Blog do Orlando Costa

Verba volant, scripta manent – ANO XVI

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CUNHA AGORA QUER SINDICÂNCIA NA MERENDA DE 2011

Logo na primeira sessão ordinária desta Legislatura, quando se levantou na Câmara o assunto merenda escolar, eis que o governo de turno havia transformado a alimentação saudável de mais de 500 crianças em fast-food, e recebeu críticas da Casa por isso, o vereador João Batista Dias Magalhães (PMDB), líder do prefeito, foi à Tribuna ameaçar mostrar documentos “comprometedores” que dispunha quanto ao tratamento dado à merenda na gestão passada, prometendo trazer “na próxima sessão”, tais documentos.

Porém, passaram-se a próxima, a próxima e a próxima sessões e nada. O assunto em tela também acabou por ser esquecido pelos vereadores críticos da situação. Porém, se o governo municipal não logrou consertar a marmota em relação àquelas crianças, vem agora de demonstrar que há, sim, algo de errado com relação à merenda escolar no governo passado, mediante decisão do TCE, que não é um órgão julgador.

E o problema está relacionado ao primeiro contrato de terceirização feito pelo então prefeito Geninho, em 2011, cujo Tribunal de Contas do Estado julgou irregular, como também a concorrência realizada, no valor superior a R$ 4,69 milhões.

A decisão é de 27 de maio de 2014. A empresa em tela é a Starbene Refeições Industriais Ltda, empresa que até hoje, por via de “braços estendidos”, continua servindo merenda em Olímpia.

E como não podia deixar de ser, a edição de sábado passado da Imprensa Oficial do Município-IOM, trouxe  em sua página 3, a publicação do Decreto 6.778/2017, de 8 de maio, dispondo sobre constituição de Comissão de Sindicância, em atendimento a ofício do próprio TCE, chegado agora, em 2017.

A Sindicância Administrativa visa promover a apuração de eventual responsabilidade administrativa de agentes políticos e servidores públicos, “no que tange ao teor dos fatos constantes do TC-406/008/11 e TC-201/006/11 do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, respectivamente”. Fora designadas três funcionárias de carreira para procederem a sindicância.

As meninas têm prazo de 30 dias para o término dos trabalhos, prorrogável por igual período. Estas meninas vão poder oficiar a quem interessar possa para acompanhar os atos do procedimento a fim  de que lhes seja dada transparência, tão em voga nos dias que correm. O “relatório circunstanciado” irá, claro, para as mãos do prefeito, após a conclusão de tudo.

A problemática toda está em descumprimento de datas em relação à 8.666, a Lei das Licitações, e outras questiúnculas que, salvo juízo, dizem respeito ao aspecto jurídico do pleito licitatório.

E se ainda não nos falha a memória, o mesmo personagem que respondia por este setor na administração Geninho, continua a prestar este tipo de assessoria a Cunha. Embora claro que não se está culpabilizando ninguém antes que a sindicância termine, e outros personagens deverão surgir, mas o dado é registrado apenas como fato curioso em tudo isso.

MESMA EMPRESA
A mesma empresa que foi vencedora em 2015, venceu agora também a concorrência da merenda escolar. A DFA, um braço estendido da Starbene, a segunda fornecedora de merenda para as escolas de Olímpia. O governo municipal informa também que teria havido economia de 23% no valor final. Em 2015, o contrato foi de R$ 8,5 milhões, e uma eventual renovação com base na inflação passada, elevaria este valor para pouco mais de R$ 8,9 milhões.

No entanto, foi possível apurar que quando da assinatura de contrato com a DFA (Della Fattoria Alimentare Refeições Ltda.), de São Paulo, o “braço da Starbene Refeições Industriais”, também com sede na capital paulista, o valor fechado foi de R$ 7.595.878, e a oferta, segundo o governo de então, teria ficado mais de 8,5% abaixo do valor estipulado para o certame, que era de R$ 8.245.732,51, “praticamente igual ao que foi gasto em 2014 -R$ 7,6 milhões”.

O prefeito Fernando Cunha (PR) anunciou que o contrato então vigente, teve o valor de R$ 8.468,447, e que se gastou, até fevereiro deste ano, R$ 8.066.053,75.

Cunha diz que a proposta final alcançada foi de R$ 6,925 milhões, ou seja, cerca de R$ 2 milhões a menos (23%). Apurou-se, também, que esta redução obtida, pode ter custado um pouco da qualidade e diversificação do que é servido, porque a empresa, segundo informações, possuiria três tipos de cardápio, com três valores diferentes.

No ano passado, o então prefeito Geninho (DEM), teria optado pelo “classe A”, mais caro de todos. Cunha, assim, pode ter optado pelo intermediário, com menos variedade de produtos, para pagar mais barato e alardear economia.

Técnicos consultados entendem ser difícil a mesma fornecedora reduzir seus valores na proporção que teria reduzido, sem mudanças na oferta dos serviços, na mesma proporção. “É a lei do mercado”, dizem. Especulam que talvez a troca de merenda por “doguinho” em algumas escolas tenha algo a ver com essa redução.

