O histórico “caso Maranata” parece próximo de um fim, ou pelo menos, de um recomeço. A TV Record, regional Rio Preto, esteve na cidade na tarde de hoje, quando reuniu vários compradores de imóveis no conjunto que se denominaria “Maranata”, destinado a famílias evangélicas, cujo conjunto, com mais de 700 casas, seria construído por uma Cooperativa Evangélica de Olímpia, extensão de uma outra, nacional, chamada Cohev-Cooperativa Habitacional Evagélica.

O que parecia apenas mais uma matéria jornalística sem nenhum resultado prático se não o de repisar um assunto já de muito desgastado, acaba por se revelar uma luz no fim do túnel, pois segundo as primeiras informações a Justiça teria encontrado bens dos incorporadores, e agora o processo ganha novas formas.

Segundo ainda a reportagem da TV (será exibida ainda hoje, às 19h45), a Justiça agora deve decidir se rateia o apurado com os bens confiscados, ou se obriga a incorporadora a retomar a obra do conjunto. Pelo menos foram estas as informações passadas aos entrevistados e compradores interessados, que participaram das filmagens.

O Maranata teve início ainda no início da década de 90, quando era prefeito da cidade o hoje tucano e secretário municipal de Agricultura, José Rizzatti. Ele acatou o projeto trazido de Brasília por um grupo de pastores evangélicos ligado ao Governo Collor. Tratava-se de um projeto escorado naquele Governo, com dinheiro da CAIXA e do BB. Caiu Collor, caiu o projeto, hoje só implantado numa cidade de Minas Gerais.

Mas, a obra na cidade estava prosseguindo, até que, em fins de 1993 (Collor havia caído em dezembro de 1992) foram encontrados materias do que seria um cemitério indígena, várias igaçabas (urna funerária dos indígenas) com dentes e outros materias em seu interior – elas foram recolhidas, estudadas, emendadas por uma perita da USP, e hoje encontram-se expostas no Museu do Folclore – datam de cinco mil anos), e a partir daí as obras foram paralisadas por determinação do Ministério Público do Meio Ambiente, que declarou a área como de interesse arqueológico.

A partir daí começaram as buscas dos compradores pelos direitos vilipendiados. Mas, a razão pela paralisação das obras não pode ser creditada ao “cemitério indigena”, porque havia condições de dar continuidade ao projeto. O que ocorreu foi que a Cohev quebrou, e levou junto tudo o que eles haviam pago.

Passados quase 20 anos desde o início das obras, aquele terreno continua abandonado, servindo de pasto para cavalos. Lá ainda estão os pisos das casas, o chamado radiê (sem alicerce) e algumas pareces haviam sido erguidas, mas depois foram demolidas.

Um pedaço daquela área, medindo 16 mil metros quadrados, havia sido doado ao município pelos seus proprietários Osvaldo Faganello Engenharia e Construções Ltda. e Ricardo Pacheco Faganello, em 1994, conforme ofício encaminhado ao então prefeito José Carlos Moreira, datado de 14 de junho daquele ano.

A área serviria para a construção de um CAIC, muito em voga à época, uma escola de tempo integral dotada de todos os equipamentos de atendimento ao estudante, inclusive área de lazer e de esportes. Mas, não houve o aproveitamento da área cedida. Nem se sabe se foi formalizada a doação.

Depois, em meados de 2009, uma outra área, com 12 mil metros quadrados, foi desapropriada pelo prefeito Geninho (DEM), que pagou por ela, judicialmene, R$ 267 mil, para a construção de uma nova escola municipal para atender a demanda na Cohab III e parte dos jardins Vila Nova e São José e loteamentos adjacentes. O prefeito reconhecia, quando da desapropriação, que o Maranata “está envolvido em embargo judicial há uns quinze anos e vamos ter essa pendenga por mais uns dez”.

A escola estava prevista para ser entregue a partir de fevereiro de 2010. Seriam, no mínimo, 12 novas salas de aula, com quadra poliesportiva e estrutura moderna. Seriam. Porque até hoje, nada há ali, senão mato, animais pastando e escuridão.

E por último, aquela área, agora na totalidade dos seus 432,8 mil metros quadrados, correu o risco de ter ido a leilão judicial no ano passado, mas o ato foi cancelado pela justiça no dia de sua realização. O imóvel estava avaliado em R$ 4.328.484,60. O cancelamento se deu porque a construtora alegou que não estava intimada e a juíza Andrea Galhardo Palma acatou o recurso. O imóvel está penhorado em ação de execução fiscal movida pela Caixa Econômica Federal (CEF), contra a construtora Faganello.

Maranata (do original מרנא תא) é uma expressão aramaica que ocorre uma vez na Bíblia, empregada pelo apóstolo Paulo na Primeira Epístola aos Coríntios capítulo 16 versículo 22 – Se alguém não ama ao Senhor, seja anátema. Maranata. O termo é a composição de duas palavras, que transliteradas dão origem à palavra Maranata e que significa “O Senhor vem!” ou ainda “Nosso Senhor vem!”. No desfecho do livro do Apocalipse, a mesma expressão é utilizada como uma oração ou pedido, desta feita na língua grega, e traduzida por: “Vem, Senhor”. (Wikipédia)

Até.