Amigos do blog, vivendo e aprendendo. Também, quem manda ficar achando que o povo é a voz de Deus, sempre? Às vezes ele escreve torto por linhas certas, ou escreve certo por linhas tortas. Deus, não o povo que, parece, anda com a escrita cada dia mais sofrível.

É tamanho o nonsense que dá para desconfiar até, que nosso Grande Pai anda mesmo é escrevendo torto por linhas tortas (com o perdão pela heresia). Se não, vejamos:

Matéria publicada no jornal ‘Folha da Região’, de Olímpia, sábado passado, 9, diz que 83% afirmam que Geninho conseguiu fazer alguma coisa em 4 meses, segundo enquete realizada junto à população pela reportagem do semanário. Para endireitar as linhas, esclarecemos que os “83%” são a fração maior de doze pessoas ouvidas pela enquete.

O jornal também publicou que Cerca de 72% dos internautas viram realizações em quatro meses. Endireitando as linhas mais uma vez, estes “72%” cantados em verso e prosa são de pouco mais de 210 votos ‘clicados’ no site do jornal (www.ifolha.com.br). Reparem que eu disse votos, e não votantes!

Sabemos eu, vocês e todo mundo, que uma enquete não tem valor científico, nem uma pesquisa via internet o tem. A enquete, por ouvir um número mínimo de pessoas, que externam sua opinião de momento, e pela internet porque o número apurado nunca representa o total de votantes (o internauta pode votar três, quatro vezes seguidas na mesma enquete).

Portanto, o jornal trabalhou sobre o nada, o vazio, a não-informação para talvez tentar reverter o clima de absoluta tensão e desconfiança que paira na cidade em torno das ações do atual Governo Municipal. Clima este que ele mesmo não faz o menor esforço para amainar.

E, desta forma, o jornal, com tal publicação – que o Governo Municipal não perdeu tempo em repercutir -, vem contribuir para este estado de inconformismo… quase generalizado – afinal estão aí as enquetes para não nos deixarem generalizar!

Há quem diga que parte da mídia – e este blog incluído – estaria “judiando” muito do prefeito Geninho Zuliani (DEM), ao falar e falar do que seriam suas mazelas. Outros dizem que pior é o outro lado da mídia, que se traveste de “imparcial” mas joga com a própria credibilidade que julga ter, ou simplesmente faz a defesa sem meias-caras do Executivo.

As duas posturas antagônicas de mídia – a que “judia” e a que faz a defesa por inteiro – estão sendo verdadeiras, opinam alguns. A primeira, por focar sua atenção naquilo que julga ser do interesse maior da comunidade à qual presta serviços, e a segunda por focar sua atenção naquilo que sabe ser do interesse do poder, que por sua vez julga ser do interesse da massa.

Ou seja, enquanto o primeiro vem de baixo para cima, o segundo faz o caminho inverso. Bom é o que emana do poder e em seu favor é destrinchado para o povo. Como se joga milho aos pombos. Que bicam sofregamente o chão à cata dos grãos, ou bate asas intermitentemente à volta de quem os tem nas mãos.

Ruim, o verdadeiro inferno, portanto, é o que vem lá de baixo. Do povo. Os reclamos, as cobranças. As críticas. Ruim, o inferno, é não ser surdo o bastante para não ouvir a chamada ‘voz rouca das ruas’. Aquela que está sempre a lembrar que o poder não é só delícias. Que o poder é dor, também.

Então, melhor que o Governo Municipal buscar amparo nos tristes números que nada dizem, é botar seus pés no chão e buscar o amparo daqueles que o elegeram. Antes, buscar ampará-los, já que ele lá está por obra e graça daqueles que um dia acreditaram ter voz e vez. Imaginando que esta voz não tivesse que ficar rouca, e que a vez fosse agora.

A propósito, o amigo deve estar se perguntando: e a “midia do meio”? Pois bem, esta joga consigo mesma, numa situação de dualidade prejudicial a sí e a outrem. A sí, porque não se posiciona enquanto veículo prestador de serviços – melhor, não se define de que lado está – e aos outros porque sonega fatos, não apura boatos, releva informações e escamoteia textos. Em suma, não presta serviço.