Blog do Orlando Costa

Verba volant, scripta manent – ANO XVI

Tag: Elaine Beraldo

CUNHA RECUA E PODE DAR MAIS QUE 4% AOS MUNICIPAIS

O prefeito Fernando Cunha (Sem partido) deu uma recuada bastante simbólica na questão relativa ao reajuste do funcionalismo.

Depois de todos os ires e vires, ele havia encaminhado à Câmara de Vereadores o projeto de Lei 5.467, para ser votado em Regime de Urgência, concedendo 4% de reajuste à categoria, mais 10% sobre o vale-alimentação, por meio do projeto de Lei 5.468, elevando seu valor de R$ 200 para R$ 220.

Até por volta das 14 horas de ontem, era essa a propositura a ser votada em uma única sessão, sem quês nem porquês. Seria, obviamente, uma sessão tumultuada, com representantes do funcionalismo e do sindicato da categoria presentes, vereadores contrários ao “goela abaixo”, como Gustavo Pimenta (PSDB), ou mesmo contrário ao próprio índice de aumento, como Flávio Olmos (DEM), só para citar dois dos quatro independentes.

Previa-se, ainda, grande desgaste por parte dos integrantes da bancada comprometida com os interesses do Executivo, que iria passar pela maior saia justa de sua história, depois, claro, da aprovação do empréstimo de R$ 7 milhões, decisão que está atravessada na “garganta” da opinião pública, que ainda não a digeriu muito bem.

E, por fim, seria a pá de cal nas pretensões de Cunha de permanecer na cadeira principal do Gabinete da Praça Rui Barbosa, 54. Não restam dúvidas de que seria uma empreitada e tanto, para ambas as partes.

Mas com resultados políticos danosos para aqueles que fossem favoráveis, embora se tenha registrado ações de “trairagem” no seio da categoria, com funcionários mandando mensagens para vereadores, pedindo que os 4% fossem aprovados.

Marco Antonio Parolim de Carvalho (PPS) e Fernando Roberto da Silva (PSD) foram os escolhidos (por que será?) pelos funcionários que preferem ver o dinheiro em caixa que apoiar lutas por melhorias, conforme o próprio Marco Coca revelou durante a sessão.

De qualquer forma, foi marcada para esta quinta-feira uma reunião, na Câmara, entre as secretárias de Finanças, Mary Brito, e de Administração, Elaine Beraldo, com vereadores e diretoria do Sindicato, às 16 horas, na tentativa de encontrarem um denominador comum.

Foi um recuo histórico em favor do funcionalismo, tendo como base as posições do prefeito Fernando Cunha manifestadas de público, quanto aos municipais. Achar que dar aumento a eles é “jogar dinheiro fora”, ou dizer que “eu mando o projeto para a Câmara, ela aprova e pronto”, são só duas delas.

Mas, também talvez Cunha, por meio de sua assessoria de alguma coisa, possa ter apurado o estrago causado à sua imagem de político postulante a uma reeleição, suas falas destrambelhadas dos últimos dias, principalmente em meio à categoria dos funcionários municipais, contra a qual portou-se feito uma metralhadora destravada.

Não se sabe o que será decidido neste encontro de quinta-feira. Mas uma coisa é certa. Todos sairão dele renovados em suas posturas, e o sindicato, enquanto representante dos funcionários, vitorioso.

Espera-se que este novo movimento em torno da questão faça com que os municipais dimensionem, de uma vez por todas, a força que têm.

Se só um grupo conseguiu fazer ecoar no seio da categoria o sentimento de grandeza, imaginem se uma maioria absoluta encampar esta bandeira sempre que necessário.

E espera-se, também, que provoque nos “traíras”, uma tomada de consciência que os façam ver que, se para eles tanto faz, para tantos outros um mínimo a mais pode fazer grande diferença: pode significar o leite do filho à mesa, por exemplo.

O QUE TEM CUNHA A ESCONDER NO TOCANTE À MERENDA ESCOLAR?

O que tem o prefeito Fernando Cunha (PR) a esconder nos trâmites relacionados à licitação da merenda escolar? Por que sonegar informação à imprensa? Pelo menos àquela que demonstra interesse imediato em assunto tão relevante?

Sonegar informação a um veículo que se antecipa aos demais com a justificativa de querer ser igualitário é inaceitável. E só pode ser esta a justificativa, pelo menos a mais aceitável, embora cretina, haja vista que quem busca a informação primeiro deve ser servido primeiro, por estar, a princípio, dando maior relevância àquele assunto que os demais.

Somente uma visão jornalisticamente tacanha pode acometer uma assessoria de imprensa que sequer dá satisfação a um veículo de comunicação que busca, na fonte primeira, informações que, em hipótese, seria positiva para o governo de turno. Ou não?

O histórico que vem abaixo está publicado na edição de hoje do semanário Planeta News, e reproduzo como manifestação de preocupação com o rumo que as coisas poderão tomar doravante, com o cerceamento de informações a veículo de informação que não comunga com as ações deste governo, até que estas se mostrem dignas de registro. Vamos ao texto:

Prefeitura esconde informação sobre licitação da merenda
Reportagem do Planeta News procurou o setor de Licitação, conversou com a secretária de Administração, que encaminhou o caso para a assessoria de imprensa, que não se manifestou

Não se sabe motivada por quais razões, a prefeitura de Olímpia sonegou informação sobre o resultado da licitação da merenda escolar à reportagem do Planeta News, na tarde de ontem. Esse procedimento é inédito em Olímpia, pelo menos nos últimos 20 anos.

