Temeroso creditar as atitudes análogas dos vereadores Jesus Ferezin (PTN) e Marcelo da Branca (PSL) à mera coincidência. Mas, vá lá que seja. Ambos, na noite de ontem, terça-feira, 25, durante a Ordem do Dia na sessão ordinária da Câmara de Vereadores (por sinal a última deste semestre, voltando agora só em agosto), deitaram falação sobre um certo secretário municipal que, para o primeiro, trata-se da figura de uma “eminência parda” e, para o segundo, algo como a reencarnação do “PC Farias”, tesoureiro assassinado de Collor de Melo.

“Passarei agora a comentar o tema ‘Eminência Parda’ na política”, começou Ferezin. Em política, “eminência parda” é o nome que se dá quando determinado sujeito não é o governante supremo de tal reino ou país mas é o verdadeiro poderoso, agindo muitas vezes por trás do soberano legítimo, o qual é uma marionete dele, e pode muito bem ser deposto pela eminência parda caso este não o agrade. A eminência parda ainda pode se utilizar de qualquer tipo de poder para exercer seu poder, seja ele militar, econômico, religioso e/ou político.

Certo, menos, já que se trata de Olímpia e aqui, a “eminência parda” que o vereador denuncia, teria o poder de apenas atravancar certas soluções, barrar ações políticas que não seriam do seu interesse, “fechar a mão” em gastos pequenos e necessários e, mais grave, “perseguir, transferir, colocar à disposição, aposentar e mesmo exonerar seus desafetos”.

Fortemente execrado pelo vereador, a tal “eminência parda” local foi comparada em seu texto a general sanguinário chinês, a um braço direito nazista de Hitler e a Golberi, o “corvo” dos tempos militares deste Brasil.

Ferezin conta que desde 1962, quando começou a votar na política local, “sempre existiram as ‘eminências pardas'”, e ele passou por nada menos que sete governantes locais. Mas, segundo ele, “hoje existe uma ‘eminência parda’ tão poderosa e tão desprovida de pudor, que é o super, hiper, o megassecretário que decide, manda e desmanda a seu bel-prazer”.

Este megassecretário estaria, inclusive, passando “como um trator de esteira sobre os demais secretários”. Diz o texto que “tudo precisa passar pelo seu crivo” – a compra de uma aspirina, uma bola, um saco de cimento, um lápis, caneta ou caderno.

“Qualquer funcionário, tanto faz se do primeiro, segundo ou terceiro escalão, até mesmo funcionários de serviços gerais que cair no desagrado ou divergir do ponto de vista do superssecretário estará ferrado, pois o mesmo será transferido de setor ou será afastado ou encostado em qualquer departamento, como castigo. Já os apaniguados e protegidos tudo podem, tudo têm.”

Ferezin diz ter exemplos de funcionários concursados que prestaram relevantes serviços ao município e à população durante anos e no momento “estão afastados, encostados, apenas por divergirem do atual superssecretário de plantão”.

Pede que os vereadores, eleitos pelo povo, “urgentemente”, tomem uma posição, “um rumo em nossas atitudes”, uma vez que o vereador “tem voto e mandato, ao contrário do superssecretário”. Acredita que, assim, estariam moralizando os seus mandatos e acabando com a pecha “vexatória” de “marionetes”, que circula na imprensa local e nas redes sociais.

Ao final, sobrou até para os “puxa-sacos de plantão”: “Não estou aqui nesta tribuna pregando oposição ao Executivo e nem aproveitando o momento para fazer politicagem, mas procurando valorizar o trabalho dos vereadores”. Sugere ainda que os colegas usem o recesso de julho para reavaliar atitudes e assim voltarem “a ter credibilidade e o respeito da população”.

No fechamento do seu texto crítico o vereador ainda se diz “independente”, sem estar atrelado à situação ou “muito menos sob as ordens da oposição”, votando favorável ou contra o que achar bom ou ruim para a cidade.

O ‘PC FARIAS’
Nas falas do vereador Leandro Marcelo dos Santos, o Marcelo da Branca (PSL), esta mesma figura das sombras seria uma espécie de reencarnação do tesoureiro de campanha e depois sim, uma “eminência parda” do presidente deposto Fernando Collor de Melo, Paulo César Farias, o “PC Farias”, que “diante do poder que lhe foi dado e de suas atitudes nebulosas e arbitrárias, conseguiu derrubar um governo”.

Está certo, menos, já que se trata de Olímpia. Mas, é o que teríamos em nossa cidade, de acordo com Da Branca. “Sim, temos o nosso ‘PC Farias’ aqui”, diz ele. Porque trata-se de um personagem que “age da mesma forma do que o anterior, fica por trás do Governo, nas sombras de nossas repartições semeando o mal, plantando desavenças e desrespeitando nossos cidadãos olimpienses, principalmente os próprios funcionários da municipalidade que, muitas vezes, são humilhados por ele, ameaçados”, acusa o vereador.

Diz que chegou ao seu conhecimento que um comerciante tradicional que foi inclusive parceiro de campanha do prefeito Geninho (DEM), foi até “nosso PC Farias” receber contas pendentes, já que é fornecedor da prefeitura e, “ao implorar para a nobre figura que lhe fosse pago ao menos uma parte do que tinha para receber, foi surpreendido com a seguinte respostas: ‘Parceiro igual você eu não preciso’. Este comerciante é filho de Olímpia e há aproximadamente 35 anos vem gerando vários empregos na cidade”, prossegue Da Branca.

Cita outro empreendedor que estaria indo para Cajobi por não encontrar aqui a resposta adequada para seu investimento.

“Mas, para que ter respeito e consideração pelos nossos cidadãos, se o ‘PC Farias’ não sai às ruas para escutar o que o povo está precisando, se o ‘PC Farias’ não tem compromisso nenhum com nossa cidade, se o ‘PC Farias’, na sexta-feira, volta para o seu município de origem e deixa nós, vereadores, com a missão de apagar o incêndio que ele ocasionou durante toda a semana”, prossegue o vereador.

Pede, ao final, que a Casa de Leis seja mais atenta com o que está acontecendo em nossa cidade, onde “pessoas desinteressadas por Olímpia estão tomando conta do Governo e não podemos permitir isso. Temos que agir rápido, não precisamos de ‘PC Farias’, não precisamos de imigrantes, todos sabem o valor que tem o povo olimpiense”.

E, da mesma forma que o colega Ferezin, pediu que a Casa de Leis, “na volta deste recesso, possamos ter uma atitude diferente com relação a tudo que foi dito aqui”. Pois é.

Até.