Blog do Orlando Costa

Verba volant, scripta manent – ANO XVI

Tag: Maria Bonita

NAKAMURA DESCE DAS NUVENS E JOGA TERRA NO DEBATE

André Nakamura, tido pelo site “Diário de Olímpia” como “discípulo” de José Sant’anna no que diz respeito às coisas do Folclore, acaba de descer à terra das nuvens para, segundo o site citado, “jogar terra” no debate, dirimir as dúvidas quanto à vinda ou não do grupo Maria Bonita à 53ª edição da festa, em agosto, representando o Estado do Ceará.

Mas, o advogado, folclorista, editor do Anuário de Folclore, no qual publicou inúmeros artigos, desde a época do professor Sant’anna, e jornalista, mais confunde que explica a situação. Ele enviou ao site citado sua manifestação “sobre a discussão em redes sociais da decisão da Secretaria de Cultura de Olímpia em rever a escolha feita no ano passado de um grupo parafolclórico do Ceará ser homenageado, representando o seu Estado, na edição vindoura do Festival”.

“A questão é puramente financeira de ambos os lados, mas a rede social é celeiro fácil de opiniões nem sempre bem fundamentadas, daí o artigo enviado hoje (24) ao Diário”, relata seu editor, Leonardo Concon.

Mas, Nakamura nada explica, não deixa pedra sobre pedra, não coloca os pingos nos iis, prefere manifestar de forma tardia seus descontentamentos com os organizadores da festa, ao longo de muitos anos. Confirma o que este blog já afirmara ainda ontem, que a cada edição do evento, há uma disputa dissimulada de egos, sempre o maior algoz do Fefol.

Nakamura presta um grande serviço ao público ao liberar este texto, porque nele revela aquilo que muitos desconfiavam, mas não tinham certeza: nunca houve consenso entre aqueles que tinham a responsabilidade de cuidar de nossa festa maior, a ponto de o presidente de turno, no caso ele, chegar não entendendo muitas das decisões, não concordando com elas, porém não tendo o poder ou a disposição, que seja, de mudá-las. Leiam, abaixo, a íntegra do texto:

“Por André Nakamura – Leonardo, parabéns pela excelente reportagem. Até então estavam sendo feitas alegações firmemente fundamentadas, “em nuvens”. Você elucidou os fatos.

Considero oportuno reafirmar que não há nenhum “compromisso” do Município da Estância Turística de Olímpia com qualquer grupo específico. Trata-se de homenagens a Estados brasileiros, a “unidades da federação”, e não a grupos, sejam folclóricos, sejam parafolclóricos.

Essas homenagens a Estados se iniciaram no 42º Festival do Folclore, ocasião em que lamentavelmente fui presidente da Comissão Executiva. Assumi quando o cartaz já estava pronto. Quando indagado acerca do porquê da homenagem ao “folclore paraense”, afirmava que desconhecia o critério, e até mesmo se havia algum. Nesse mesmo cartaz, não há um grupo específico do Pará.

Nas anteriores edições do Festival, grupos folclóricos, na maioria, eram motivo do cartaz. O Grupo Parafolclórico “Terra da Luz”, de Fortaleca/CE, inclusive, foi motivo do cartaz no 37º FEFOL.

Por que o Pará? Não sei.

O Estado da Bahia, por exemplo, poderia ter sido o primeiro (o Brasil começou lá). Ou, melhor ainda, o Estado de São Paulo, no qual se criou, em Olímpia, o Festival doFolclore (lembrando que em 2006, o Recinto de Exposições e Praça de Atividades Folclóricas “Prof. José Sant’anna” completava 20 anos).

As “homenagens” continuaram, na seguinte ordem: Minas Gerais, em 2007 (não me pergunte o motivo); Paraíba, em 2008 (?). Em 2008, haveria eleições para Prefeito. A Comissão Executiva na ocasião não se pronunciou, ao final do evento, sobre homenagear algum Estado. Em 2009, nenhuma unidade da federação foi enaltecida; O Município de Olímpia foi então homenageado.

No 45º FEFOL, retomaram-se as “homenagens”: Paraná (2010); Rio Grande do Norte (2011); Rio Grande do Sul (2012); Mato Grosso (2013). No cinquentenário do Festival (20 14), finalmente, São Paulo; Em 2015, Pernambuco, e, em 2016, Espírito Santo.

Note-se que, quanto ao festival de 2012, havia integrantes de diferentes grupos gaúchos no cartaz, e que, no do cinquentenário, não havia imagem em destaque de grupo nenhum, folclórico ou parafolclórico.

No cartaz do 51º Fefol, também não há foto de nenhum grupo parafolclórico conhecido, apenas ilustrações de figuras de maracatu.