A reportagem procurou informações junto à Comissão Permanente de Licitação-CPL, que encaminhou o assunto para a secretária de Administração, Eliane Beraldo Abreu de Souza, que por sua vez, disse que havia encaminhado os dados para a Assessoria de Imprensa, para serem divulgados. “Agora é esse o procedimento”, disse ela.

A secretária disse ainda que enviaria à Assessoria, um WhatsApp antecipando o assunto, para agilizar a resposta. Ao mesmo tempo, pediu que encaminhássemos o pedido via e-mail, o que foi feito exatamente às 15h46. A redação aguardou resposta até às 18 horas, tempo máximo possível antes do fechamento da edição.

Nenhuma satisfação foi dada, sequer uma explicação quanto a uma possível dificuldade em elaborar um texto, ou para encaminhar somente o resultado. A editoria do jornal ressalta que jamais, na gestão passada, encontrou dificuldades para obter informações sobre resultados de licitações, independentemente do porte que tivessem.

E mais: estas informações eram sempre fornecidas pelo próprio presidente da CPL, sem necessidade de cumprir qualquer trâmite burocrático, ou passar pelo crivo de superiores. E nunca houve problemas. Afinal, trata-se de uma informação pública, do interesse da coletividade, e a lei da Transparência obriga este tipo de divulgação.

A solicitação à Assessoria de Imprensa da prefeitura foi redigida nos seguintes termos: “Caros assessores, venho por meio desta, solicitar a vossas senhorias informações a respeito do resultado da licitação da merenda escolar, realizada hoje (ontem). Adianto que já mantive contato com a secretária de Finanças, e que esta não mostrou qualquer inconveniente em termos os dados em mãos, como também informo que em momento algum, na gestão passada, tivemos dificuldade em obter tais informações, que nos eram passadas pelo próprio responsável pela CPL. Fechamos o jornal ainda hoje, e aguardamos os dados em tempo hábil (…)”.

A secretária Elaine Beraldo negou que houvesse qualquer tentativa de criar dificuldades, mas a editoria do Planeta News de pronto repudia o que parece ser cerceamento de informação puro e simples ao jornal, que tem feito críticas pontuais ao Governo Municipal.

E deixa registrado seu repúdio a uma forma de governo que se julgava já superada há tempos, principalmente após oito anos da gestão passada em que, apesar de todos os pesares, não havia, nem houve nunca, sonegação de informação de interesse público a quem interessasse. E, pior ainda será constatar que a Assessoria de Imprensa da prefeitura tem seus veículos preferenciais para passar informações de interesse relevante.

E A MERENDA VIROU ‘DOGUINHO’?
E esta negativa se dá exatamente em um momento em que este governo decide “minimizar” a merenda de Olímpia, considerada ao longo dos anos a melhor da região, com prêmios em níveis estadual e federal. Mas para o governo de turno isso não conta. O que conta são os míseros tostões a serem economizados dentro daquilo que precisa gastar com a alimentação dos pequeninos alunos.

O governo municipal culpa o “significante desperdício” que teria sido apurado, pela decisão de tirar a comida da boca do pobre e dos nem tanto. Não seria o caso de “trabalhar” a questão do desperdício ao invés de tirar a comida, o que nos parece um gesto por demais cruel?

O governo tenta abrandar sua decisão apontando que “a alteração atinge apenas 538 crianças da pré-escola (4 e 5 anos), dos quase seis mil alunos da rede”. Pode-se presumir que há desperdício somente nas três escolas alcançadas? Seria o caso, então, de se identificar quem são os “desperdiçadores” e chama-los à razão. Que culpa têm os aluninhos?

Diz o texto da assessoria de imprensa que “antes da adequação, as unidades escolares serviam fruta às 7h e almoço às 9h, para os alunos da manhã, e, para as crianças da tarde, almoço às 14h30 e fruta às 17h. Esse é o desperdício alegado? O que se está desperdiçando, exatamente?

Agora, com a chamada “adequação”, estas escolas estão servindo fruta às 7h e lanche às 9h30 e, à tarde, lanche às 14h50 e fruta às 17h. Pobres crianças que, doravante, vão passar a pão de leite com carne moída, frango ou salsicha e suco.

Ou seja, um “doguinho” bem ao gosto da molecada, embora pobre em conteúdo. Nos perdoem as nutricionistas que acompanharam esta “adequação”: mas em que um  pão de leite com carne moída colabora para a excelência nutricional de uma criança?

É muita pobreza. De espírito. De ideais. De propostas. De visão de futuro. Áh, uma vez por semana tem bolo com leite e achocolatado (Uau!). Isso é a vanguarda do atraso. E a culpa por isso é dos alunos. Vejam:

“Devido ao horário das refeições, que respeitam o período de aula, muitos alunos não consumiam totalmente os alimentos servidos, o que gerava grande desperdício. Por isso, fizemos a alteração para o lanche e o novo cardápio tem sido muito mais aprovado pelos alunos”, explica Maristela Meniti, secretária de Educação.

“Muito mais aprovado pelos alunos”. Claro. Qual moleque não gosta de um “dog”, que pode comer rapidinho e, como se diz, “vazar” dali e fazer outras coisas? Reza a lenda que criança tem preguiça de comer.

E onde fica a educação alimentar destas crianças? Vão aprender a comer lanche e achar que é o melhor alimento. Nestes tempos de obesidade mórbida.

Olha, este (ainda) novo governo pode ser chamado de qualquer coisa, menos, nunca, nunquinha, de moderno. Porque cheira a mofo.

PS: Aliás, faltam 15 dias para se completarem os “100 primeiros dias” e, ao que parece, o Governo Cunha vai sair deles como tragédia.

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