Amigos do blog, interessante acompanhar as discussões em torno da decisão do STF desobrigando as empresas jornalísticas de exigir formação específica na área para contratar funcionários. Em outras palavras, as discussões em torno do fim da exigência de diploma para o exercício da profissão de jornalista.

Uns ‘espumam’ daqui, outros esbravejam dali, outros defendem daqui, outros comemoram dali e assim seguem as discussões, quase sempre recheadas de opiniões vazias de conteúdo, sem conexação com a lógica, ou que não fazem o menor sentido. Retrato fiel, aliás, de como se conduz o trabalho jornalístico no país, hoje em dia.

O fim da exigência do diploma para o exercício da profissão de jornalista dividiu as opiniões no mundo acadêmico. Professores e alunos disseram temer que a decisão tomada quarta-feira, 17, pelos ministros do Supremo Tribunal Federal enfraqueça a classe. Outros acreditam que o mercado de trabalho permanecerá o mesmo.

Há estudantes que ficaram desanimados, achando que a decisão pode fechar portas. Outros temem pelo enfraquecimento da classe (alguma vez ela foi forte, enquanto classe?). A crítica de alguns é por verem maiores dificuldades para a regulamentação da profissão.

Outros lembram que muita coisa se aprende na faculdade, como estudos em Sociologia e Psicologia. E não veem como alguém pode escrever sem essa base. Falam que a decisão não deverá melhorar a qualidade do jornalismo. E defendem que é importante o profissional ter noção da teoria, que só se adquire na faculdade.

O presidente do STF, Gilmar Mendes (de quem não aprecio a conduta), por sua vez, afirmou que, a seu ver, “o fato de um jornalista ser graduado não significa mais qualidade na área”. E que “a formação específica em cursos de jornalismo não é meio idôneo para evitar eventuais riscos à coletividade ou danos a terceiros”. Concordo.

E aí entramos no terreno dos que acham a decisão positiva. Por exemplo, aqueles que entendem não ser necessário a faculdade para saber como apurar uma notícia. E, felizmente, a turma que, apesar de o diploma não ser mais necessário, não pensa em desistir da formação superior.

E há ainda os defensores da reserva de mercado, seja profissional da área, ou aquele que ensina a profissão. Como professores de jornalismo, preocupados, já, com a questão salarial – talvez o fim do diploma seja uma maneira de baixar os salários da categoria (O amigo já leu manifestação mais esdrúxula?).

Aí, de repente, nos deparamos com uma opinião sensata e bem focada: a da diretora do Centro de Comunicação e Letras do Mackenzie, Esmeralda Rizzo. Ela ressaltou a importância do diploma, independentemente se ele é ou não obrigatório, dizendo: “A oferta de trabalho será muito grande, e ela será avaliada”. “O diploma será um diferencial”. Matou a pau.

Resumo da ópera: Só o mau jornalista, aquele mal formado, que frequentou faculdade de fundo de quintal, que não tem aptidão para o ofício, ou que mais ‘brahmou’ do que estudou, tem medo dos sem-diploma. O resto é chorar o leite derramado, o legítimo ‘jus esperneandi’.