Blog do Orlando Costa

Verba volant, scripta manent – ANO XVI

Tag: Festival Nacional do Folclore

Comissão explica necessidade da palavra ‘Nacional’ no Fefol

Nestes últimos dias, desde o lançamento do cartaz oficial do evento, na noite do dia 4 de junho passado, a polêmica se instalou até em alguns casos de forma desrespeitosa e mal intencionada quanto ao vocábulo “Nacional” inserido entre Festival e Folclore, passando a ser denominada a 60ª edição da festa de “Festival Nacional do Folclore”.

É claro que causou estranhamento entre tantos observadores próximos do Festival, que viam no vocábulo “enxerido” uma espécie de desmistificação daquilo que o criador do maior festival nacional em seu gênero, José Sant’anna, prezava muito. E até xingava com palavras duras quem se atrevesse a fazê-lo quando ele em vida.

De acordo com texto publicado neste fim de semana no semanário “Folha da Região”, Sant’anna sempre tinha uma resposta “na ponta da língua” quando alguém chamava o Fefol de Festival Nacional. “Não existe Festival Nacional, é Festival do Folclore e só. Não sei de onde esses morféticos ficam tirando esses nomes”.

É que houve um tempo em que se usou farta e despudoradamente, e sem maiores reparos por quem quer que seja, o vocábulo “Nacional” para designar o Fefol, uma vez que, por alguns anos, realizou-se na cidade o Festival Internacional do Folclore, cognome Fifol que, aliás, Sant’anna detestava por entender que poderia levar as pessoas a erros de entendimento e interpretação.

“Não dá para alterar o nome de uma festa tradicional para diferenciar de uma outra, cujas atrações se presenciam em qualquer churrascaria de São Paulo”, esbravejava ele à época, de acordo com o jornal.

Porém, na manhã desta segunda-feira, 10, a assessoria de imprensa do Festival houve por bem fazer um esclarecimento sobre este detalhe na denominação dos 60 anos do Festival, informando que a inclusão do “Nacional” foi feita a pedido do próprio prefeito Fernando Augusto Cunha, garantido o sentido geográfico e dada a proporção que a festa olimpiense alcançou em nível de Brasil, culturalmente falando, por representar a cultura popular de todo país.

Dentro do universo semântico, aliás, isto se chama denotação, aquilo que designa o sentido real, literal e objetivo da palavra, explorando uma linguagem mais informativa, em detrimento de uma linguagem mais poética, que seria a linguagem conotativa, que bem pensando estava presente no “Nacional” em contraposição ao Internacional dos idos anos 90. A denotação, inclusive, é muito utilizada nos trabalhos acadêmicos, jornais, manuais de instruções, dentre outros.

Inclusive, informa a assessoria, este vocábulo acrescido ao título do Festival teria sido pauta de conversas do prefeito Cunha com a ministra da Cultura, Margareth Menezes, meses atrás, com a finalidade de buscar viabilizar recursos via Lei Rouanet para o evento, tirando dele uma característica injustamente a ele atribuída, a de evento regionalizado, ou até mesmo “doméstico”.

O FIFOL QUE NÃO TEVE, O FEFOL SOB RISCOS E A UTI MÓVEL PARADA

Para começo de conversa, não foi realizado este ano o Festival Internacional do Folclore. Sequer uma satisfação para a sua não realização foi dada. Não que isso tenha importância cultural tamanha que a cidade não possa prescindir dele, mas é um indicativo do pouco caso desta administração com as coisas, digamos, voltadas ao populacho, à patuleia, ao andar de baixo ou outro adjetivo qualquer como queiram e, neste caso, o Fifol se encaixa porque nos últimos três anos foi realizado em praça pública.

Tratava-se do reavivamento desta festa, iniciada lá atrás, depois esquecida por sua inviabilidade estrutural e formato (ingressos eram cobrados no Recinto do Folclore). Aliás, frisa-se que o Fifol voltou em 2014 por iniciativa da gestora do Tuti Resort, à frente Caia Piton que, depois acabou defenestrado da organização, e passou a ser gerido por outro grupo, com apoio da prefeitura.

Presume-se que o Fifol tenha sucumbido à sua própria dispersão de mentes realizadoras, e também pela inépcia administrativa dos tempos que correm por estas plagas.

Mas, se a cidade e seu povo perdem pouco aí, muito perderão caso as propostas para o 53º Festival do Folclore, a ser realizado neste agosto-2017, vinguem. A bem da verdade, não há propostas oficiais ainda, o que se sabe é o que circula à boca pequena, aqui e ali, e estes “cochichos” não trazem boas novas.

A começar pela possibilidade de desativação da chamada “Vila Brasil”, ao invés de sua recuperação no que tem de deteriorada. Aquele setor do Recinto da festa tornou-se, ao longo dos últimos anos, um dos mais requisitados por quem vai ao Fefol, dadas suas características de uma autêntica vila caipira, com sua igrejinha, seu coreto, suas casas do caipira e do caboclo, seu barracão gaúcho e seu curral.

Outros elementos poderiam ser ali acrescentados com um pouco mais de boa vontade e clarividência sobre o significado de tão singela homenagem ao Brasil do passado, mormente sua região rural, sua cultura caipira, sua aura nostálgica.