Entre duas empresas, a própria DFA vencedora e a segunda colocada, a JNC Restaurante Ltda-EPP, a diferença de preços foi de apenas R$ 379,60. E da terceira colocada, a Snack Fornecimento de Refeições Eireli-ME para a primeira, a diferença foi de R$ 1.005.985,40.

PROCURA-SE A ÉTICA DO ASSESSOR DE IMPRENSA DE CUNHA

Dito e feito.

A assessoria de imprensa do prefeito Cunha (PR) confirmou nossas suspeitas. Ela tem, sim, seus veículos de informação preferenciais. Sonega, esconde informações para um veículo, com a finalidade de privilegiar outro. Resta saber até onde vai esta relação e que nível alcança.

Como já foi denunciado aqui, com base em matéria publicada na sexta-feira passada, 17, pelo semanário Planeta News, a reportagem do jornal procurou o representante da Comissão Permanente de Licitação da prefeitura, em busca do resultado da licitação da  merenda, que havia acabado de ser concluída, na quinta-feira, 16.

Foi remetida à secretária de Administração, Eliane Beraldo Abreu de Souza, que por sua vez a remeteu ao assessor-chefe da Imprensa do município, Bruno Guzzo (ela o citou nominalmente), alegando que cabia a ele a divulgação do resultado, uma vez que todos os dados lhe haviam sido passado, “conforme a determinação”.

Pediu que fosse encaminhado um e-mail com a solicitação, o que foi feito, segundo a reportagem por volta das 15h35. Aguardou-se até por volta das 18 horas, e nenhuma manifestação do senhor assessor.

Na matéria foi aventada a possibilidade do material solicitado em absoluta primeira mão pelo Planeta, ser encaminhado para o veículo preferencial do senhor assessor de imprensa, o que se confirmou.

Ressaltamos que o fato é inédito e absurdo, uma vez que, antes, sempre obtínhamos este tipo de informação junto aos responsáveis pelas Comissões de Licitação, sem intermediários, sem escamoteamento, sem temor. E que, também, sempre lidamos com secretários que tinham voz ativa sobre suas Pastas, davam informações, entrevistas, sem intermediários, sem escamoteamentos, sem temor.

E, por fim, sempre contamos (e até já atuamos por um certo período junto a ela) com uma assessoria de imprensa que jamais fazia distinção de veículos de informação, jamais “queimava” este ou aquele órgão, com base em seus melindres, chiliques ou descontentamentos. Era, comprovadamente, um setor imparcial e, acima de tudo, ético.

Mas, de qualquer forma, o que há a informar aos nobres leitores é que a mesma empresa que foi vencedora em 2015, venceu agora também. A DFA, aliás, é um braço da Starbene, para quem se lembra da primeira fornecedora de merenda para as escolas de Olímpia.

O governo municipal informa também que teria havido economia de 23% no valor final. Mas, diz que em 2015 o contrato foi de R$ 8,5 milhões, e que uma eventual renovação elevaria esta valor para pouco mais de R$ 8,9 milhões.

No entanto, quando da assinatura de contrato com a DFA (Della Fattoria Alimentare Refeições Ltda.), de São Paulo, o “braço da Starbene Refeições Industriais”, também com sede na capital paulista, o valor fechado foi de R$ 7.595.878, e a oferta, segundo o governo de então, teria ficado mais de 8,5% abaixo do valor estipulado para o certame, que era de R$ 8.245.732,51, “praticamente igual ao que foi gasto em 2014 – R$ 7,6 milhões”.

Aí o prefeito de turno anuncia que o contrato vigente, que expira no dia 6 do mês que vem, teve o valor de R$ 8.468,447, e que se gastou, até fevereiro, R$ 8.066.053,75. Ou seja, os números não batem entre um governo e outro.

Agora, Cunha diz que a proposta final alcançada foi de R$ 6,925 milhões, ou seja, pouco mais de R$ 2 milhões a menos (23%). Preferimos não especular a custa de que esta redução foi obtida. Pois isto também é inédito: a mesma fornecedora reduzir seus valores na proporção que teria reduzido, segundo o governo municipal.

Porque, ou o valor estava superfaturado antes ou foi subfaturado agora. Na última hipótese, é óbvio que valor reduzido implica em fornecimento reduzido na mesma proporção. É a lei do mercado. Talvez a troca de merenda por “doguinho” em algumas escolas tenha algo a ver com isso.

Um detalhe: observem que entre duas empresas, a própria DFA vencedora e a segunda colocada, a JNC Restaurante Ltda-EPP, a diferença de preços foi de apenas R$ 379,60. E que da terceira colocada, a Snack Fornecimento de Refeições Eireli-ME para a primeira, foi de R$ 1.005.985,40. Ou seja, típico para ficar fora. E as outras duas, típico para a vencedora, já fornecedora, vencer.

E assim todos viverão felizes para sempre.

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