Amigos do blog, hoje vou contar aqui uma breve história, e com ela espero poder colocá-los no cerne de uma questão que parece banal, mas se reveste de uma trágica perspectiva, ainda que não afete no aspecto prático físico nossos concidadãos. Mas, com certeza, incomoda, e muito, àqueles que analisam fatos e seus agentes.
Olímpia – ao contrário da cidade grega, considerada local sagrado, onde tudo era magnânimo – caminha para ser cópia malfeita não desta, mas de outras localidades nem gregas, mas romanas, onde a filosofia máxima dos poderosos era o “pão e circo” como forma de alienação das massas, da plebe, enquanto o governo, no mais das vezes, se locupletava (Vá lá, às vezes implantava reformas “doloridas!”).
Os romanos explicavam a origem de sua cidade através do mito de Rômulo e Remo. Segundo a mitologia romana, os gêmeos foram jogados no rio Tibre, na Itália. Resgatados por uma loba, que os amamentou, foram criados posteriormente por um casal de pastores. Adultos, retornam à cidade natal de Alba Longa e ganham terras para fundar uma nova cidade que seria Roma.
Não há termos de comparação com nossa cidade, a bem dizer, porque ela não teve mito, não teve gêmeos, não teve lobas. Só teve rio, o Olhos D´Água. E ninguém foi atirado nele para ser resgatado e assim dar início ao ciclo de nossa história. E ela começou assim, como que do nada, resultado das ações de senhores fazendeiros abnegados.
Mas, voltando à Roma antiga, com o crescimento urbano vieram também os problemas sociais. A escravidão gerou muito desemprego na zona rural, pois muitos camponeses perderam seus empregos. Esta massa de desempregados migrou para as cidades romanas em busca do que fazer e melhores condições de vida.
Receoso de que pudesse acontecer alguma revolta de desempregados, o imperador criou a política do “pão e circo”. Esta consistia em oferecer aos romanos alimentação e diversão. Quase todos os dias ocorriam lutas de gladiadores nos estádios (o mais famoso foi o Coliseu de Roma ), onde eram distribuídos alimentos.
Desta forma, a população carente acabava esquecendo os problemas da vida, diminuindo as chances de revolta. Para os espetáculos eram reservados aproximadamente 182 dias do ano – para um dia útil, um ou dois dias de feriado.
Por essa política, o Estado romano buscava promover os espetáculos como meio de manter os plebeus afastados da política e das questões sociais. Era, em suma, uma maneira de manipular a plebe e mantê-la distante das decisões governamentais. Os césares encarregavam-se ao mesmo tempo de alimentar o povo e de distraí-lo.
Pois bem, amigos, tratam-se as linhas acima apenas de mera ilustração de um tempo que passou e que já vai ao longe, embora tenha sido a “nascente” do chamado mundo civilizado, tal qual o vemos hoje. A polis mudou, os modos são outros, mas a relação do poder com o populacho só fez degringolar de lá para cá.
Essa massa incômoda, disforme e sem identidade certa, tira a paz do mandatário, lhe empana o brilho do poder – como bom seria o poder sem o povo!, hão de sonhar certos homens. Mas, como isso não é possível, os delírios de grandeza têm que ser exercidos assim mesmo.
E não há outra maneira de exercê-lo não sendo calando as vozes, desviando as atenções, fazendo barulho. Muito movimento. Não tendo os coliseus, usam os palcos. Sem gladiadores, lançam mão dos artistas. E o “pão e circo”, nessa formatação moderna, vira apenas uma analogia.
Como análogos são aqueles que estão acima das massas e os que rodeiam o poder. Os imperadores, reis e césares da atualidade. Aqueles para quem – trágica vaidade! – tudo se torna possível, tudo está ao alcance das mãos, e o que se quer, deve ser feito sem questionamentos – se houver, barulho neles!
Indisfarçados e cínicos, seguem os poderosos e seus áulicos botando suas gordas mãos em cumbuca. Abaixo do bem, acima do mal. Mas, que importância isso tem? Seus valores morais e éticos serão julgados às calendas – na acepção grega do termo. Talvez até riam aos borbotões caso se vejam nestes tortos pensamentos.
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