Caso o prefeito Geninho (DEM) tenha trabalhado com valores reais no tocante ao custo das obras de construção do conjunto habitacional “Village Morada Verde”, dentro do programa “Minha Casa, Minha Vida”, então estão faltando R$ 21 milhões para as contas fecharem. É que o alcaide, quando do lançamento e ao longo de todo processo de (des)construção das casas, espalhava aos quatro ventos que ali tinha investimentos de R$ 60 milhões no total. Mas, a Caixa Econômica Federal-CEF, em reposta a requerimento do vereador João Magalhães (PMDB), disse que o investimento na obra foi de R$ 39 milhões.

O olimpiense mais esclarecido e atento já está habituado a estes rompantes do prefeito, de sempre querer fazer 10 parecer 100, um pingo parecer uma letra e uma gota, um oceano. Assim, talvez para engrandecer aquilo que não lhe parecia grande o suficiente, pode ter aumentado o investimento para posar, enquanto político então iniciante no poder maior da cidade, como maior do que era.

Pelo sim, pelo não, o vereador disse que vai estudar o assunto e verificar o que irá receber por parte do Governo, ao qual também solicitou informações sobre o conjunto e depois agir. Ele disse não ter gostado da resposta da CEF. Segundo ainda o banco, foi usado recurso do FAT na obra, aquele fundo formado com dinheiro do FGTS. “O valor não bate com o informado”, observou.

Também informou a CEF que as casas foram entregues aos mutuários mediante o habite-se concedido pela prefeitura à Pacaembu. Assim, Magalhães entende que a prefeitura tem responsabilidade sobre a situação reinante ali e sobre o resultado final da obra, no tocante à qualidade do que foi entregue aos mutuários.

Como já foi dito aqui em fins do ano passado, o projeto do conjunto habitacional “Village Morada Verde”, com as 786 unidades entregues nos dias 12 e 19 de novembro foi concebido para ser “um exemplo” ao país, e um modelo a ser seguido pelos demais conjuntos. Foi anunciado até que a CAIXA iria lançar, em todo o País, por meio dos principais jornais e emissoras de rádio e TV, a campanha “Se deu certo em Olímpia, vai dar certo em sua cidade também”, utilizando-se do caso inédito e “de sucesso local” na utilização de um Correspondente Bancário CEF.

Mas, o que se viu durante todo o processo, e mais ainda quando da entrega dos imóveis, foi uma lambança sem precedentes no país em empreendimentos do gênero. Na verdade, o que se fez para Olímpia foi um “mix” de dois projetos dentro do “Minha Casa”: o destinado para renda de até três salários mínimos – R$ 1.866, e o destinado a quem ganhava até seis salários mínimos – R$ 3.732 ((embora a planilha da CAIXA fale em valor até R$ 5 mil – oito mínimos).

Assim, as casas também teriam passado por este “mix”, tendo suprimido algum detalhe que consta em uma tipologia, e acrescentado outro, de outra tipologia – são duas, previstas. Isso explicaria, também, o anúncio, depois desmentido, de que as casas teriam aquecedores solar, conforme foi anunciado no início. Este esquipamento faz parte dos imóveis destinados a renda de até três mínimos.

Aparentemente também as medidas das casas e dos terrenos ficaram neste meio termo, nem tanto a uma tipologia, nem tanto à outra. Ficaram com 60 m2 de área construída, dois dormitórios, sala, cozinha e banheiro parcialmente revestido, cada terreno possuindo 160 m2. O limite por módulo era de 300 unidades em um caso, e de 500 unidades em outro. Por isso o fracionamento em dois módulos aqui na cidade, o primeiro com 486 casas e o segundo com 300 casas, assim atendendo ao que determinava a “cartilha” da CEF.

Tudo indica, pois, que o que se fez em Olímpia não é exemplo a ser seguido por nenhum município, a não ser feito por nenhuma empreiteira que se preze, a não ser imposto ao cidadão pagador de impostos por nenhum prefeito responsável e, muito menos, a não ser aceito por nenhum cidadão de bem e cônscio de seus direitos.

Até.