Resta saber qual será o posicionamento da Cãmara de Vereadores na segunda-feira, 9, durante a sessão ordinária, no que diz respeito à mais nova “bomba” do Governo Cunha (PR), qual seja, o possível (ou mais que possível, já decidido?) fechamento do Hemocentro de Olímpia, após 17 anos de serviços prestados à coletividade.

Sim, porque no que diz respeito ao prefeito e à provedora Luzia Contim, o clima é de tranquilidade e frieza. Ambos minimizam o fim do órgão na Estância Turística de Olímpia. Considerando que o esforço dos vereadores de nada valerá se Cunha não quiser cooperar, o posicionamento político deles frente à situação será muito importante.

O prefeito e a provedora não se mostraram preocupados com a situação nos vídeos em que deram entrevistas ao vivo a Leonardo Concon: ‘O fornecimento de sangue está garantido’, escanteou Cunha.

Tranquilos e seguros. Talvez indiferentes à questão. Frios. Estas foram as impressões deixadas pelo prefeito e pela provedora da Santa Casa de Misericórdia de Olímpia. No que depender deles, tudo indica, Olímpia vai mesmo perder mais um órgão estadual, igual a tantos outros já perdidos ao longo de sua história.

Contim diz não poder aumentar custos para o hospital, Cunha relativiza a importância do órgão para a cidade: “Uma e meia a duas transfusões por dia” não compensaria os R$ 24 mil mensais a pagar, é seu raciocínio.

Ambos garantem que Olímpia não vai ficar sem transfusões de sangue, problema que seria resolvido com uma parceria com o Hospital do Câncer de Barretos, possibilidade que Cunha também aventou.

“O fornecimento do sangue está garantido”, disse o prefeito, que criticou o fato de que o Hemocentro teria vindo operar em Olímpia a custo zero, apenas fazendo uso em comodato do prédio, “mas agora querem cobrar R$ 24 mil por mês”.

Cunha, inclusive, desdenhou o serviço prestado pelo Hemocentro a Olímpia. “Uma e meia a duas transfusões de sangue por dia, R$ 24 mil por dois exames de sangue”, minimizou, lembrando que a prefeitura tem dois laboratórios que poderiam suprir esta lacuna. “Prefiro que o Hemocentro saia de lá (prédio da Santa Casa) e vamos fazer a hemodiálise lá”, analisou.

O prefeito confessa que nunca falou diretamente com a diretoria do Hemocentro, conforme disse Tasso Carvalho e Silva, cujos assessores sempre o barravam dizendo que o Hemocentro era problema da Santa Casa. “Nunca falei diretamente porque está ao lado da Santa Casa”, observou o prefeito.

Dizendo que a implantação do Hemocentro via Ribeirão Preto “é uma solução de 20 anos atrás”, Cunha adiantou que todo o trabalho executado até então pelo órgão, será feito pelo município “por R$ 4 mil/R$ 5 mil”, além do que, “teremos o prédio de volta”.

Então, esta simplificação toda teria apenas este objetivo? O de pegar o prédio de volta, cujo comodato teria vencido em junho passado? Ou teriam outras coisas por trás de tudo, as abomináveis picuinhas políticas, por exemplo.

Porque, como cidadão nascido e quase criado no todo nesta urbe, me dói na alma saber que a cidade está prestes a perder mais um equipamento de uso contínuo e popular, como tantos outros já perdidos.

E acredito que doa também na alma de tantos quantos acham que já chegou o momento da cidade se afirmar também como polo regional e político. Já chegou a hora de acabar com as improvisações. Cunha pegou uma Olímpia fervilhante, caminhando à frente a passos largos. E a desligou. Empacou. Deu à “locomotiva” a velocidade de uma carruagem. Agora, falta pouco mais de dois meses e meio para acabar o ano. E o que terá Cunha para apresentar como balanço de sua gestão, se não a tibieza e a falta de objetividade?