Circulou na cidade hoje, reportagem publicada na revista Veja, onde o prefeito eleito Geninho Zuliani aparece em destaque, juntamente com outros dois prefeitos, dos 17 presentes em um seminário acontecido em Campos do Jordão no começo do mês passado (na foto ele, de camisa branca, ao lado de Abilio Diniz). Mas, enquanto os outros dois prefeitos destacados deram declarações positivistas e tendo em conta a preocupação de administrar bem para seu povo, Zuliani prefetiu espetar a Câmara Municipal e seus vereadores eleitos e reeleitos.
Novamente – a exemplo do que havia dito logo após sua eleição ao Diário da Região, de Rio Preto -, ele voltou a afirmar ter seis vereadores em sua base de sustentação na Casa de Leis. E como o seminário lhe “ensinou” a não negociar na base da barganha, disse que já nem ia mais atrás do sétimo vereador, para garantir os dois terços. Que iria isolá-lo.
Declaração feita no início de novembro, antes, portanto, da concretização da coalizão partidária, unindo PMDB, PT, PRB e PSB, que, tudo indica, irá assumir a Câmara a partir de 1º de janeiro – salvo suspresas de última hora. De qualquer forma, por duas vezes Zuliani colocou os integrantes do futuro Legislativo debaixo dos braços, ignorando as vontades, os desejos e a linha de pensamento de cada um deles.
Ou seja, colocou-se acima da capacidade de decisão de cada edil eleito ou reeleito, como que se os arrastasse por um cabresto. Tem-se que o prefeito eleito, ou quis, nas duas ocasiões, criar factóides políticos visando desestabilizar os eleitos pelas duas outras coligações, ou tinha informações seguras de bastidores que a coisa já estava “arranjada”.
Seja uma, seja outra situação, vê-se agora que ambas as estratégias revelaram-se um tiro no pé do futuro alcaide. Que errou ao buscar o factóide, se factóide o era, ou errou ao anunciar o “arranjo”, se “arranjado” de fato estava. Os experts no assunto dizem que na seara política, no mais das vezes, o silêncio é ouro puro.
Silêncio, aliás, que vem sendo praticado à exaustão onde não cabe. A nomeação do “staff” zulianista anda a passos de tartaruga e sob uma nuvem densa de não-informação. Até agora, só uma secretaria tem titular, e três assessorias. Nada mais. O prefeito eleito disse que até o dia 15, segunda-feira que vem, todos serão anunciados.
Oxalá isso de fato aconteça, porque assim acabará o desassossego que vem tomando conta da comunidade olimpiense, e cada dia que passa aumentando mais. Pois fica sempre no ar a dúvida: será que está dificil encontrar profissionais à altura?; será que não há profissionais dispostos a trabalhar numa administração Zuliani? Será que há de fato um vazio de nomes em seu redor?
Será, por fim, que Zuliani não teve a menor preocupação, quando se lançou candidato, de olhar atentamente para os que o cercava, já imaginando uma então possível vitória? Ou para ele, primeiro a vitória, depois o resto? Dificil imaginar que ele, tão escolado na política, tão largamente assessorado como foi por figurões, não tenha parado por um minuto para, em algum momento, informar-se a este respeito.
Ou para ele tanto fazia como tanto fez? De qualquer modo, cabe a ele, agora, encontrar respostas para estas indagações. Respostas que talvez estejam aguardando por ele junto a alguns correligionários, gente de peso em sua campanha, que deu a cara a tapa, e que tem orientações a dar, experiências a repartir, mas que não conseguem, simplesmente, falar com o eleito.
Pois é. Parece que teremos um Geninho para consumo externo, outro para consumo interno. Um lá, outro cá. Lá fora o factóide, cá dentro a realidade. Resta saber em qual dos dois universos ele melhor se sairá.
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