O diretor da Daemo: 'Medidas paliativas'

O diretor da Daemo:

Todos já estão sabendo, imagino, que o diretor-presidente da Daemo Ambiental, Alaor Tosto do Amaral, esteve segunda-feira, 14, na Câmara de Vereadores, para, digamos, jogar luz sobre o breu do sistema de captação, tratamento e distribuição de água aos cidadãos olimpienses, certo?

Mas nem todos, imagino, tem a exata noção do quanto nada se esclareceu durante toda a fala do diretor. Aliás, já postei aqui (ver abaixo) uma análise sobre aquela noite. Interessante que depois, uma opinião aqui outra acolá, e fica a certeza de que não estávamos sozinhos quando concluímos que ali não se estava dizendo coisa com coisa.

Portanto, para aqueles que acham que estamos exagerando, reproduzo abaixo, na íntegra, com as devidas correções ortográficas, a fala do diretor sobre a Daemo e seus problemas.

Sim, “seus problemas”, porque não ouvi ali, e nem aqueles que me abordaram nas ruas ouviram, propostas de solução a curto, médio ou, que seja, a longo prazo (bom, neste quesito, o nosso burgomestre está se especializando!).

“Muitos municípios não conseguem resolver problema da água se não houver interferência do estado ou da União. A mesma coisa com o esgoto. Tempos atrás, quando foi criada a primeira estação de tratamento de água aqui, em torno dos anos 60, foi feito um planejamento macro.

A medida que a cidade foi crescendo, foram tomadas medidas paliativas. Faziam postos quando a cidade crescia de região em região. Não houve preocupação com macroplanejamento. Hoje temos uma estação de tratamento de água que produz aproximadamente 350 a 400 metros cúbicos de água por hora. E temos em torno de 40 poços que produzem em torno de 150 a 200 metros cúbicos de água.

Agora foi feito um estudo macro deste processo, elaborado um projeto enxergando a cidade como um todo, de onde seria ideal colocar uma estação nova de tratamento de água, com capacidade respeitável de guarda de água. Neste macroplanejamento foi contemplada aquela região (da Cecap, Jardim Luiza, Campo Belo, Alvorada, São Francisco, Cisoto, Boa Esperança, Santa Ifigênia etc). Abandonada por falta de recursos.

Nessa ETA-2, vai produzir em ternos de 400 metros cúbicos de água por hora, vai quase dobrar. Vamos desativar uma série de poços. O projeto é para 20 anos, mas pode jogar para 30 ou antecipar.

Olímpia vem tendo um supercrescimento fora do comum nestes últimos quatro anos. Se continuar deste jeito, o projeto para 20 anos pode reduzir (para menos anos sua capacidade produtiva). Se houver uma estabilidade, pode avançar. Isso é válido para o esgoto (que pode ter reduzido o tempo de sua capacidade de armazenamento).

Esse projeto contempla R$ 14 milhões, que já estão liberados no PAC II. O esgoto em Olímpia está em torno de 30% o tratamento. Como vamos chegar nos 100%? Com a estação de esgoto número 2, que vai atender a demanda existente, com projeção para mais 20 anos. Pode ser que não, se Olímpia continuar com este crescimento anormal.

A tecnologia não modificou muito. Temos que ampliar os emissários, não temos custos da manutenção corretiva ou preventiva. Temos uma série de pontos que tem falta de rede de esgoto.

O município, junto com a Daemo, fez investimentos dois anos atrás, de quase R$ 4 milhões, 20% do tratamento de esgoto de Olímpia. Ribeiro dos Santos e Baguaçu têm tratamento de esgoto que já está vencendo, tem vida útil passada. Vamos construir lá novas estações com projeção de 20 anos de crescimento.

A rede de distribuição de água de Olímpia, nunca teve manutenção corretiva ou preventiva. Hoje temos um projeto para refazer toda esta rede de distribuição, 70%, necessita investimento de quase R$ 32 milhões. O município, por si só, não conseguirá resolver. Toda rede de água de Olímpia é velha, está com vida útil praticamente vencida. Precisa de muito investimento para fazer a distribuição.

A capacidade de investimento é em torno de R$ 1 milhão, R$ 1,2 milhão por ano. Estamos gastando quase R$ 1 milhão com manutenção corretiva. Custo que, enquanto não fizermos toda a troca necessária, vamos continuar fazendo os buracos na rua e fazendo as corretivas, na hora que estoura vai lá e conserta. Não tem alternativa.

A energia elétrica é nosso insumo mais importante. Faltou energia, faltou a água, porque o sistema é tocado por motor elétrico. Aquela questão do planejamento, de pocinho e em pocinho, hoje temos 40, e a hora que falta energia num deles, falta água. Tem meia dúzia que trabalha com transformador. Tudo gira em torno da energia elétrica.

É caro fazer controle e ter painel que aponte problemas em cada um deles. A hora que a ETA-2 tiver pronta, teremos uma caixa de dois milhões de litros de água, num dos pontos mais privilegiados em termos de altura. Vai resolver problema de metade da cidade. Vamos desativar certa quantidade de poços que vão ficar de ‘stand by’.

Existem deficiências na rede de distribuição, que foi esticando, bitolas de condução da água, e elas tem que ter bitolas compatíveis nos pontos de junção. Isso não está mapeado, não temos este mapeamento. Dificulta a execução de um trabalho. Onde vamos arrumar R$ 32 milhões para arrumar estes 70%? Estamos atacando de forma macro. Nós não temos o mapeamento todinho da cidade.

Minha formação é mais técnica, consigo enxergar tudo tecnicamente. A ETA 2 está parada, teve problema, mas está sendo relicitada. O orçamento básico dela é R$ 13 milhões, quase R$ 14 milhões. Esses R$ 13,7 milhões, foi de material, equipamentos (diversos), equipamento pesado, quase R$ 7 milhões, mais R$ 6 milhões da mão de obra, incluindo pequenos materiais.

A empresa que pegou o serviço total e os pequenos materiais, houve este problema e o rompimento do contrato. A empresa segundo colocada não quis enfrentar a parada por aquele preço da primeira empresa. Agora está acabando a revisão do projeto, que é de 2009, em 10 dias a publicação do edital. Foi feito 5% da obra, canteiro, escavação. Acredito que demora mais uns 60 dias, depois mais 18 meses de obras.”

Entenderam?

Até.