Exército da nova revolução?

Exército da nova revolução?

Amigos do blog, no início desta semana postei aqui comentário sobre comentário feito a respeito da imprensa local – na qual me incluo com orgulho, pelo colega e ex-sócio José Antonio Arantes. O comentário não foi repercutido ou nem mesmo contestado ou avalizado (tola ilusão!) por ele, mas isso é o de menos.

Não me lembrava, na ocasião, que o jornal que ainda hoje ele dirige, e do qual, honradamente, sou um dos fundadores, a “Folha da Região”, completava neste dia 3 de abril, 29 anos de existência.

(Assim, registro aqui meus sinceros cumprimentos a todos nós, mas mantenho minhas restrições, opiniões e convicções tiradas ao longo destes anos todos, e que foram reforçadas na leitura deste sábado do editorial, da coluna do próprio Arantes e do texto alusivo à efeméride).

Mas, o propósito desta postagem é trazer para os amigos algumas colocações feitas pelo respeitadíssimo jornalista paulistano Francisco Viana, intitulado “O Jornal e a Segunda Natureza”, por ter visto ali o mesmo contexto do que defendi, claro com um conteúdo mais humilde e simplório, quanto à função da imprensa e o exercício do jornalismo.

Começa Viana dizendo: “A imprensa vive um paradoxo. Nunca foi tão vulnerável. Em todo o mundo, os jornais estão demitindo, reduzindo tiragens e sendo alvo de duras e repetidas críticas. Principalmente, porque repetem o que a internet, a televisão e o rádio divulgam em primeira mão, porque abandonaram as grandes reportagens, porque cedem à tentação do espetáculo e, também, porque deixaram de lado ou fazem com pouca propriedade a análise dos fatos” (forte, não?).

Depois, diz na seqüência: “Na essência, a imprensa teria cedido aos ditames do mercado. Por outro lado, o que a mídia noticia geralmente tem forte impacto e mobiliza a sociedade. Sob esse aspecto, não seria exagero dizer que se cumpriu um dos mais antigos sonhos dos revolucionários franceses de 1789: a educação das grandes massas” (lembram que falei sobre educar para a indignação?).

Aqui, mais próximo ainda do que disse: “Entre um extremo e outro a dura realidade: os jornais precisam se renovar e retomar o caminho da crítica, da interpretação, da formação não mais da opinião, mas do saber público (…) [itálicos meus].

Em seguida às suas reflexões, Viana “passa a bola” em seu blog para o professor Antonio José Romera Valverde, de Filosofia da PUC de São Paulo, “que escreve com leveza e elegância – e, claro, profundidade – sobre esse fascinante tema que é a leitura dos jornais”.

Mas, de seu elegante e profundo artigo, intitulado “A segunda natureza”, onde faz um relato de fato poético sobre o prazer da leitura dos jornais, vou me ater apenas ao que o renomado professor pensa sobre jornais e jornalismo.

Modestamente, o contexto é o que defendi naquela postagem da semana passada (ver “Para quê (ou a quem) serve a mídia afinal?”, do dia 30 de março). Se não, vejamos.

“(…) A continuar valendo a assertiva ‘a leitura de jornais é a oração matinal do cidadão’, ou o que o valha, falta hoje um jornalismo mais investigativo e analítico, e menos informativo pela metade (…). Faz-se necessária a volta do jornalista independente e pluralista, a pensar maiúsculo. Já esgotou a fórmula esquizóide de escrever para os iguais, para os pares, para os corporativismos, seja lá que corporativismos forem (…)” (UAU! BINGO!).

“(…) não está em curso o fim da missão do jornalista de expressar-se com independência e acuidade acerca do que investiga e do que pensa. E na ausência de instituições políticas, que explicitem os conflitos sociais, a grande imprensa e a pequena imprensa devem assumir este papel, imparcialmente, com vistas a um horizonte de negação da ordem social dada (…)”. Amém.