Os cafés da manhã, com o líquido coado à moda de nossos avós ali eram um detalhe. A cachacinha de tonel, o bolo de milho, a pamonha, os caldos, enfim, ali estava o Brasil nascente. De encher os olhos e afagar as almas.

Oxalá uma luz desça do infinito e ilumine cabeças por trás do evento, principalmente a da secretária Tina Riscali, tão cheia de idéias “revolucionárias” que é capaz ainda de reviver um momento triste, bem triste, do Festival olimpiense, que é levar o desfile de encerramento, de novo, para a Avenida Menina-Moça, aquela mesma que abrigou o mais ridículo, para dizer o mínimo, dos carnavais da cidade.

NÃO, MAS SÓ QUE SIM
O semanário Planeta News publicou em sua edição de sábado passado, 20, matéria com o seguinte título: “Governo nega desativação do SAMU”, levado por informações que davam conta de que o serviço tinha sido trocado por ambulâncias de uma empresa privada, cujos sócios seriam um médico da rede municipal e o vice-prefeito Fábio Martinez.

Por meio de sua assessoria de Imprensa, Fernando Cunha negou ter desativado o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência-SAMU e contratado a tal empresa de ambulâncias. Diz o jornal que ao receber a informação, a redação encaminhou ao Executivo um questionário contendo pedidos de respostas a indagações neste sentido, e respondido com as negativas oficiais.

Sobre a possibilidade da contratação da empresa de ambulâncias para substituir o SAMU, o governo respondeu que “as Ambulâncias Comuns, tidas como Ambulâncias Brancas, continuam trabalhando normalmente no serviço de remoção, dentro da UPA. Não há nenhum tipo de terceirização deste serviço”.

O governo também negou a sociedade de Martinez e o médico da rede de Saúde, com um curto “não confere”. Mas, deixou em aberto a questão, ao dizer que, embora não tivesse havido nenhum processo licitatório neste sentido, “quando realizado, a licitação pode atender qualquer uma das seguintes modalidades, de acordo com a necessidade: dispensa de licitação, inexigibilidade, convite, tomada de preço, pregão, ou pregão por registro de preço”.

Aí é que entramos, então, no outro lado, que é o mesmo lado, da questão. Diríamos que o jornal estava com a arma certa, com a munição adequada, com um atirador experiente que, no entanto, teria atirado no pássaro errado.

O alvo teria que ser, conforme informações complementares surgidas depois, a interrupção, pela prefeitura, da Unidade de Suporte Avançado (USA), mais conhecida por UTI Móvel. Esta paralisação deve perdurar até o final do mês, segundo o governo, “para análise da viabilidade da continuação do serviço realizado diretamente pelo município de Olímpia, uma vez que o serviço é de alto custo”.

Mas que, segundo as esquinas & cafés, seria para dar tempo de se realizar, conforme não negado acima, modalidade licitatória explicitada abaixo, que venha viabilizar a contratação de empresa prestadora deste tipo de serviço.

E, como o leitor já está esperando, sim, esta empresa seria aquela que, supostamente, estaria suprindo o SAMU que, como se viu, continua na ativa. Daí o tiro no pássaro errado. Entenderam?

Diz ainda o governo que “o serviço terceirizado de Suporte Avançado custa em média 50% a menos do que manter a USA pelo município, que requer mensalmente um gasto de R$ 106 mil. Durante este período, está em fase de cotação um pedido do serviço terceirizado que, posteriormente, será licitado, provavelmente por pregão ou registro de preço”. Ou seja, um serviço de R$ 53 mil mensais, ou R$ 636 mil anuais.

E mais: “Neste tempo de interrupção, se algum paciente necessitar do serviço da Unidade de Suporte Avançado, a secretaria de Saúde já manteve contato com as empresas da cidade que prestam esse tipo de atendimento especializado e contratará o serviço terceirizado por compra direta, garantindo, assim, a manutenção do atendimento para a população.”

“A secretaria da Saúde já manteve contato com as empresas da cidade”. Quantas empresas neste setor Olímpia possuiria, então? Confesso que nunca ouvira falar de nenhuma, até este momento. Esta mesma empresa que, por certo, deverá concorrer, então, consigo mesma? Esta mesma que tem o vice e o médico como sócios?

Para quem não sabe, Olímpia possui o veículo UTI Móvel desde outubro de 2013, que entrou em operação três anos depois, no dia 15 de dezembro de 2016, sabe-se lá por quais razões, a nota não explica, cabendo à nova gestão arcar com os custos da reativação.

Bom, aí ficam as perguntas. Se entrou em operação no final de 2016, ou quinze dias antes de Cunha assumir a cadeira principal da Praça Rui Barbosa, 54, como saber que o custo de seu funcionamento atinge aquele montante? E como saber, ainda, se é inviável mantê-lo em atividade? A UTI móvel teria, então, um custo fixo? Ou esse valor é determinado conforme o uso?

A empresa que o assumir terá este rendimento independentemente de ser acionada ou de quantas vezes for acionada? São estas dúvidas que ficam no ar. Aguardemos as respostas.

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