Quem externou tal pensamento, nos primórdios da humanidade, quando ainda se buscava os caminhos do entendimento humano, foi Sócrates. Inteiro, ele é assim: “Só sei que nada sei, e o fato de saber isso, me coloca em vantagem sobre aqueles que acham que sabem alguma coisa.” Assim o sábio reagiu ao pronunciamento do oráculo de Delfos, que o apontara como o mais sábio de todos os homens.

Sócrates dizia que sua sabedoria era limitada à sua própria ignorância. Segundo ele, a verdade, escondida em cada um de nós, só é visível aos olhos da razão. Ele acreditava que os erros são consequência da ignorância humana.

Pois não é que o prefeito Geninho (DEM) fez hoje uma quase-referência a Sócrates, ao responder questionamento sobre provável propina recebida do Grupo Scamatti, concessionário na cidade da coleta de lixo, via MultiAmbiental?

Seriam quase R$ 220 mil ou quase R$ 240 mil conforme valores apresentados por dois veículos de informação – Planeta News, de Olímpia, e Diário da Região, de São José do Rio Preto, respectivamente.

“Queria deixar claro à toda população que a prefeitura de Olímpia, desde 2009, tem adotado medidas para que cada certame licitatório seja o mais transparente possível, inclusive na implantação do pregão presencial, e agora do pregão eletrônico. Todas as licitações foram pautadas nos princípios que regem a lei federal 8666”, começou o alcaide.

“Nunca tive envolvimento pessoal e ninguém de nossa administração teve envolvimento pessoal. Então, como as investigações estão avançando, tenho certeza que no desfecho dela, a cidade de Olímpia terá um final feliz no tocante a esta possível citação da cidade”, continuou.

“Estamos com a administração cada vez mais pautada na transparência, no zelo do dinheiro público, nas questões administrativas que fazem a redução dos gastos e do custeio diário de uma prefeitura, que precisa lutar para baixar os custos, para sobrar recursos para investimentos”, afirmou.

“No que tange a possíveis envolvimentos do nome de Olímpia, quero deixar todos tranquilos que nós nunca se envolvemos (sic) e nunca vamos deixar se envolver (sic) com fornecedores da prefeitura”, asseverou. De acordo com o prefeito, a MultiAmbiental coleta o lixo de Olímpia porque, “sem dúvida, foi a que ofereceu menor preço”.

“Nosso lixo é destinado para Onda Verde, a MultiAmbiental faz toda coleta. Nós temos pesquisas de avaliação com mais de 95% de qualidade na coleta de lixo. A MultiAmbiental vem trabalhando bem, com um dos menores preços da região. Portanto, não temos nada a se opor (sic) ao trabalho dela em Olímpia.” E quanto a alegada propina? “De forma nenhuma (ela existe).”

´DINHEIRO FOI PARA PROPINA’
O Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado-Gaeco de Rio Preto não tem mais dúvidas de que a planilha financeira encontrada na casa do empresário Olívio Scamatti contabilizou pagamentos de propinas a agentes públicos. A confirmação ocorreu a partir do cruzamento de informações existentes no documento e as interceptações telefônicas – autorizadas pela Justiça – realizadas durante a investigação que antecederam a operação Fratelli.

Entre os pagamentos suspeitos estão aqueles feitos em nome de “Palestina” e “Neves (Paulista)” no dia 5 de março deste ano. De acordo com os promotores de Justiça, foi o mesmo dia em que o Gaeco flagrou o funcionário do Grupo Scamatti com envelopes de dinheiro que seriam entregue a representantes do município.

“Não existe mais dúvida de que o dinheiro foi para a propina”, afirmou o promotor de Justiça Evandro Ornelas Leal, que abriu investigação para identificar os nomes de políticos que aparecem na lista. “Usamos por exemplo as escutas telefônicas”, disse.

No tocante a Olímpia, se não houve prisão de “caixa-pagador”, pelo menos num dos repasses, de julho de 2011, consta o seguinte: “20 Ref. Rec. 17/05 – 20 6868,94”, levando a crer tratar-se de um valor correspondente a 10% do recebido pela empresa que, considerando vírgula mal colocada, seriam R$ 206.868,94.

A reportagem do semanário Planeta News pesquisou na “Site Transparência Brasil”, na internet, e lá consta um pagamento naquele mês e dia, à MultiAmbiental, no valor de R$ 251.759,26. Considerando os descontos de praxe, o montante poderia perfeitamente resultar naquele registrado na planilha. O registro é R$ 44.923,32 menor.

O Grupo Scamatti – formado por diversas empresas, entre elas a Scamatti & Seller Investimentos O2 S/A – é acusado de fraudar licitações de pavimentação asfáltica em pelo menos 62 municípios do noroeste paulista.

Organizadas pelo empresário Olívio Scamatti – que está preso no Centro de Detenção Provisória-CDP de Rio Preto -, as empresas do grupo ou “parceiras” disputavam licitações nos município burlando a lei 8.666/93. Atualmente, o grupo é alvo de ações penais e ações de improbidade em trâmite na Justiça Estadual e Justiça Federal.

Até.