E aí, como fica a situação? Nos últimos dias esta é a pergunta que este escrivinhador mais tem ouvido pelas ruas ou via celular nos últimos dias. Com direito a cobranças sobre o porquê de eu não estar comentando mais assiduamente o assunto neste espaço. E o que era confuso por natureza, agora tornou-se ainda mais complicado, com novos ingredientes acrescidos a esta “massa” de bolo disforme e sensaborão.

Como se sabe, os vereadores eleitos Alcides Becerra Canhada Júnior e Jesus Ferezin não serão diplomados pela Justiça Eleitoral na noite de amanhã, terça-feira, 18, em cerimônia marcada para a Câmara Municipal de Olímpia, às19 horas. A decisão do juiz eleitoral Lucas Figueiredo Alves da Silva, foi confirmada no final da tarde da sexta-feira, 14, pelo cartório da 80ª Zona Eleitoral, conforme o blog antecipou naquela mesma tarde, com exclusividade.

Mas, isso não é tudo. A condenação dos dois e mais 18 olimpienses, ex-políticos e cidadãos, trouxe consigo outros desdobramentos que terão que ser sanados num tempo de horas e não na morosidade costumeira da Justiça, seja ela eleitoral ou comum.

A primeira delas é: os suplentes serão diplomados amanhã à noite? O juiz não decidiu a convocação dos primeiros suplentes de cada uma das coligações que estão perdendo suas vagas. Continua indefinida a situação dos suplentes Marcos Antonio dos Santos, o Marquinhos Santos, e Marco Aurélio Rodrigues, o Marcão do Gazeta. Pode ser que ambos integrem a lista, pode ser que ambos tenham que buscar seus diplomas no Cartório Eleitoral. Ou nenhuma das hipóteses.

Por quê? Os dois eleitos com direitos políticos cassados aguardam decisão da Justiça paulista quanto a uma ação rescisória com pedido de liminar que impetraram, cujo resultado pode sair entre hoje e amanhã. Ferezin havia negado, na quarta-feira da semana passada, que havia qualquer movimentação neste sentido junto ao TJ.

Mas, corria à boca pequena que um escritório de primeira linha havia sido contratado, e agora sabe-se tratar-se do Dal Pozzo e Associados, que estratégicos serviços prestou à prefeitura, mais exatamente ao prefeito Geninho (DEM), livrando-o de poucas e boas com suas contas. A dar crédito a este zum-zum-zum, o serviço teria custado algo em torno de R$ 100 mil.

Bom, aí vem outro complicador: o vereador eleito Becerra estaria com “ficha-suja” desde janeiro do ano passado, com o trânsito em julgado de processo que o condena por uso do carro oficial da Casa de Leis, com fins particulares. Sendo assim, como ele conseguiu regularizar sua candidatura e disputar o pleito deste ano? Isso enseja que, uma vez provocado, o Ministério Público Eleitoral terá que se manifestar quanto à legalidade de sua candidatura e, consequentemente, a titularidade dos seus votos, que podem vir a ser anulados.

Uma recontagem se faria então necessária. E o quadro atual necessariamente mudaria, mexendo com gente que nada tem a ver com a situação. Para o bem e para o mal. A partir daí então é válida a tentativa da canditada segundo suplente do PTdoB, Janeclei Delomodarme, em pedir a anulação dos votos de Becerra e Ferezin.

Em ambas as situações ela poderia ser a primeira beneficiária, porque dizem advogados, os votos não poderão ser computados para os partidos pelo qual tiverem sido feitos os registros das respectivas candidaturas.

Assim, considerando-se nulos os votos atribuídos a Becerra e Ferezin, Janeclei ocuparia a 10ª cadeira na Câmara de vereadores, diz trecho da ação impetrada por ela na Justiça Eleitoral. Marcos Santos, por sua vez, também busca junto ao Juizo Eleitoral a garantia de sua diplomação, por meio de advogados.

É pouco? Pois esperem as complicações de ordem político-administrativa que isso tudo acarretará. Em primeiro lugar, a prevalecer a situação de posse dos dois suplentes pura e simplesmente, quem se fortalecerá – caso segure firme nas mãos as rédeas dos interesses políticos do seu grupo e de si próprio – é o vice-prefeito Gustavo Pimenta. Ele, que estava prestes a deixar a Secretaria de Assistência Social, para abrir espaço para seu “pupilo” Marcão do Gazeta na Câmara.

Acontece que o prefeito Geninho, segundo consta, teria jogado em seu colo a “bomba” da decisão sobre a situação de Marcão do Gazeta. “Quer que ele assuma? Deixa a cadeira de secretário. Eu mando para lá o Pastor Leonardo e o Marcão assume.” Teria sido mais ou menos nestes termos as colocações do prefeito. O “diálogo” inventamos para colocar o leitor no nível da problemática.

Segundo ainda estes mesmos comentários, Pimenta estava disposto mesmo a fazê-lo, para não deixar seu parceiro fora da Casa de Leis. Até que veio então esta “bafejada” de mudança positiva para Pimenta e seu grupo, que ainda garantiria uma fatia de poder, agora que seu parceiro tucano José Rizzatti, não poderá assumir cargo público, pela condenação junto aos demais na ação em questão.

Tendo um vereador na Câmara e uma secretaria nas mãos, Pimenta ainda se manterá como figura de proa junto à Administração. Fora da Secretaria e com apenas o vereador na Câmara, se enfraquece, e muito, e no passar dos anos, desaparece. Há quem diga que ele ainda assim estaria propenso, dada a grande pressão, a deixar a Secretaria, o que seria um suicídio político. Porque relegará, inclusive, seu pupilo na Casa de Leis, a mero coadjuvante, se não um parceiro, por inércia, de Geninho.

Deve ele se mirar no exemplo de Dirceu Bertoco, vereador reeleito que se fortalecerá de forma considerável politicamente a partir do ano que vem, já que terá três vereadores na Câmara e uma Secretaria nas mãos – a de Agricultura, que já confirmou que assumirá.

Um dos vereadores é Cristina Reale, que “sobe” com a saída de Guto Zanette, e o outro é Paulo Poleseli, que “sobe” com a saída do próprio Bertoco. E o terceiro é o próprio Pastor Leonardo, eleito. E não seria por esta razão que Geninho o quer na Assistência?

Na outra ponta deste – isto sim é que é! -, “imbróglio”, está o vereador em fim de mandato, Primo José Álvaro Gerolim. O vereador, que também está na lista dos 20 condenados, tinha um projeto político de longo prazo, contando com a atuação de Becerra enquanto vereador. Já arregimentava forças políticas de pequena, média e grande potência na cidade, visando articular um grupo político se não com figuras novas, pelo menos paralelo ao do atual prefeito ou da oposição.

Com a “queda” de Becerra, e com sua própria inelegibilidade, bem como com figuras de proa deste seu universo de forças também incluídos na sentença, suas pretensões devem cair por terra, com a ducha de água fria recebida por sobre a cabeça.

Porém, é sempre bom frisar que, dada a inconstância de nossa Justiça, e à insegurança legal derivada disso, fica o alerta de que nada aqui é definitivo. É preciso aguardar as decisões que estão por vir. Pois elas podem confirmar o que aqui vai escrito, ou virar o texto de cabeça para baixo – neste caso, então, é só fazer a leitura em sentido contrário, ok?

Até.