Está na edição de hoje do semanário Planeta News: “Câmara põe diretor da UPA sob suspeição”. O que significa isso? Para simplificar, basta explicar que, a partir de agora, e a menos que o prefeito Cunha (PR) tome as rédeas da coisa e evite o leite derramar, o confronto está declarado. Estar sob suspeição significa estar sob dúvida, desconfiança, suspeita.

O incidente já foi narrado aqui na quarta-feira assim, por alto, mas o texto do jornal trás os pormenores, contados pelo próprio vereador envolvido no “imbróglio” e os seus desdobramentos. Vale a pena ler o texto que segue publicado abaixo.

. Um incidente aparentemente sem importância registrado na semana passada na Unidade de Pronto Atendimento-UPA, entre o vereador Antonio Delomodarme, o Niquinha (PTdoB) e um vigia de portaria não identificado na denúncia, acaba de respingar no próprio prefeito Fernando Cunha (PR), no presidente da Câmara de Vereadores, Gustavo Pimenta (PSDB), colocando os dois poderes em confronto ainda não declarado, e fez com que o novo diretor da Unidade, médico Lúcio Flávio Barbour Fernandes, fosse colocado, a princípio, sob suspeição pela Casa de Leis.

O que Niquinha quer, e para isso pediu e recebeu o apoio dos colegas na sessão de segunda-feira, 8, é que aquele vigia que, segundo ele, o “peitou”, seja transferido de lá e passe por uma reciclagem, “para aprender a lidar com o ser humano”.

A maioria absoluta da Casa de Leis ratificou a intenção de Niquinha, que disse ainda que o vigia agiu a mando do diretor da Unidade. Por essa razão, outro pleito a ser feito ao Executivo é o de tomar medidas contra o profissional, ameaçado de ter revelados problemas vividos em outros municípios onde atuou.

Barbour Fernandes, que consta ter vindo para Olímpia a convite do vice-prefeito, Fábio Martinez, teria sido o responsável pelo acirramento dos ânimos da Câmara Municipal contra ele. Segundo a assessoria da presidência, houve um contato preliminar com o médico no dia seguinte ao episódio do vereador com o vigia, mas dissociado do fato.

O assessor de Cerimonial, Márcio Matheus Gonçales, junto com o chefe de Gabinete da presidência, Rui Rodrigues de Castro Filho, foram à UPA em visita de cortesia, onde foram recebidos pelo médico. Conversaram, os dois funcionários, com a anuência do presidente, colocou a Câmara e as bancadas de vereadores à disposição dos interesses da direção da UPA, mas houve divergência quando o assunto chegou à vereança.

Gonçales propunha tratamento diferenciado a vereadores, quando não em visita formal, mas o médico não concordou, dizendo, segundo ele, que vereador tinha que ter o mesmo tratamento de cidadãos comuns. E quando tocou no assunto do vigia, Barbour Fernandes teria se negado a admitir qualquer possibilidade de transferência.

Não bastasse isso, ainda segundo a narrativa de Gonçales e Castro Filho, o diretor da UPA teria procurado em seguida o prefeito e dito que o assessor cerimonialista havia “metido o dedo em sua cara”, o que o assessor nega. Isso fez com que Cunha ligasse para o presidente Pimenta em tons pouco amistosos, de acordo com a narrativa do próprio presidente.

“Foi um fato lamentável”, disse Niquinha da Tribuna na segunda-feira. Sua sogra estava internada na UPA com problemas de pressão alta desde a noite anterior, contou, e de manhã foi visita-la. Como a esposa entrava e saía a cada 20 minutos somente, ele teria ido até o vigia da portaria e solicitado permissão para entrar “rapidinho”, o que foi negado. O vigia o teria mandado “aguardar lá fora”, nas duas vezes em que pediu a permissão, segundo ele, de “forma imponente”, ao que ele teria obedecido.

Depois, decidiu se identificar como vereador. “Ele disse que sabia que eu era vereador e que, por isso mesmo, aguardasse lá fora”. Da Tribuna da Câmara, Niquinha, que conforme disse “foi eleito para ser agente fiscalizador”, disse que o vigia “ignorou isso”. Disse ainda que à tarde, quando foi buscar sua esposa, este mesmo vigia que conversava com uma das atendentes, “me olhou e riu”, o que considerou “um desrespeito ao vereador”. Além disso, disse, “o assessor e o chefe de Gabinete foram maltratados pelo médico” durante a visita posterior a este fato.

Para o vereador, “é questão de honra” o vigia ser transferido. “Um vigia tem que ter educação para tratar o ser humano”. Quanto ao médico ter dito aos assessores que “se um vereador falar alto aqui nós vamos falar mais alto ainda”, avaliou que ele está “partindo para o lado errado”. Que está há pouco tempo na cidade “e quer ‘peitar’ vereadores? Eu não aceito”, contestou. Niquinha disse ainda que está “levantando a ficha” do médico, que o levará ao “espinhaço” dele, sem especificar a que se referia.

PRESIDENTE
Já o presidente da Casa, Gustavo Pimenta, disse da Tribuna que está elaborando “uma obra literária” para o médico, mas que falaria sobre o assunto somente na próxima sessão, dia 22. “Esta situação precisa ser dirimida entre esta Casa e o Executivo”, sugeriu. “Vou me limitar a estas palavras, mas volto para fazer comentários sobre o que aconteceu”, prometeu.

“O vereadores têm, sim, o direito de fiscalizar. Mas, se numa visita informal é tratado desta forma, imaginem em situação formal. Vai ter que ser escoltado?”, perguntou. “Este vigia precisa passar por uma reciclagem, ele não está preparado”, finalizou.

SEM RESPOSTA
A reportagem do Planeta News encaminhou à assessoria de imprensa do prefeito Fernando Cunha, via e-mail, pedido de manifestação sobre o assunto, tanto dele quanto do médico citado, ou de um dos dois, com o seguinte teor:
“Prezados senhores(as) da assessoria de imprensa: Tem este a finalidade de saber se o prefeito Fernando Cunha, ou o médico Lúcio Flávio Barbour Fernandes têm interesse em se manifestar a respeito do entrevero havido com o vereador Antonio Delomodarme e um vigia não identificado da UPA, na semana passada, já que o caso chegou até o prefeito, ele se manifestou em privado com o presidente da Câmara, e a Casa de Leis está exigindo que o vigia seja transferido. O prefeito tem algum posicionamento a respeito? O médico quer se manifestar, de preferência por escrito?”

No entanto, até às 18h30 de ontem, prazo máximo para o início da paginação eletrônica do jornal, a assessoria não havia dado qualquer satisfação à redação.