Blog do Orlando Costa

Verba volant, scripta manent – ANO XVI

Tag: Assistência Social

A FUNÇÃO SOCIAL DA ASSISTÊNCIA X A FUNÇÃO POLÍTICA DO ASSISTENCIALISMO

Inacreditável que o governo municipal mande disparar uma notícia como essa:

Social remaneja moradores que viviam
debaixo 
da ponte para novos lares

E com este conteúdo:

A prefeitura da Estância Turística de Olímpia, por meio da secretaria de Assistência Social, em uma ação conjunta com a secretaria de Obras, Engenharia e Serviços e a Prodem, realizou a realocação de dois cidadãos que estavam vivendo debaixo de uma ponte na Avenida Aurora Forti Neves.

A ação iniciou com a equipe da Casa de Passagem, que durante diversos dias, efetuou trabalhos de convencimento com os dois moradores sobre os riscos de viver em condições sub-humanas.

De acordo com a secretária de Assistência Social, o trabalho da equipe, que culminou com o remanejamento dos moradores, teve como intuito convencê-los de que as precárias condições eram prejudiciais à saúde e coibia a interação social.

‘Nós não poderíamos ser coniventes com a situação de ambos. Sabemos que a constituição preza o princípio de ir e vir, mas o modo de vida dos dois senhores era inaceitável. Desta forma apresentamos soluções para eles, e durante este processo, eles cederam e concordaram em estabelecer um novo padrão de vida (?)’, explica a secretária.

Os dois cidadãos foram levados para novas moradias. Um deles, beneficiário de aposentadoria, foi convidado a morar em um rancho. O outro, aceitou as condições de vivência da Casa de Passagem e está no local. Os pertences de ambos foram entregues nas respectivas residências.

Etc, etc., etc….

Mais inacreditável ainda, é ver que a secretária Cristina Reale não perdeu a oportunidade de um “clic”, pasmem, senhores e senhoras, ao lado de um dos moradores da ponte. Com que intuito?, é a pergunta que não quer calar. E este “clic” foi distribuído à imprensa, junto com o texto.

Cometem-se erros crassos: o primeiro deles, ao fazer a abordagem, e esta nem sempre é calorosa e acolhedora, como se quer fazer crer; a segunda, distribuir release contando o feito, quando o que se pede é discrição máxima em situações como essas, por se tratar de pessoas já fragilizadas pela própria condição social; e, a mais execrável, expor este cidadão, com o fim único de “faturar” politicamente.

Mas, partindo da atual secretária, que trocou a função social da Assistência, pela função política do assistencialismo, não deveria surpreender ninguém. Mas surpreende àqueles cidadãos de bom senso e consciência social.

O profissional dessa área, chamado de Assistente Social, deve atuar no combate às desigualdades da sociedade, analisando, acompanhando e propondo soluções para melhorar as condições de vida tanto de crianças e adolescentes, quanto de adultos.

Observem bem acima: Analisando, acompanhando e propondo soluções.

Análises se fazem por meio de estudos técnicos embasados; acompanhamento se faz por técnicos comprometidos com a ética profissional e a isenção necessária para que não se “contamine” o resultado, e propor soluções não significa arrancar pessoas daqui ou de lá, enfiá-las em qualquer lugar, com certeza a contragosto, mas, sim, usar da inteligência cognitiva intrínseca à atividade para tratar de questões como essas ou outras mais complexas.

Se atirar como piloto suicida num universo existencial tendo como base norteadora das ações, a política pela política, qual seja, a politicagem, e não a política pública imune às interferências dos interesses imediatos e mesquinhos, é dar razão às críticas daqueles que têm, por princípio, a defesa da profissão, sua luta pela imunização ante às máculas dos antiprofissionais.

PS: o blog não vai reproduzir a foto feita pela secretária com o morador de rua, por respeito à pessoa deste sem-teto.

PS 2: Espera-se que a próxima atitude da secretária não seja instalar sob as pontes, cercas de tela ou mesmo arame farpado, para evitar que sinais do fracasso da investida venham à tona.

ISSO É MESMO NECESSÁRIO?

Reunião explicará aos moradores dúvidas
sobre a obra antienchente

Isso é mesmo necessário?

A Prefeitura da Estância Turística de Olímpia, por meio da secretaria de Assistência Social, realizará, nesta segunda-feira, 20 de fevereiro, uma reunião com os moradores do Bairro São Benedito. O encontro tem como objetivo explicar para as famílias os benefícios que a obra antienchente trará para o bairro e para o município.

Precisa “explicar os benefícios” da obra? Não basta apenas que os próprios moradores sintam no dia a dia e nos momentos críticos, os benefícios da obra?

