Ânimos arrefecidos. Assim se pode qualificar o atual estágio da barulhenta “Operação Fratelli”, deflagrada por agentes federais no dia 9 de abril passado que, de uma ação eivada de esperanças numa mudança de paradigmas na relação com ladrões do dinheiro público, pode acabar por se revelar apenas uma boa intenção por parte do Ministério Público Federal, Procuradoria Federal e Polícia Federal, por meio do Grupo de Atuação Especial de combate ao Crime Organizado-Gaeco.

É que acaba de ser realizada em São José do Rio Preto, na tarde de hoje, 29, um encontro entre os representantes dos órgãos citados acima, e os promotores de Justiça cível dos municípios que tenham envolvimento ou estejam sob suspeita de terem se envolvido com o esquema ora investigado, para que sejam passados a eles, promotores, indícios de provas do suposto esquema de fraude em licitações em prefeituras da região.

Ou seja, o caso passa agora para a esfera municipal, onde em muitos municípios, como Olímpia, investigações semelhantes tiveram o arquivo como destino. Em Olímpia, mais que isso: as mesmas suspeitas investigadas agora pelos federais já estiveram nas mãos do Ministério Público oriundos de denúncias ou representação e não prosperaram.

Mas os federais disseram que, com o material, inclusive grampos telefônicos captados a partir da autorização da Justiça, os promotores vão poder avaliar a possibilidade de ingressar com ações civis públicas por ato de improbidade contra ex-prefeitos e servidores envolvidos no esquema que teria beneficiado empresas do Grupo Scamatti ou empresas “parceiras” em licitações de pavimentação asfáltica.

Lembremo-nos de que em Olímpia não há suspeita recaindo sobre ex-prefeito. Só sobre o mandatário de turno. Neste caso, os dados serão encaminhados para a análise da Procuradoria Geral de Justiça em São Paulo. O mesmo caminho terão informações envolvendo deputados estaduais, como Itamar Borges (PMDB), que nega participação em qualquer irregularidade.

De acordo com o promotor do Gaeco Evandro Ornelas Leal, os documentos, computadores e mídias apreendidos nas prefeituras durante a operação serão devolvidos às prefeituras. “Estamos terminando a análise do material, mas aquilo que os áudios que falavam das empresas, sendo comprovado, caracteriza a fraude (em licitação)”, afirmou o promotor. Leal adiantou que após a conclusão das investigações, o Gaeco deverá ingressar com ações penais. Alguém aí duvida?

Já nas licitações abertas a partir de emendas parlamentares de deputados federais, a apuração do possível crime fica a cargo do Ministério Público Federal e da Polícia Federal. O procurador da República de Jales, Thiago Lacerda Nobre, já ingressou com ação penal contra 19 pessoas acusadas de fraudar licitação na prefeitura de Auriflama.

Até.