Por que a desconstrução da imagem do ex-prefeito Geninho (DEM) é tão importante para Fernando Cunha (PR)? O que se tem visto desde os primeiros dias do novo governo é uma preocupação constante em fazer circular, seja por meios oficiais, seja por meios oficiosos, notícias que de certa forma atingem o ex-alcaide naquilo que ele tem de mais visível, ou seja, o seu modus-operandi administrativo.

A qualquer sinal de irregularidade, mal-feito ou descuido, está lá na manchete do semanário que se tomou de simpatia pelo governo de turno, da forma mais escandalosa possível, sempre à frente ou ao final, o nome do ex-prefeito. Tudo, para o semanário -já que os textos oficiais não podem ser tão descarados-, “é culpa do Geninho”.

Basta ser o mais simples dos problemas, daqueles que o sucessor pode resolver, sem fazer alarde, sem se descabelar (aqui, como força de expressão). Exemplo gritante é o prédio da Sociedade de Socorros Mútuos. Antes, a Unidade de Pronto Atendimento “suja”, como sugeriu. Depois, a cidade cheia de mato, também os buracos em certos trechos da nossa urbe, passando por problemas no atendimento público em saúde (que é bom lembrar, persistem, se não tiver piorado), e as obras maiores, um capítulo à parte.

Geninho deixou para Cunha concluir, cada uma com suas circunstâncias, três obras de grande porte e de tamanha importância para a Estância Turística: uma estação de tratamento de esgoto à margem da SP-425, a revitalização de trecho de mais de 300 metros da Aurora Forti Neves e uma estação de captação e tratamento de água. Uma obra menor, de pequeno porte, contra inundação, no Jardim São Benedito. E uma escola semipronta no Morada Verde.

Adivinhem qual delas Cunha priorizou e já está em pleno andamento? Se respondeu nenhuma, acertou em cheio. Agora, respondam: de qual delas ele tem reclamado mais ter havido problemas na sua primeira etapa de construção? De todas é a resposta certa. Cada uma com uma dificuldade diferente, aponta o alcaide. E todas paradas já por mais de 100 dias.

Entendemos que compete a um administrador, administrar. Ou, conforme o pai dos burros, gerir, intender, controlar, tutelar, servir, superintender, gerenciar, reger, governar, dirigir, comandar, conduzir.

A Administração (no português brasileiro) ou Gestão (do português europeu) é a ciência social que estuda e sistematiza as práticas usadas para administrar. O termo "administração" significa direção, gerência. Ou seja, é o ato de administrar ou gerenciar negócios, pessoas ou recursos, com o objetivo de alcançar metas definidas. (Wikipédia)

E o que está faltando ao novo governo é tudo isso, no momento. Ou, se estiver abraçando o que vem narrado acima, Cunha o faz bem secretamente, por que de público só se ouve lamentações e se vê atos desconcertantes do ponto de vista marquetológico.

Mas, voltando à saga desconstrutivista adotada por Cunha mediante prepostos midiáticos, há que se explicar por que tamanha fixação no ex. Em que isso vai ajudar o atual prefeito a melhorar sua imagem perante a opinião pública? Em que isso vai ajudar Cunha a imprimir no imaginário popular a imagem de um político realizador, dinâmico, daqueles que chegam e resolvem, por mais difíceis que sejam as situações?

Ele próprio reconhece que recebeu uma prefeitura “redonda”, com dinheiro em caixa e dívidas, todas, “pagáveis”, precatórios quase solúveis e obras pela metade, ou quase concluídas, que sejam, bastando a Cunha arregaçar as mangas e completa-las. Alegar dificuldades, “defeitos”, problemas mil é apenas confessar inapetência para o cargo ou síndrome de indecisão.

Quando da campanha eleitoral, muito se ouvia por aí que o prefeito seria a pessoa mais indicada para dirigir Olímpia dentre os candidatos apresentados, por ter sido deputado estadual e, portanto, ter experiência administrativa. Só se esqueceram estes que assim argumentavam, que deputado não administra nada. Às vezes nem a própria equipe de trabalho, como se viu.

Portanto, seria muito salutar para todos, que Cunha e seus meios de disseminação de noticias anti-Geninho desapegassem de vez do passado administrativo da cidade. Quebrassem este retrovisor passadista e mirassem o que há pela frente. Olímpia não pode parar, lembram-se disso?

Esqueçam Geninho. O seu lugar na história está reservado. Para o bem ou para o mal. Mas deixem que a história o julgue. Que a Justiça faça sua parte, se for o caso. É hora de começar fazer a “Olímpia melhor para todos” prometida.

OS PARCEIROS ENCALACRADOS
Notícias que foram alentos para estas almas atormentadas pelo “fantasma” Geninho Zuliani surgiram na semana passada, e dizem respeito a dois parceiros do ex-prefeito, Marco Aurélio Garcia, o Lelo, e seu irmão deputado federal e secretário da Habitação de Alckmin, Rodrigo Garcia. O primeiro, condenado a 10 anos de prisão dentro da chamada “Máfia do ISS”, episódio ocorrido dentro da prefeitura de São Paulo, desvendado pelo ex-prefeito Haddad. Sua condenação foi por lavagem de dinheiro.

Quanto ao deputado, cujo semanário que não desapega observa que “é o mentor político do ex-prefeito de Olímpia”, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, relator da Lava Jato, determinou abertura de inquérito contra ele. O semanário que não desapega dá o histórico: Garcia, com o apoio de Geninho foi o candidato ma­is votado em Olímpia nas eleições de 2010 (11.064 votos) e 2014 (9.305). Segundo delação premiada, Garcia teria recebido R$ 200 mil da Odebrecht Infraestrutura.

Claro que essas notícias não deixariam de figurar em manchetes escandalosas, com o intuito de atingir o ex-alcaide direta ou indiretamente. Não se quer dizer aqui que Geninho tenha que ser santificado, posto num altar, de santo que seria. Nem se está advogando causa nenhuma, que por suas atitudes político-administrativas há que responder caso algum ilícito venha a ser comprovado.

Mas o que cansa e causa “urticária” é a falta de “modéstia” de um governante em lançar a outrem a sua própria incapacidade de enxergar à frente, o futuro por fazer, as urgências de uma cidade pulsante que, parece, foi “amarrada”.

Um governo vacilante quanto o que se insinua o atual decepciona a tantos quantos votaram nele e muito mais aqueles que não votaram, mas por força da realidade passaram a depositar nele as esperanças de, pelo menos, dar continuidade ao ritmo imprimido por aquele que critica tanto.