Nos últimos dias foi possível perceber que há uma volúpia do governo municipal em jogar toda a culpa pelo descontrole com relação aos casos de dengue, para cima do cidadão olimpiense. E nessa conversa, percebe-se, muitos estão entrando, o que poderá aliviar a responsabilidade quase total que o poder público tem sobre esta problemática.

É possível detectar uma, digamos, diluição no apontamento dos pontos onde é possível encontrar-se focos de larvas do mosquito. O poder público tem concentrado sua atenção, e chamado a população a ter a mesma visão de sí, sobre os lixos e entulhos atirados aqui e ali.

Com isso, exime-se da responsabilidade de ter trabalhado com antecedência para evitar que estes lixos e entulhos tenham se acumulado em várias partes da cidade, e faz a “entrega” simbólica do troféu “porcolino” ao cidadão que, no frigir dos ovos, é mais vítima que réu nesta situação.

Lixo e entulho só são potenciais criadouros, não são criadouros da dengue por excelência. É preciso que haja elementos que contribuam para isso, como recipientes que acumulem água da chuva, tipo pneus, copos, tampinhas de garrafas, que por menor que seja podem vir a ser criadouros, garrafas etc.

Muito bem, um governo com equipes organizadas no setor de vigilância pode muito bem detectar estes focos de lixões e fazer neles um “pente-fino”, eliminando o perigo, quando não for possível recolher o lixo todo.

Vão dizer: “Você está maluco”. Não, não estou, respondo com segurança. A menos que não seja da obrigação do poder público cuidar do meio ambiente urbano, de forma a proporcionar bem estar e segurança aos contribuintes.

Não bastasse isso, surge a informação de que no ano passado, o governo municipal investiu menos 15% em Vigilância em Saúde, da qual os cuidados e o trabalho de prevenção contra a dengue fazem parte.

Ao mesmo tempo, ano passado este mesmo governo comemorou ter a cidade registrado somente 120 casos da doença nos 12 meses, ou seja, média de 10 casos por mês. Sendo assim, o que foi feito ano passado que não foi feito este ano?

Aliás, anos retrasado, porque o trabalho de prevenção do ano em curso é feito sempre no ano anterior. Ou seja, se em 2018 a situação esteve sob absoluto controle, é lícito deduzir que é resultado do trabalho em prevenção feito em 2017, certo?

E que se estamos nesta situação de agora, é lícito pensar que houve talvez negligência em 2018? Quem sabe deitaram em berço esplêndido dados os números de então? E, de repente, não contaram com o excesso de chuvas que caiu sobre a cidade?

Hoje o município conta o número de imóveis visitados e divulga para os cidadãos, como se estivesse fazendo um esforço hercúleo contra a dengue, esforço acima de seus limites. Porém, a doença está instalada e é fruto do excesso de focos espalhados pela cidade e pelas casas, que também são um caso sério.

Ademais, culpem-se os cidadãos onde nas casas hajam muitos focos da doença, mas ainda assim pode não ser meramente desleixo, pode ser reflexo da má-informação que tem recebido, via meios de comunicação locais e regionais.

Me lembro que em tempos não muito distantes, quando falávamos em dengue, o ponto de ataque eram os quintais e seus objetos “esquecidos” -pneus em um canto, uma tampinha do último churrasco, um brinquedo deixado de lado pelo filho, uma calha entupida, um vaso com água, o pratinho do cachorro ou o do leitinho do gato.

Enquanto a “guerra” foi doméstica, ela esteve sempre vencida. Quando se esqueceram deste microcosmo urbano e passaram a atacar o próprio povo pelos lixões que incomodam o poder público, porque dá gasto e trabalho, com certeza o povo se desligou dos pequenos detalhes em seu redor.

Por isso agora, que a situação está caótica, este mesmo poder público corre atrás deste microcosmo, tão mais perigoso, tão mais insidioso para a proliferação do mosquito que os lixões potenciais criadouros.

Erro crasso de gestão na área. E o povo sofre, porque não tem atendimento adequado, e ainda recebe a pecha de porcalhão por algo que é da obrigação exclusiva do governo e seus departamentos afins.