André Nakamura, tido pelo site “Diário de Olímpia” como “discípulo” de José Sant’anna no que diz respeito às coisas do Folclore, acaba de descer à terra das nuvens para, segundo o site citado, “jogar terra” no debate, dirimir as dúvidas quanto à vinda ou não do grupo Maria Bonita à 53ª edição da festa, em agosto, representando o Estado do Ceará.
Mas, o advogado, folclorista, editor do Anuário de Folclore, no qual publicou inúmeros artigos, desde a época do professor Sant’anna, e jornalista, mais confunde que explica a situação. Ele enviou ao site citado sua manifestação “sobre a discussão em redes sociais da decisão da Secretaria de Cultura de Olímpia em rever a escolha feita no ano passado de um grupo parafolclórico do Ceará ser homenageado, representando o seu Estado, na edição vindoura do Festival”.
“A questão é puramente financeira de ambos os lados, mas a rede social é celeiro fácil de opiniões nem sempre bem fundamentadas, daí o artigo enviado hoje (24) ao Diário”, relata seu editor, Leonardo Concon.
Mas, Nakamura nada explica, não deixa pedra sobre pedra, não coloca os pingos nos iis, prefere manifestar de forma tardia seus descontentamentos com os organizadores da festa, ao longo de muitos anos. Confirma o que este blog já afirmara ainda ontem, que a cada edição do evento, há uma disputa dissimulada de egos, sempre o maior algoz do Fefol.
Nakamura presta um grande serviço ao público ao liberar este texto, porque nele revela aquilo que muitos desconfiavam, mas não tinham certeza: nunca houve consenso entre aqueles que tinham a responsabilidade de cuidar de nossa festa maior, a ponto de o presidente de turno, no caso ele, chegar não entendendo muitas das decisões, não concordando com elas, porém não tendo o poder ou a disposição, que seja, de mudá-las. Leiam, abaixo, a íntegra do texto:
“Por André Nakamura – Leonardo, parabéns pela excelente reportagem. Até então estavam sendo feitas alegações firmemente fundamentadas, “em nuvens”. Você elucidou os fatos.
Considero oportuno reafirmar que não há nenhum “compromisso” do Município da Estância Turística de Olímpia com qualquer grupo específico. Trata-se de homenagens a Estados brasileiros, a “unidades da federação”, e não a grupos, sejam folclóricos, sejam parafolclóricos.
Essas homenagens a Estados se iniciaram no 42º Festival do Folclore, ocasião em que lamentavelmente fui presidente da Comissão Executiva. Assumi quando o cartaz já estava pronto. Quando indagado acerca do porquê da homenagem ao “folclore paraense”, afirmava que desconhecia o critério, e até mesmo se havia algum. Nesse mesmo cartaz, não há um grupo específico do Pará.
Nas anteriores edições do Festival, grupos folclóricos, na maioria, eram motivo do cartaz. O Grupo Parafolclórico “Terra da Luz”, de Fortaleca/CE, inclusive, foi motivo do cartaz no 37º FEFOL.
Por que o Pará? Não sei.
O Estado da Bahia, por exemplo, poderia ter sido o primeiro (o Brasil começou lá). Ou, melhor ainda, o Estado de São Paulo, no qual se criou, em Olímpia, o Festival doFolclore (lembrando que em 2006, o Recinto de Exposições e Praça de Atividades Folclóricas “Prof. José Sant’anna” completava 20 anos).
As “homenagens” continuaram, na seguinte ordem: Minas Gerais, em 2007 (não me pergunte o motivo); Paraíba, em 2008 (?). Em 2008, haveria eleições para Prefeito. A Comissão Executiva na ocasião não se pronunciou, ao final do evento, sobre homenagear algum Estado. Em 2009, nenhuma unidade da federação foi enaltecida; O Município de Olímpia foi então homenageado.
No 45º FEFOL, retomaram-se as “homenagens”: Paraná (2010); Rio Grande do Norte (2011); Rio Grande do Sul (2012); Mato Grosso (2013). No cinquentenário do Festival (20 14), finalmente, São Paulo; Em 2015, Pernambuco, e, em 2016, Espírito Santo.
Note-se que, quanto ao festival de 2012, havia integrantes de diferentes grupos gaúchos no cartaz, e que, no do cinquentenário, não havia imagem em destaque de grupo nenhum, folclórico ou parafolclórico.
No cartaz do 51º Fefol, também não há foto de nenhum grupo parafolclórico conhecido, apenas ilustrações de figuras de maracatu.
Após sua reportagem exclusiva, ouvi estranhos rumores, e li declarações em redes sociais da internet (fundamentadas “no ar”, constatamos depois) de que “isso não pode”, porque tudo está “acertado” com entidades estatais cearenses (conheço várias pessoas ligadas a folclore, de diversos grupos parafolclóricos, desse Estado). Procurei saber sobre a existência de “contrato”, “convênio” ou qualquer outro “compromisso” de entidades ou órgãos públicos de lá com Olímpia. Obtive a mesma informação. Houve até quem gracejasse dizendo que, mesmo se o próprio Lampião e a Maria Bonita ainda estivessem vivos, não tinha nada certo” sobre participação do governo do estado (e também da prefeitura de Umari), em festival de folclore, pois inúmeras outras eram as prioridades dos governantes no momento.”
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