Por que Cunha (PR) rejeita tanto o ex-prefeito Geninho (DEM), não se sabe. Mas é um fato, a julgar pelas atitudes e decisões após ter assumido o cargo que o outro deteve por oito anos, sediado no Palácio da Rui Barbosa, 54.

Engraçado que antes da posse, Cunha não o demonstrava tanto, haja vista que a relação de ambos, no período de transição, era das mais amistosas, com direito até a elogios pelo legado feitos por Cunha.

Que tão logo tomou posse passou a destilar sua ojeriza com relação ao governo passado. De público ele tece críticas a determinadas coisas relacionadas àquele governo. Mas, na intimidade, dizem interlocutores, destila críticas ácidas a ele, e a tudo e todos que o lembram, enquanto ex-prefeito. Bom, vá lá, são coisas da mente, coração e alma. Sim, políticos também as têm.

Porém, o que pode estar havendo aí, na verdade, é a intenção de se distanciar do que foi ou representou o governo passado, frente àquilo que já se cristaliza no imaginário popular: que a atual gestão pode não sair do lugar a continuar com esta dinâmica que se tem visto.

Porque, se bem observado, já estamos quase na metade do quinto mês de governo, e nada de concreto, nenhuma ideia nova, nenhum projeto arrojado ou nem tão arrojado, que seja, emanou até agora da gestão Cunha.

Observem que as ações do prefeito tem se pautado em tentar dar continuidade ou iniciar obras e projetos a ele legados pelo governo passado. E olha que nem isso tem dado conta de fazer, quando observado de perto e atentamente. Ou segue a passos de tartaruga.

Tão lenta é esta administração que a única obra de peso – e o próprio prefeito não esconde que o projeto é da gestão passada – a do prolongamento da Aurora Forti Neves, por mais cerca de 1,5 quilômetro, teve aporte do Termas dos Laranjais, claro que num “escambo” com impostos e taxas, para poder ser levada a efeito. Ainda assim, para salvaguardar a urgência-urgentíssima do próprio clube.

Outra grande obra, no entanto, da qual depende apenas a capacidade de articulação do prefeito, a estação de tratamento de esgoto, do outro lado da SP-425, está parada já há quase quatro meses e meio neste governo, e esteve parada por outros tantos meses no governo passado. Mas competiria a este resolver a situação, por mais complexa que seja.

Foi anunciado recentemente que a urbanização da Aurora Forti Neves, no trecho entre a Benjamin Constant e Constitucionalistas de 32 seria retomada. E lá se vão pelo menos quinze dias e nada. Sem contar a “obrinha” desta mesma avenida, para conter inundações na região baixa do São Benedito, que parece estar sendo feita para esperar o segundo centenário olimpiense.

A estação de captação e tratamento de água do Jardim Luiza, a “ETA seca”, Cunha já anunciou que não levará adiante, propondo para aquela região um poço profundo e suas interligações. Mas, cadê o movimento por aquelas bandas?

Anunciou a aprovação do projeto de revitalização e transformação da Estação Ferroviária em um centro cultural, mas trata-se de ideia e projeto modificados do governo passado. O mesmo se pode dizer da transformação da Avenida dos Olimpienses (e não “Brasil” como ele mesmo a chamava até pouco tempo), que teve projeto herdado da gestão passada, também modificado.

Aliás, mudanças neste governo, só naquilo que não precisava. Pelo menos nos primeiros momentos. Cunha parou a máquina por pelo menos este período inicial de governo, para “apagar” todas as  digitais do governo passado. Um “capricho” político que lhe custou caro, porque despertou o sentimento crítico em relação a seu governo precocemente, até entre seus eleitores.

Trocou pessoas, e nem sempre por outras mais conhecedoras dos setores a que foram destinadas, implantou metodologias desnecessárias num primeiro momento, permitiu que gente de sua confiança implantasse o terror contra funcionários altamente capacitados herdados da gestão passada, trocados por outros, salvo raras exceções, medíocres; não solucionou as prioridades prometidas, ao contrário, em alguns muitos casos, as piorou, exemplo da saúde.

E assim segue o barco cunhista, que apenas deu uma respirada em termos de apelo popular, ao facilitar o ingresso de torcedores ao estádio em partida decisiva do Olímpia FC, e agora novamente, no jogo final, concretamente suas duas tiradas marquetológicas que resultaram positivas.

Mas, observem que o Olímpia FC não é obra dele, já existia antes de sua chegada a Olímpia, de muito tempo, e apenas lhe foi uma “escora”, uma “tábua de salvação” temporária.

O problema é que, até agora, quando não tem uma manchete e um texto raivoso contra o ex-prefeito, Cunha também não tem uma manchete e um texto consistente de seu governo, a detalhar alguma medida de cunho próprio.

Tudo vem dos outros. Tudo vem “de fora para dentro”. Tudo vem da gestão passada. Assim fica difícil de emplacar o governo. Que, aliás, politicamente começa também a dar sinais de isolamento. Em suma: se não fosse o Olímpia FC…