Inacreditável que o governo municipal mande disparar uma notícia como essa:

Social remaneja moradores que viviam
debaixo 
da ponte para novos lares

E com este conteúdo:

A prefeitura da Estância Turística de Olímpia, por meio da secretaria de Assistência Social, em uma ação conjunta com a secretaria de Obras, Engenharia e Serviços e a Prodem, realizou a realocação de dois cidadãos que estavam vivendo debaixo de uma ponte na Avenida Aurora Forti Neves.

A ação iniciou com a equipe da Casa de Passagem, que durante diversos dias, efetuou trabalhos de convencimento com os dois moradores sobre os riscos de viver em condições sub-humanas.

De acordo com a secretária de Assistência Social, o trabalho da equipe, que culminou com o remanejamento dos moradores, teve como intuito convencê-los de que as precárias condições eram prejudiciais à saúde e coibia a interação social.

‘Nós não poderíamos ser coniventes com a situação de ambos. Sabemos que a constituição preza o princípio de ir e vir, mas o modo de vida dos dois senhores era inaceitável. Desta forma apresentamos soluções para eles, e durante este processo, eles cederam e concordaram em estabelecer um novo padrão de vida (?)’, explica a secretária.

Os dois cidadãos foram levados para novas moradias. Um deles, beneficiário de aposentadoria, foi convidado a morar em um rancho. O outro, aceitou as condições de vivência da Casa de Passagem e está no local. Os pertences de ambos foram entregues nas respectivas residências.

Etc, etc., etc….

Mais inacreditável ainda, é ver que a secretária Cristina Reale não perdeu a oportunidade de um “clic”, pasmem, senhores e senhoras, ao lado de um dos moradores da ponte. Com que intuito?, é a pergunta que não quer calar. E este “clic” foi distribuído à imprensa, junto com o texto.

Cometem-se erros crassos: o primeiro deles, ao fazer a abordagem, e esta nem sempre é calorosa e acolhedora, como se quer fazer crer; a segunda, distribuir release contando o feito, quando o que se pede é discrição máxima em situações como essas, por se tratar de pessoas já fragilizadas pela própria condição social; e, a mais execrável, expor este cidadão, com o fim único de “faturar” politicamente.

Mas, partindo da atual secretária, que trocou a função social da Assistência, pela função política do assistencialismo, não deveria surpreender ninguém. Mas surpreende àqueles cidadãos de bom senso e consciência social.

O profissional dessa área, chamado de Assistente Social, deve atuar no combate às desigualdades da sociedade, analisando, acompanhando e propondo soluções para melhorar as condições de vida tanto de crianças e adolescentes, quanto de adultos.

Observem bem acima: Analisando, acompanhando e propondo soluções.

Análises se fazem por meio de estudos técnicos embasados; acompanhamento se faz por técnicos comprometidos com a ética profissional e a isenção necessária para que não se “contamine” o resultado, e propor soluções não significa arrancar pessoas daqui ou de lá, enfiá-las em qualquer lugar, com certeza a contragosto, mas, sim, usar da inteligência cognitiva intrínseca à atividade para tratar de questões como essas ou outras mais complexas.

Se atirar como piloto suicida num universo existencial tendo como base norteadora das ações, a política pela política, qual seja, a politicagem, e não a política pública imune às interferências dos interesses imediatos e mesquinhos, é dar razão às críticas daqueles que têm, por princípio, a defesa da profissão, sua luta pela imunização ante às máculas dos antiprofissionais.

PS: o blog não vai reproduzir a foto feita pela secretária com o morador de rua, por respeito à pessoa deste sem-teto.

PS 2: Espera-se que a próxima atitude da secretária não seja instalar sob as pontes, cercas de tela ou mesmo arame farpado, para evitar que sinais do fracasso da investida venham à tona.