O Fórum Social Mundial – que mobilizou milhões de pessoas contra George W. Bush – terá sua primeira edição desde que Barack Obama assumiu o poder nos Estados Unidos e promete transformá-lo no novo alvo de suas críticas.

A nova edição deste encontro do movimento contra a globalização será realizado na cidade de Belém entre os dias 27 de janeiro e 1 de fevereiro.

Como é tradicional, o evento começará com um grande marcha, que nesta ocasião promete reunir cerca de 120.000 pessoas, segundo cálculos do sociólogo brasileiro Cándido Grybowski, um dos membros do Comitê Internacional do Fórum Social Mundial.

Desde 2001, quando aconteceu a primeira edição do evento em Porto Alegre, as marchas de abertura foram marcadas pelo teor pacifista, que ficou mais evidente a partir de 2003, quando o Fórum Social aconteceu um pouco antes do início da Guerra do Iraque.

Este conflito aumentou as críticas do movimento ao então presidente dos EUA, George W. Bush, que chegou a ser tachado de “assassino”.

A chamada “guerra de Bush” provocou a maior manifestação global da história, convocada pelo Fórum Social para o dia 15 de março de 2003 e que fez com que 20 milhões de pessoas saíssem às ruas de 530 cidades do mundo para tentarem impedir o conflito que os EUA iniciaram no Iraque cinco dias depois.

Agora, após o fim da “era Bush”, a nova edição do Fórum Social Mundial coincidirá com a chegada ao poder de Barack Obama, mas também com o recrudescimento do conflito no Oriente Médio.

O prolongado silêncio do novo presidente dos EUA em relação à intensa ofensiva militar de Israel na Faixa de Gaza, que deixou mais de 1.300 mortes, levou às primeiras críticas contra Obama de importantes ativistas do movimento contra a globalização.

O escritor e ensaísta britânico de origem paquistanesa Tariq Ali afirmou que o silêncio de Obama demonstrou que “nada mudou nem mudará” nos EUA após as últimas eleições presidenciais.

“Washington, como sempre, culpará os palestinos favoráveis ao Hamas e, seja com Obama ou com Bush, sempre cantará com a mesma partitura”, declarou Ali em um recente artigo.

Muito mais ácido foi o ativista americano Joshua Frank, editor do portal “Dissident Voice”, uma das vozes do movimento contra a globalização na internet.

Frank afirmou que a postura do novo Governo dos EUA em relação ao Oriente Médio ficou clara no dia 26 de dezembro, quando “Obama, de férias no Havaí, assistia sorridente a um show de golfinhos com sua família enquanto um ataque aéreo israelense arrasava a empobrecida Faixa de Gaza matando 300 pessoas”.

Uma opinião similar foi apresentada pelo lingüista americano Noam Chomsky, um dos intelectuais mais proeminentes do movimento. Ele afirmou que Bush e Obama “compartilham a doutrina expansionista, segundo a qual os EUA têm o direito de invadir países quando considerarem oportuno”.

Estas críticas realizadas por alguns influentes intelectuais do movimento contra a globalização marcarão a tônica do Fórum Social Mundial, que entre suas milhares de atividades, oficinas e debates terá uma conferência pela paz na qual se anuncia a presença de Chomsky.

Além disso, ao evento de Belém prometem comparecer os presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, e da Bolívia, Evo Morales. EFE