Após sua reportagem exclusiva, ouvi estranhos rumores, e li declarações em redes sociais da internet (fundamentadas “no ar”, constatamos depois) de que “isso não pode”, porque tudo está “acertado” com entidades estatais cearenses (conheço várias pessoas ligadas a folclore, de diversos grupos parafolclóricos, desse Estado). Procurei saber sobre a existência de “contrato”, “convênio” ou qualquer outro “compromisso” de entidades ou órgãos públicos de lá com Olímpia. Obtive a mesma informação. Houve até quem gracejasse dizendo que, mesmo se o próprio Lampião e a Maria Bonita ainda estivessem vivos, não tinha nada certo” sobre participação do governo do estado (e também da prefeitura de Umari), em festival de folclore, pois inúmeras outras eram as prioridades dos governantes no momento.”

TOMARA QUE SÓ O CARTAZ SEJA TEMPORÁRIO…

O site de noticias “Diário de Olímpia”, de Leonardo Concon, publicou na semana passada, com o selo de “exclusivo”, noticia de que o atual governo de Olímpia (leia-se prefeito Fernando Cunha [PR]), “por meio da Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer, está revendo alguns aspectos concernentes à organização do Festival do Folclore de Olímpia, inclusive no que tange ao Estado a ser homenageado neste 53º Festival do Folclore de Olímpia.”

Diz ainda que a secretária municipal de Cultura, Esportes e Lazer, Tina Riscali, está escolhendo, “de forma criteriosa”, qual será o estado homenageado este ano. Tirante a insinuação de que a Comissão anterior não teve critério nenhum ao escolher o Ceará como homenageado, o blog reputa como tremenda falta de respeito a unilateralidade da atitude da secretária, para começarmos a conversa.

Diz ainda o texto: “Segundo Tina Riscali, titular da pasta, uma das razões para tanto ‘é o atendimento ao princípio da economicidade, em decorrência das adversas condições econômicas que enfrentamos neste momento, pois, considerando-se os propósitos do evento, que é contribuir para a preservação do Folclore brasileiro, a prioridade da utilização dos recursos é para os grupos Folclóricos’”.

Devemos registrar que quando determinadas pessoas, em determinadas situações, enfatizam que o nosso Festival “é para os grupos folclóricos”, nos soa como mero eufemismo para “vamos fazer o que der”. Principalmente quando tais pessoas não são, digamos, do meio, seja folclórico, seja cultural ou assemelhado.

É que nosso Festival, passado Sant’anna, tem sido vítima, sistematicamente, da aleivosia (no sentido estrito do termo) dos burocratas de plantão.

Continuemos a ler o texto: “No que se refere aos parafolclóricos ou de projeção folclórica, estão sendo realizadas diligências para que os órgãos públicos dos Estados e municípios de que são oriundos se encarreguem, em parceria com Olímpia, de efetuar as despesas relativas ao transporte, pelo menos. ‘Já constatamos que não haverá recursos públicos das entidades governamentais do Estado para o grupo parafolclórico que o representaria, e que tinha sido anunciado pela Comissão Executiva do Festival anterior’, conclui Tina.”

Não sei. Nos parece um pouco demais esperar muito de terceiros, quando temos uma responsabilidade enorme sobre aquilo que criamos e vimos executando ao longo dos últimos 52 anos. Esta ajuda esperada é lenda, sempre foi lenda e sempre será lenda. Quando ocorria, nos lembramos bem, era motivo de “júbilo e contentamento”, para usar um classicismo ao gosto de poucos.

O que seria o cartaz do 53º Festival, divulgado na rede social do Fefol em outubro do ano passado, traz ‘Lampião’, do grupo cearense de xaxado Maria Bonita, grupo que havia sido selecionado para homenagear aquele estado agora em 2017.

“Imediatamente, o Diário de Olímpia ouviu reclamações de membros da então Coordenadoria do Festival de que a escolha não foi acertada e que haveria contrariedades, inclusive porque a escolha estava sendo feita de forma unilateral e deixando-a para o próximo governo”, relata Concon.

Bom, se houve reclamações “de membros da então Coordenadoria”, por que não se resolveu a questão antes de se fazer o anúncio? E por que a escolha não havia sido acertada? Quais contrariedades havia, e da parte de quem ou quais pessoas? A escolha foi feita “de forma unilateral”? Quem escolheu sem o consenso necessário? E por quê?

Lembremo-nos de que nos últimos anos era assim que se procedia. Anunciava-se o grupo ao final da festa, para o ano seguinte. Mas, de fato soa estranho este anúncio em final de Governo. Principalmente levando-se em conta que há mudanças de egos na condução da festa, antes de mudanças estruturais e de condução das coisas. O ego, este que sempre foi o pior algoz do Fefol olimpiense.

No primeiro Fefol de Geninho, em 2009, não houve homenageado, prática que se iniciara no Governo anterior, de Carneiro. Foi feita uma tentativa de remodelação da festa -da mesma forma que agora se pretende, trazendo-a para “suas origens”. E deu no que deu. Consta que o próprio ex-prefeito se arrepende até hoje.

O texto encerra de forma enfática: “A capa temporária do Fefol deste ano foi apenas temporária. E ponto final.”

Considerando que este, então, seja o problema maior, o blog pergunta: a partir deste começo de ação em torno do evento, e pelas pessoas envolvidas, além do que já se sabe superficialmente, baseado no texto tratado acima, e pelas declarações dele extraídas, será que só o cartaz “é temporário e ponto final”?

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