No primeiro dos últimos três anos, nos quais os arautos remunerados tentam atribuir a invenção da roda, o jovem e deslumbrado burgomestre, recém eleito, foi logo preparando a grande festança aproveitando a proximidade do aniversário da cidade com o período do carnaval.

Durante a campanha ele recebeu apoio explícito de uma das emissoras da cidade, em cujo estacionamento o “grupo” festejou o primeiro momento da vitória.

A mencionada porta voz do “grupo” durante a campanha parece ter se transformado em credora, a julgar pelos desdobramentos na contratação de empresas para a realização das festas logo no comecinho do primeiro dos últimos três anos.

Tanto é assim que uma empresa, constituída em fins de 2008, foi contratada pela administração atual para a prestação de diversos serviços no carnaval e aniversário da cidade naquele ano de 2009. Detalhe: os dois “sócios” são funcionários da referida emissora.

Pode ser até coincidência, mas à época os comentários mais fortes diziam que ambos eram “laranjas” e se prestaram a emprestar o nome para dar aparência de legalidade a eventual acerto pelo apoio dado, utilizando esquema esperto com dinheiro público.

Bem que tentamos esclarecer a história pedindo informações específicas diretamente ao prefeito Eugênio que, claro, negou-se terminantemente a facultar acesso aos processos onde devem estar as anotações e os contratos contendo os detalhes, os quais poderiam ser confrontados com outras informações para saber se tudo foi feito dentro dos conformes.

Na ocasião apresentamos, neste espaço, um relato contendo os números de todos os processos de licitação relacionados com as festas, apresentando nossas duvidas e pedindo esclarecimentos, que não vieram, sobre as intrigantes situações. Era o comecinho do primeiro dos últimos três anos.

No segundo dos últimos três anos os mesmos procedimentos se repetiram no carnaval e no aniversário da cidade. Nada podemos afirmar categoricamente sobre a lisura ou esperteza nestes procedimentos porque nos foi negado acesso aos editais, contratos, relatórios e outras medidas, embora este direito seja garantido pela Constituição Federal e, evidentemente, recepcionado pela Lei Orgânica do Município de Olímpia.

A negativa pode ter conotação político partidária, mas serve, também, para alimentar as dúvidas que temos diante de tantas e tão notórias coincidências. Ficamos sem saber se os procedimentos foram certos ou errados porque o governante negou, negou e reiterou a negação ao pedido para verificarmos os documentos que deveriam ser públicos como o dinheiro utilizado para pagar os contratos no primeiro e no segundo dos últimos três anos.

Nem por isso estamos sofrendo. Não quer informar, problema dele. Mas nunca poderá impedir que prevaleça na consciência do povo a semente da dúvida quanto à lisura dos processos única e exclusivamente porque o gestor se nega a prestar informações que deveriam ser de domínio público.

Em grande parte do terceiro dos últimos três anos as partes acima andaram se estranhando. Entretanto, na primavera do ano passado, lá pelo mês de outubro, circularam rumores de que, utilizando os mesmos métodos de se fazer representar por terceiros, o jovem gestor teria “arrendado” a emissora em questão e um jornal do mesmo grupo, mencionando inclusive o valor do contrato em R$ 300 mil por um ano, o que daria R$ 25 mil por mês.

Especula-se que o contrato teria sido assinado por duas pessoas muito próximas de Eugênio. A grande verdade é que os referidos veículos outra coisa não fazem senão endeusar o burgomestre, a quem falta pouco para considerarem o próprio inventor da roda. Coincidência. Muita coincidência.

Não dá para esclarecer este fato do terceiro dos últimos três anos por absoluta falta de informação. É um bloqueio absoluto e desnecessário, pois o comportamento dos veículos mencionados indica que estão a serviço da causa proposta que é a de não encontrar defeito na administração de Eugênio. Só resta saber se os “contratantes”, devidamente registrados na Junta Comercial, ostentam capacidade financeira para honrar o compromisso assumido ou se representam eventual sócio oculto.

Não se sabe quando, mas um dia há de ser aberta esta caixa preta e tudo virá à tona para consagrar um lado e constranger o outro. Nada fica oculto pela vida toda.

(Editorial publicado na edição de hoje, sexta-feira, 2, do jornal Planeta News)

Até.