Dito e feito.

A assessoria de imprensa do prefeito Cunha (PR) confirmou nossas suspeitas. Ela tem, sim, seus veículos de informação preferenciais. Sonega, esconde informações para um veículo, com a finalidade de privilegiar outro. Resta saber até onde vai esta relação e que nível alcança.

Como já foi denunciado aqui, com base em matéria publicada na sexta-feira passada, 17, pelo semanário Planeta News, a reportagem do jornal procurou o representante da Comissão Permanente de Licitação da prefeitura, em busca do resultado da licitação da  merenda, que havia acabado de ser concluída, na quinta-feira, 16.

Foi remetida à secretária de Administração, Eliane Beraldo Abreu de Souza, que por sua vez a remeteu ao assessor-chefe da Imprensa do município, Bruno Guzzo (ela o citou nominalmente), alegando que cabia a ele a divulgação do resultado, uma vez que todos os dados lhe haviam sido passado, “conforme a determinação”.

Pediu que fosse encaminhado um e-mail com a solicitação, o que foi feito, segundo a reportagem por volta das 15h35. Aguardou-se até por volta das 18 horas, e nenhuma manifestação do senhor assessor.

Na matéria foi aventada a possibilidade do material solicitado em absoluta primeira mão pelo Planeta, ser encaminhado para o veículo preferencial do senhor assessor de imprensa, o que se confirmou.

Ressaltamos que o fato é inédito e absurdo, uma vez que, antes, sempre obtínhamos este tipo de informação junto aos responsáveis pelas Comissões de Licitação, sem intermediários, sem escamoteamento, sem temor. E que, também, sempre lidamos com secretários que tinham voz ativa sobre suas Pastas, davam informações, entrevistas, sem intermediários, sem escamoteamentos, sem temor.

E, por fim, sempre contamos (e até já atuamos por um certo período junto a ela) com uma assessoria de imprensa que jamais fazia distinção de veículos de informação, jamais “queimava” este ou aquele órgão, com base em seus melindres, chiliques ou descontentamentos. Era, comprovadamente, um setor imparcial e, acima de tudo, ético.

Mas, de qualquer forma, o que há a informar aos nobres leitores é que a mesma empresa que foi vencedora em 2015, venceu agora também. A DFA, aliás, é um braço da Starbene, para quem se lembra da primeira fornecedora de merenda para as escolas de Olímpia.

O governo municipal informa também que teria havido economia de 23% no valor final. Mas, diz que em 2015 o contrato foi de R$ 8,5 milhões, e que uma eventual renovação elevaria esta valor para pouco mais de R$ 8,9 milhões.

No entanto, quando da assinatura de contrato com a DFA (Della Fattoria Alimentare Refeições Ltda.), de São Paulo, o “braço da Starbene Refeições Industriais”, também com sede na capital paulista, o valor fechado foi de R$ 7.595.878, e a oferta, segundo o governo de então, teria ficado mais de 8,5% abaixo do valor estipulado para o certame, que era de R$ 8.245.732,51, “praticamente igual ao que foi gasto em 2014 – R$ 7,6 milhões”.

Aí o prefeito de turno anuncia que o contrato vigente, que expira no dia 6 do mês que vem, teve o valor de R$ 8.468,447, e que se gastou, até fevereiro, R$ 8.066.053,75. Ou seja, os números não batem entre um governo e outro.

Agora, Cunha diz que a proposta final alcançada foi de R$ 6,925 milhões, ou seja, pouco mais de R$ 2 milhões a menos (23%). Preferimos não especular a custa de que esta redução foi obtida. Pois isto também é inédito: a mesma fornecedora reduzir seus valores na proporção que teria reduzido, segundo o governo municipal.

Porque, ou o valor estava superfaturado antes ou foi subfaturado agora. Na última hipótese, é óbvio que valor reduzido implica em fornecimento reduzido na mesma proporção. É a lei do mercado. Talvez a troca de merenda por “doguinho” em algumas escolas tenha algo a ver com isso.

Um detalhe: observem que entre duas empresas, a própria DFA vencedora e a segunda colocada, a JNC Restaurante Ltda-EPP, a diferença de preços foi de apenas R$ 379,60. E que da terceira colocada, a Snack Fornecimento de Refeições Eireli-ME para a primeira, foi de R$ 1.005.985,40. Ou seja, típico para ficar fora. E as outras duas, típico para a vencedora, já fornecedora, vencer.

E assim todos viverão felizes para sempre.