Com caráter técnico-social, a reunião será realizada (…). Além da questão estrutural para o bairro, os profissionais, que estarão presentes, esclarecerão dúvidas sociais e como a obra facilitará e promoverá uma melhor qualidade de vida.

Precisa, mesmo, deste detalhismo acerca de uma obra que, se bem executada, proporcionará, na prática, a facilitação e promoção de uma melhor qualidade de vida?

Desta forma, todos estão convidados para participar da reunião e dialogar com os técnicos, fazer indagações, críticas e sugestões.

As críticas e sugestões não deveriam ser feitas caso a solução encontrada não resolvesse o problema? Quanto a indagar, indagar a respeito do que?

Outro dia foi isso:

Assistência reúne famílias beneficiárias do programa Renda Cidadã

E foi lá secretária, vice-prefeito, vereadores, diretores e demais asseclas falar com um público que o que menos queria, com certeza, era ser exposto.

“Primeiro encontro municipal do Programa Renda Cidadã”? Corremos o risco dos próximos serem feitos em locais maiores, tipo Estádio Teresa Breda?

Se é um público cativo do tal Renda Cidadã, para que “explicar sobre o programa”? E mais: “Novas propostas de atendimento, novos programas, projetos”? Como assim? Mudou o Renda Cidadã? Mudou a sistemática legal da Assistência?

E, por favor, secretária Cristina Reale, os que estão nos programas e projetos sociais não estão porque “é muito importante” participarem. Estão porque precisam. E ao vice-prefeito Fábio, um lembrete: É o povo que precisa da Secretaria, e nunca o contrário.

A menos que seja para, como é de se desconfiar, politicar com algo que demanda ações sérias e isentas do assistencialismo politiqueiro.

UMA QUASE ELUCUBRAÇÃO…

Embora tenha desconversado, a impressão que dá é a de que o vereador e presidente da Câmara olimpiense, Gustavo Pimenta (PSDB), pode vir a ser secretário municipal daqui dois anos. O blog não vai afirmar que tenha havido algum compromisso do prefeito Fernando Cunha (PR) com ele neste sentido, mas também não vai dizer que não.

Exemplo de sua tentativa de negação está publicado na edição de sexta-feira passada, 13, do semanário Planeta News, bem como em sua versão eletrônica (www.planetanews.com.br). A saber:

PN: Chegou a ser cogitado para compor alguma secretaria?
Pimenta: Sim, nós conversamos muito sobre isso, mas eu vejo que em vez de uma secretaria agora, nesse momento, numa administração nova, me sinto mais útil para a sociedade como vereador, até para adquirir mais experiência na vida pública. Então, essa opção eu fiz, de estar como vereador.”

Bom, fica claro no início da resposta que conversa houve, certo? Na entrevista ao jornal também foi perguntado se Pimenta ficou na Câmara, como presidente, para atender conveniência política de Cunha. Não vai aqui reproduzida a resposta, mas ele negou que assumir a Mesa Diretora fosse diretriz traçada pelo prefeito.

A reportagem do jornal perguntou então se daqui dois anos ele pode deixar a Casa de Leis e assumir uma secretaria. A saber:

PN: E a presidência são dois anos, 2017 e 2018. E para 2019/2020, existe a possibilidade de trocar a Câmara por uma secretaria, e se teria qual seria a preferência?”
Pimenta: Eu não posso negar que, inclusive, nesse meio tempo entre outubro e dezembro, eu tive duas reuniões com o Bruno Covas e também surgiu a possibilidade de ir para são Paulo. Surgiu o convite. Se esse convite voltar até lá, ele será bem analisado, com muito mais carinho.

E que outro convite se vier será bem analisado? Pimenta não disse. Mas em nível local esta possibilidade talvez seja até maior do que a de Covas. E isso vai depender muito do desempenho dos que hoje ocupam estas funções.

Mas é sabido que Pimenta não tem especialidades que o possibilitaria assumir determinadas Pastas, mas uma especificamente ele já dirigiu, e não foi dos piores dirigentes, pegou o setor numa fase de mudanças bruscas em níveis federal e estadual.

Montou uma equipe de técnicos que veio depois a dar suporte para que sua sucessora mantivesse e até ampliasse um pouco mais o nível de excelência que até agora a Assistência Social do município desfruta.

E com certeza é para lá que Pimenta tem seus olhos voltados. Mas aí entra a questão chamada conflito de interesses. Tirar um vereador, no caso uma vereadora, para por outro? Em que base esta decisão do alcaide poderá se apoiar? Talvez na do desempenho.

Algo no reino cunhista nos diz que Cristina Reale vai caminhar, pelo menos nestes próximos dois anos, sobre fina lâmina. Não vamos dizer “corda bamba” porque ainda não houve tempo para que ela sequer amarasse suas pontas. Depois que o fizer, saberemos o quão firme, ou frouxa esta corda se comportará.

 

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