que está se sucedendo e, mais ainda, com o que pode advir de tudo isso.
Não se pode apenas fazer ar blasèe, um leve muchoco e sentenciar: “Eu já sabia”. Seria injusto com nossos conterrâneos. A comunidade olimpiense não merece isso. Não merece ser sacudida a cada governo novo que tem. Não merece ter sua vida cotidiana abalada, seu estado emocional perturbado.
Não merece ser psicologicamente afetada por atos, no mínimo, irresponsáveis, de quem deveria dar o exemplo de correção, transparência e probidade. E o pior é que o político brasileiro não tem por hábito reconhecer seus erros ou pelo menos, de forma segura e cristalina, tranquilizar o cidadão pagador de impostos, quanto à lisura daquilo que está sob suspeita de ilicitude.
Muitos preferem o contra-ataque. A ofensa pessoal. Preferem tentar desqualificar a denúncia feita, as suspeitas manifestadas, e até acabam por desferir golpes pessoais contra quem lhes cobra respeito com a coisa pública. Eis que cada ente político é eleito para o cargo pelo povo, que lhe outorga o direito de cuidar do que é seu.
Em suma, o povo lhes concede por ‘empréstimo’ a cadeira na Câmara Municipal ou Federal, as cadeiras nos gabinetes das prefeituras ou das sedes de governos de outras instâncias. Em última análise não seria isso? Não é o povo que coloca ali quem ele julga merecedor?
Mas, quando a escolha não é bem feita, ou não agrada uma maioria, não é lícito dizer, no entanto, que este mesmo povo ‘tem o governo que merece’. O Brasil é um país em que a democracia não é plenamente exercida – e não me venham, por favor, com os velhos discursos!
Com o nome de democracia, o que se pratica neste país, em verdade, é algo muito mais parecido com a chamada teocracia. Num aspecto, porque os nossos eleitos se postam como emanações da Divindade. Se colocam acima dos simples mortais, como se fora uma casta intocável.
E porque se comportam como se fossem membros de uma escola de benfeitores, ou praticantes de uma seita ou sistema em que se consideram consagrados ou invioláveis. Então, onde a democracia? Ela só serve como pano de fundo, e é usada como tal, por homens nem sempre probos, quando querem alcançar seus objetivos.
A democracia do voto. Pura e tão somente.
Porque depois, a nossa democracia não é mais a democracia deles. Nosso ângulo de visão quanto às coisas públicas, não é mais o mesmo ângulo de visão deles. O povo só lhes é útil enquanto eles também são ‘povo’. Mas, uma vez alçado à condição de ocupante de cargo político, à teocracia se convertem. Por motivos óbvios.
O que temos visto em Olímpia nestes últimos tempos é revelador disso. Agentes políticos agindo como se nada mais lhes importasse. Como se a opinião pública fosse apenas…opinião pública. Lançam mão do que é público, como se privado fosse. E não se conformam quando lhes cobram explicações.
Inventam, reinventam argumentos, como se a inteligência pública fosse nada. Como se ninguém conseguisse raciocinar por si, e assim ter que engolir qualquer desculpa. Por mais esfarrapada que ela seja. Como essa agora de que os funcionários comissionados da prefeitura estavam afastados do Clube 25.
Fundaram o clube em novembro, registraram em maio e em seguida se afastaram? Não falta lógica nesta desculpa? Para não dizer que o que falta é a verdade? E, se de fato eles se afastaram do Clube 25 àquela época, não seria porque viram a irregularidade que cometiam?
E se assim fosse, não seria o caso então, percebida a c..gada, de se desligarem do Clube e serem substituídos por outros amigos? Na melhor das hipóteses, onde está o termo de afastamento do Clube assinado por eles e pelo presidente, além da lavratura em cartório?
(Notem que é Clube 25 e não Clube dos 25, o que mais fortemente caracterizaria o uso de dinheiro público em propaganda político-partidária, o que nestes termos a lei veda)
Além dessa absurda versão, agora os integrantes do Clube 25 andam dizendo que no ano que vem não haverá mais a festa. Ou seja, o Olímpia Rodeo Festival não terá uma segunda edição (a Stamped teve pelo menos duas edições).
Por causa do barulho feito em seu entorno. Mas, não é uma decisão muito apressada, esta? Como se quisessem, já de antemão, se esquivarem de maiores responsabilidades? Não seria uma confissão de culpa?
Enfim, ainda que a Justiça entenda não ter havido as irregularidades denunciadas, e mande arquivar tudo, não entenda o prefeito que estará absolvido em sua moral de homem público. Ou que sua imagem política estará restabelecida. Ou que se equivocaram aqueles que levantaram suas vozes.
Porque a Justiça julga conforme sua vã filosofia.
Não se ufane, pois, o alcaide, em prevalecendo esta possibilidade aventada aqui, porque permanecerá na cena urbana o julgamento público. O julgamento implacável de quem paga seus impostos em dia, ainda que aos trancos e barrancos.
E este povo já o condenou. Muito menos pelo que se suspeita serem irregularidades, mas muito mais pelo que há de imoral nisso tudo.
Comentários fechados.