“Hoje estou aqui!”

Foi assim que o secretário municipal de Turismo, Luis Antônio Moreira Salata, vereador licenciado do PP se manifestou a respeito do intenso zum-zum-zum que correu pelos bastidores esta semana. Chegou-se a dar como favas contadas a sua volta para a Câmara, desalojando de lá seu suplente, Tarcísio Cândido de Aguiar, o Sargento Tarcísio (PRB).

Sabe-se que o secretário conversou na tarde de ontem com a reportagem do semanário Planeta News, quado foi questionado sobre tais rumores. Salata classificou de “fofoquinha” o que tem circulado sobre sua saída da Pasta, observando que “ela vem de muito tempo”. Diz estar lá “cumprindo agenda, apesar das dificuldades de pessoal”, pois foi uma Secretaria fundida, juntando três outras pastas.

No início de seu Governo, o prefeito Fernando Cunha (PR) extinguiu a Secretaria de Agricultura, formando assim uma Secretaria conjunta: Turismo, Agricultura e Indústria e Comércio. Agricultura tornou-se apenas um Departamento, malgrada a importância do setor para a cidade. E aí está um ponto a ser ponderado já, já.

Salata não demonstra estar preocupado com sua permanência ou saída da Secretaria. Pelo menos não deixa transparecer, se de fato estiver. “Não tenho apego a cargo, aliás, tenho uma vida simples, quase Franciscana, e estou aqui a convite do prefeito. Mas, se for da vontade dele e tiver que voltar para a Câmara, o farei também, pois estou a serviço de Olímpia”, discursa.

Mas, não é segredo para os mais próximos e os da política, a insatisfação latente do vereador-secretário frente à Pasta, conforme deixa antever na frase: “Só preciso de instrumentos para trabalhar cada vez mais por Olímpia”. Ou seja, faltam-lhe instrumentos, ainda, após sete meses? Estes instrumentos podem ser traduzidos por recursos humanos, estrutura, apoio político e, sobretudo, financeiros.

 

TABULEIRO DE XADREZ
A saída ou permanência de Salata e sua consequente volta para a Câmara, mexe inteiramente no tabuleiro do Legislativo e na composição da base política do prefeito Fernando Cunha (PR).

Sim, porque Salata, uma vez retornando à vereança, dada as circunstâncias relatadas acima, não estará, como se diz, enquanto vereador, de bons amores com o Executivo, eis que estaria deixando a Pasta por excesso de contrariedades e falta de apoio ao seu trabalho.

Sua volta implicaria na saída de Tarcísio Aguiar, hoje ferrenho defensor de Cunha na Casa. Este, por sua vez, poderia vir a ser “premiado” com um cargo talvez de secretário, ou diretor. Mas, os rumores dão conta de que Cunha estaria propenso a recriar a Secretaria de Agricultura e lá acomodar seu “soldado”.

E, ainda no âmbito dos rumores, o seu “ungido” para ocupar a Secretaria de Turismo, em lugar de Salata, seria o vereador Selim Jamil Murad, do PTB, partido do candidato a prefeito derrotado em outubro, Beto Puttini, de cuja coligação fez parte, mas, digamos, sem lá muita convicção.

Sendo assim, voltaria para ocupar uma cadeira na Casa, o vereador-suplente Marco Antônio Parolim de Carvalho, o Marcão Coca, do PPS, outro que integrou a coligação de Puttini, e continua muito próximo do ex-prefeito Geninho Zuliani, do DEM. Neste caso, Coca terá que fazer a opção: vereador ou prestador de serviços para o município, onde tem contratos com a prefeitura.

Mas, percebam a linha fina que Cunha estaria tecendo, o que lhe exigiria habilidade política e visão macro de futuro administrativo. Porque perderia, em tese, dois fortes componentes de sua base, Tarcísio mais ainda, porque está sempre na defesa incondicional do prefeito.

Coca voltando, como se comportará? Será sempre o suplente à mercê dos humores de Cunha? Terá independência a ponto de garantir espaço político? Ou apenas “cumprirá tabela”, conforme o jargão futebolístico. Mas o alcaide estaria sempre “pagando pra ver” (observem as aspas, portanto não se trata do sentido estrito do termo, certo?).

Brincadeiras à parte, a Casa de Leis, com esta “virada na mexida” ficaria, digamos, um pouco mais agitada? Um pouco mais turbulenta? Um pouco mais problemática para o prefeito? A resposta para todas estas pergunta é: sim.

Basta nos lembrarmos que Salata estaria de volta, defenestrado de um cargo importante, por questões de não afinidades político-administrativas. Basta dizer, ainda, para usar um termo chulo, que ele estaria voltando “com sangue nos olhos”. A Casa de Leis passaria a contar com um debatedor e questionador experiente e que sabe provocar, incendiar, quando preciso.

Seria um inimigo e tanto do governo que, ao mesmo tempo, estaria perdendo uma voz considerável lá dentro, a de Tarcísio, sabedores que somos que seu atual líder, João Magalhães (PMDB), não é dos melhores oradores, embora sua experiência legislativa, nem tampouco forte nos embates. Mormente com Salata, de quem ele perdeu todas, até hoje.

A ver. Estão rolando os dados. (Estão?)