Neide Gomes (Comissão Paulista de Folclore) e Toninho Macedo (Abaçai Cultura e Arte), principais mentores do Fefol-raiz

Neide Gomes (Comissão Paulista de Folclore) e Toninho Macedo (Abaçai Cultura e Arte), principais mentores do Fefol-raiz

Bom, amigos, fecham-se as cortinas dos primeiros 30 dias da administração Geninho Zuliani. Um balanço? Fisicamente, impossível. Empiricamente, talvez, já que até agora a cidade e seu povo viram e ouviram apenas um rol de boas vontades e intenções – ainda.

E boa vontade e intenções há muitas, sem sombra de dúvidas. E não há que se criticar tal coisa, uma vez que é começo de Governo, só 30 dias se passaram e tudo ainda está em fase de formatação. Mas, a inquietação, a expectativa exarcerbada, a ânsia por realizações quem impingiu aos corações e mentes olimpienses foi o próprio prefeito.

Afinal, foi ele quem anunciou aos quatro ventos mudanças radicais em setores críticos, estratégicos e sensíveis. Partindo daí, é licita a cobrança ou a impaciência de tantos quantos esperam mudanças, afinal, 30 dias já se foram, restam apenas outros 60 – dos 90 prometidos, nos quais “muitas coisas aconteceriam”.

Continuo convicto de que o prefeito Geninho mantém-se, ainda, fiel ao estilo factóide, bombástico, propagandista, atitudes até ‘naturais’ em políticos inatos como ele. Mas, seu estilo agora parece buscar um aprofundamento. Ou, pelo menos, uma maior amplitude, a mexer não só com o imaginário popular mas, também, a atiçar o senso comum.

Neste âmbito entraria o conceito do refazer a imagem, do método da descontrução como forma oblíqua de se fazer presente. Desconstroi-se o que já está formatado, reformula-se tudo, vende-se como produto novo, inovado, melhor acabado.

Não vai aqui nenhuma crítica velada ao Executivo – antes que as “milicias” arrepiem – mas apenas uma constatação e inquietação manifestas. Do direito democrático, aliás.

Mas, reparem os amigos que as pretensões cresceram, se agigantaram, e projetos correntes, incorporados ao dia-a-dia da cidade e seus munícipes, e outros mais ou menos correntes, estão sendo desconstruídos, para dar lugar a outros, no mesmo universo, porém com novas (e desafiadoras) formatações.

Se não, vejamos: o ‘resgate’ do Festival do Folclore – a volta ao começo, praticamente ao seu ‘berço’, melhor dizer nascedouro; o carnaval, mudando de lugar e de formato, cheio de pretensas inovações – embora só não tenha mudado num aspecto: o da falta de grana; e, mais crucial ainda, a estação de tratamento de esgoto, talvez o mais polêmico projeto já surgido em Olímpia nos úlltimos 30, 40 anos.

No primeiro exemplo, trata-se de desconstruir uma estrutura gigantesca erigida ao longo dos útimos anos – independentemente se certa ou errada -, para trazê-lo ao espaço menor (fisicamente falando) da autenticidade, das coisas mais naturais.

Isso implica em um novo olhar sobre o evento, em se adotar uma nova maneira de fazer a festa. Coragem, como já disse em post anterior, arrojo e determinação serão poucos para, ainda assim, obter o sucesso pelo que há de assência, num país onde cultura de raiz “é coisa pobre, de pobre e de preto”.

O segundo exemplo: carnaval, este vira-latas dos eventos locais. Nunca tem seu lugar garantido, seu dinheiro disponível, sua estrutura perenizada. Cada Governo, cada ano se diferencia, se modifica, porém nunca numa escala ascendente.

E, mais uma vez, lá vai ele, agora de volta à avenida, com propostas audaciosas, embora de pouca envergadura, já que começa do zero na tentativa de se fazer importante, mobilizador, despertar interesse, ser atrativo a crianças, jovens, adultos e anciãos. Somos reba diante de cidades menores, carnavalescamente falando. Neste caso, sejamos justos, o desconstrutivismo se faz presente como proposta de futuro.

E, por fim, o último exemplo. O esgoto. A estação de tratamento de. Tudo o que foi feito até agora, de nada valeu. Os recursos empregados, os estudos, os projetos, o aval dos organismos do Estado e da União, nada disso vale mais. Nem, tampouco, o tempo urgente para se resolver tão premente problema.

Uma nova área será escolhida, novos recursos terão que ser empregados, novos estudos serem feitos, projetos outros elaborados e mais correria na busca pelo aval do Estado e União. O começo do zero, do nada, a desconstrução primeiro, para se construir depois.

Para fechar este comentário, repito o título acima: tal método está respaldado por soluções seguras e garantidas? Será essa ideologia da desconstrução um risco calculado, ou meros atos passionais, no melhor estilo factóide da vez?

É preciso cobrar isso, porque depois as consequências serão graves e irreversíveis. E advirá um terreno fértil para germinar e proliferar velozmente o desalento.