Caiu (na verdade foi derrubado) o polêmico secretário de Saúde, Marcos Pagliuco. Aparentemente, de forma intempestiva, uma vez que o prefeito Fernando Augusto Cunha teve a chance de trocá-lo quando formou seu novo quadro de primeiro escalão.

Dá para pressentir algo de muito grave. Porque a exoneração do secretário de quase quatro anos na Saúde, ocorreu já com o sol posto e a lua radiante. O decreto, inclusive, foi publicado em edição extra, aliás a terceira do dia (Edição 907-C), do Diário Oficial Eletrônico.

Pagliuco foi um secretário polêmico, daquele de dar trabalho ao chefe do Executivo? Não necessariamente. Fruto de um acordão político, o embaubense até nem fez barulho na sua passagem pela pasta, e sempre foi prestigiado pelo prefeito.

Consertou algumas questões graves do setor? Com certeza, os usuários do sistema perceberam que alguma coisa mudou para melhor. Mas, teve atuação que se poderia classificar como perfeita? Não.

A Saúde é um poço de problemas. E o detentor da pasta sendo pessoa equilibrada, já é um bom começo. E se tiver ainda um pouco de jogo de cintura para contornar os centralismos do mandante de turno, tanto melhor.

E isso parece que Pagliuco tinha, caso contrário não permaneceria tanto tempo no cargo, sob tamanho bombardeio que enfrentava. Por muito menos, a primeira aposta de Cunha, Lucinéia dos Santos, vinda de Rio Preto, caiu em alguns meses.

Outras tentativas também não deram certo. Pagliuco foi, portanto, o mais longevo dos secretários de Saúde da gestão passada e atual de Cunha.

Exonerado a partir de hoje pelo Decreto 8.037, de 26 de fevereiro de 2021, Marcos Roberto Pagliuco havia sido renomeado secretário através do Decreto 7.972, de 1º de janeiro de 2021.

O que é de se estranhar é o silêncio obsequioso mantido por Pagliuco neste tempo todo de pandemia. Não dava entrevistas, não publicava em redes sociais, não fazia alertas à população, não dava nem boas, nem más noticias.

Sua última aparição em vídeo foi na semana passada, mas não para tratar de questões da pandemia ou da Saúde, propriamente dita. Foi para enaltecer o feito da deputada estadual Beth Sahão, do PT, ela falando sobre um gerador que teria viabilizado para a Santa Casa.

Teria sido esse, o ponto da discórdia?

Teria Pagliuco “peitado” o prefeito em alguma diretriz? Teria o ex-secretário desobedecido alguma determinação? Ou teria o secretário tomado alguma atitude em nível técnico sem a anuência do chefe? Ou estaríamos diante de uma falta gravíssima e insanável?

Descartadas estas hipóteses, só resta a questão política…

O prefeito Cunha foi rápido desta vez. Ao exonerar Pagliuco, ato contínuo exonerou também, pela Portaria 51.340, de 26 de fevereiro a Assessora de Gabinete II, Maria Cláudia Vieira Marcondes Lemos de Toledo, que havia sido nomeada através da Portaria 51.137, em 4 de janeiro de 2021.

Sem maiores referências, uma vez que ainda não há foto ou currículo da nova secretária no site oficial da prefeitura (não foram tão rápidos desta vez, como foram com o secretário de Zeladoria e Meio Ambiente), denotando que sua escolha pode ter sido em caráter emergencial.

Maria Cláudia, de família tradicional olimpiense, ao que tudo indica, seria enfermeira padrão, salvo erro de informação. Ela estava lotada na Secretaria de Saúde.

Sua nomeação se deu através do Decreto 8.038, também de 26 deste mês, com validade a partir de hoje. E sabe-se lá até quando.

Quando de sua posse para o segundo mandato, Cunha deixou claro que a Secretaria de Saúde não teria mudanças, “por enquanto”. Mas, não se esperava que este “por enquanto” fosse tão breve.

Especulava-se que o alcaide estava à procura de um nome de peso para substituir Marquinhos. Portanto, uma mudança seria lá para meados ou fim do ano, sem traumas. (PS: Chegou a se cogitar um nome do deputado Geninho, o médico e vereador Márcio Iquegami, mas não se confirmou).

Porém agora, quando ele defenestra seu braço direito na Saúde, em plena pandemia de coronavírus em fase agravante, lança mão de uma profissional até agora em cargo de segundo escalão, sem que ninguém saiba qual o peso administrativo que ela carrega, e quando até o mentor do acordão que levou Pagliuco ao cargo, Hilário Ruiz, não sabe o que aconteceu, há muito o que se pensar.

Uma ruptura com o grupo do PSD que tanto apoio lhe emprestou? Parece que uma ligeira rusga teria sido contida, quando da nomeação para a secretaria de Zeladoria e Meio Ambiente, “menina dos olhos” do vereador Hélio Lisse Júnior.

Mas há que se considerar que outro vereador do PSD, Fernando Roberto da Silva, está em Esportes, Lazer e Juventude.

Portanto, o grupo segue contemplado com cargo de primeiro escalão. Até aí noves fora, nada.

Mas o prefeito fica devendo um esclarecimento à população, sem aqueles chavões já conhecidos. Se Pagliuco cometeu alguma falta grave, o contribuinte tem o direito sagrado de saber o que foi.

E, principalmente, se tal erro implicou em danos ao erário ou à própria Saúde Pública.

Ainda que tenha sido mera decisão política, é dever do detentor do poder que pertence ao povo, explicar a este povo o sucedido. Aguardemos pelas próximas horas.