Transformar Olímpia em Estância Turística nos últimos anos não tem sido uma batalha clássica contra a burocracia ou a morosidade dos órgãos estaduais ligados ao setor. Tem sido, na verdade, uma “guerra” de papéis e ofícios, desencontros de informações, choques de interesses, e até de uma transparente má-vontade de certos setores interessados.

No meio do tiroteio está o município, que vem perdendo espaço no amplo espectro financeiro proporcionado pelo turismo e possibilidades de obter recursos para melhorias em infraestrutura. Informa o vereador e presidente da Mesa da Câmara de vereadores, Beto Puttini (PTB), que Olímpia, com o selo de Estância Turística, receberia, por ano, algo em torno de R$ 4 milhões. Isso dá quase R$ 350 mil por mês.

Vez ou outra, na Câmara Municipal, há sempre um vereador mostrando preocupação com a questão e, através de requerimento, tentando acionar o deputado a quem está ligado para que se interesse pelo assunto. Hoje, a bola da vez é Itamar Borges (PMDB), que seria o relator de projeto neste sentido na Assembléia Legislativa, a pedido do prefeito Geninho (DEM).

Há mais de dez anos se busca este valioso selo para a cidade. Até um tal de Said Mourad, deputado não reeleito do PSC, já  declarou, num passado recente,  que estaria havendo “má vontade” para pautar o projeto e encaminhá-lo para votação. Isso há vários anos atrás.

“Todas as forças políticas da cidade deveriam cobrar de seus deputados para que interviessem em favor da tramitação do projeto”, cobrou ele à época. Neste mesmo período, o então presidente da Assembléia, Rodrigo Garcia (DEM), disse que desde 2000 nenhum projeto desse tipo havia sido votado, por um acordo feito entre o Governo do Estado e o Poder Legislativo para inibir a criação de Estâncias Turísticas, “pois a iniciativa é onerosa para o Estado”.

Mas, outras informações davam conta de que, na verdade, o projeto não estaria caminhando por falta única e exclusiva de alguém que lá, na Capital, acionasse os mecanismos políticos necessários. Além do mais, o processo para a aprovação da Estância Turística, curiosamente estava emperrado por falta de informações de setores supostamente interessados no projeto, conforme se apurou na ocasião.

O prefeito, Geninho, desde os tempos em que era presidente da Casa de Leis, questionava o então prefeito Luiz Fernando Carneiro (PMDB), sobre respostas a ofícios encaminhados a Olímpia pelo Departamento de Apoio ao Desenvolvimento das Estâncias-DADE, solicitando documentos necessários para amparar o projeto de Lei 407/2003, de autoria de Mourad.

O prefeito de então, por sua vez, dizia que a documentação estava sendo providenciada, garantia que o trâmite, neste aspecto, estava normalizado. Mas reclamava que há tempos havia solicitado informações complementares necessárias à diretoria do Clube Thermas dos Laranjais, e não teria recebido respostas.

Aliás, em função do clube é que um outro deputado entrou com um projeto de Lei (28/2006), pedindo a classificação de Olímpia como Estância Hidromineral. “Isso é querer brincar com nossa cidade”, criticou o prefeito Carneiro. Segundo ele, este pedido, se não ajudava em nada, atrapalhava bastante.

Bom, e agora? O que se divulga oficialmente é que está na dependência do governador Alckmin, denotando estar perto do fim o problema. Já por três vezes, como se sabe, o governador tinha agenda em Olímpia para assinar um tal decreto que o prefeito Geninho diz ser necessário para agilizar os trabalhos na Assembléia Legislativa.

É o que, aliás, não fica muito claro. Como assim, assinar decreto, se os deputados têm que votar projeto de Lei neste sentido? O quê, de fato, assinaria aqui o governador?

De qualquer forma, parece estar Alckmin fugindo de um “terremoto” político em suas bases, por isso estaria se esquivando de atender o pedido do prefeito olimpiense.

Não estaria havendo consenso lá pelos lados da Avenida Pedro Álvares Cabral, porque há outros grupos políticos interessados em tornar também suas cidades em Estância Turística, até mesmo – ou quem sabe por isso mesmo! – devido aos polpudos recursos a serem destinados a elas.

Porém, não se tem certeza, e ninguém confirma, se os “canos” aplicados no alcaide nos últimos dias pelo chefe do Estado, têm a ver com isso. Só o tempo dirá….

Até.