No dia 10 de janeiro passado, publicamos aqui um texto que indagava a quem de direito, em qual local seria realizado o festejo de Momo este ano, já que o próprio prefeito havia dito não gostar do uso que se faz da praça, seja lá o que isso queira dizer.

No final de semana surgiram fortes rumores, aliás quase confirmação (falta a palavra oficial) de que a festa seria mesmo realizada no Recinto do Folclore. O Carnaval começa no dia 25 de fevereiro. De qualquer forma, uma coisa é certa: na praça não será mais.

Provavelmente a vetusta burguesia habitante dos “espigões” centrais deve ter feito um apelo ao prefeito para que a mudança ocorresse. Nunca aprovamos o Carnaval na praça, de qualquer forma, mas com certeza por razões diferentes das do prefeito.

Inicialmente ele chegou a cogitar a Avenida Aurora Forti Neves, onde por muitos anos os festejos se realizaram e, depois, por sugestão do prefeito de então, a festa foi trazida para a praça, com anuência das escolas.

Lembrando que foi há exatamente 10 anos que a festa saiu da Aurora Forti Neves e voltou para as praças da Matriz e Rui Barbosa.

E agora, ao que se comenta, de novo as escolas estariam concordando com a mudança para o Recinto, um inusitado e inapropriado local, sem sombra de dúvidas, por “ene” razões. A começar pelo trajeto pensado, de cerca de 300 metros no máximo. Também há questões de infraestrutura sérias para serem resolvidas lá.

Mas, isso parece ser o de menos (ou tanto faz). Iluminação é uma delas. Acomodação do público é outra. Arquibancadas? Tem pra todo mundo?

Temos a impressão de que a sanha minimalista do prefeito Cunha contaminou o Carnaval de rua. Ou a ideia digna de um “jerico golden award” ainda não está em suas mãos de forma oficial.

O Recinto do Folclore pode ser ainda o local tanto para os desfiles quanto para os bailes diurnos e noturnos. Houve um tempo em que os desfiles carnavalescos eram realizados na avenida, e os bailes na “barraca da Fenossa”, no Recinto, então chamado “Wilson Zangirolami”.

Era o famoso “puxa-teta”, “risca-faca”, “baile dos pobres” e toda sorte de alcunha que o ferino linguajar popular destilava. Talvez seja um “revival”, então, uma atitude saudosista, daquelas tipo trazer o passado para o presente, “tradicionalismo”, entendem?

Contudo, um argumento possível será o da necessidade de se fazer algo mais simples (e o reducionismo financeiro faz sempre vítima aquilo que é do povo, da cultura, da manifestação popular), do tipo, “qualquer coisa serve, vamos fazer por fazer”. E fazer o Carnaval no Recinto já é “qualquer coisa”.

Mas, se não se quiser fazer o “qualquer coisa serve” ali, não há que se falar de economia. Porque investimento em infraestrutura será a pedra de toque naquela localidade, acreditamos, pois ali precisa-se de tudo. A começar pela iluminação. Não se faz Carnaval no escuro, pelo que saibamos.

Uma das muitas razões também para a mudança há dez anos da avenida para a praça (reforçando: com o que não concordamos) foi para atender pedido da Polícia Militar, em função da necessidade de uma vigilância maior, uma segurança maior aos foliões e às pessoas que para a festa iriam.

Lembrando ainda, que quando o Carnaval, na era Carneiro (2001-2004/2005-2008), era realizado na Avenida, esta era totalmente cercada com tapumes de latão e o carnaval se realizava “lá dentro”, por medo da violência. Até que se decidiu pela sua transferência para a praça, em fevereiro de 2007. E toma-lhe grades e “curralzinhos”.

Mas, é preciso aguardar para ver o que será feito este ano em torno do evento, sob responsabilidade da Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Lazer. Até o final de semana, a informação oficial que se tinha era a de que não havia nada definido, ainda se estaria em busca de parcerias e que nesta semana, em coletiva, se anunciaria o projeto.

Veremos que surpresas nos aguardam.