Bravateador. Nenhum outro adjetivo substantivo cabe melhor para definir a figura política do prefeito Geninho (DEM). Talvez farsesco possa se aproximar. Mas não deixa de ser uma verdade que o burgomestre de turno sabe usar as massas. Sabe fazer delas a sua principal peça de manobras. De cima de um palanque, rodeado de “autoridades”, bajulado por um grupo cada vez mais numeroso de áulicos e falando para uma claque de agradecidos, só podia dar no que deu. O homem se encheu de coragem e jogou para fora, por meios intempestivos, o que o incomoda: a liberdade de expressão e opinião, o pleno gozo e exercício da democracia.

Não é outra senão esta a conclusão a que se pode chegar quando tem o prefeito a oportunidade de posar de bom político, mesmo que daqueles de arrebalde, e faz exatamente o contrário. Passa a imagem de político não muito com os juizos no lugar, porque usa de expressões e adjetivos impensados para classificar seus desafetos, como por exemplo chamar de “vagabunda” a Rádio Menina AM, emissora que não coaduna e critica, seu modo de governar. rebaixar sem conhecimentos técnicos, um semanário como o Planeta News, que igualmente não coaduna com seu modo pouco sério de governar, a um veículo com “200 impressões” e menosprezar este – sim, miserável! – blog.

O prefeito coloca para a massa que ali manobrava com o sonho da casa própria, que há aqueles que o incomodam, e são aqueles que ali não estão para bater palmas, em regozijo por aquilo que foi, inclusive, solapado do povo no mar da desinformação e/ou da má-fé pura e simples.

Outro dia li, escrito pelo psicoterapeuta e especialista Crris Allmeida, que “A consciência pesada surge porque podemos enganar a todos ao nosso redor, mas dificilmente conseguimos enganar a nós mesmos, e o nosso inconsciente vai gerando incômodos”, e agora isso me veio à mente, porque vem bem a calhar quando analisamos o comportamento do alcaide durante a cerimônia de entrega das casas do “Village Morada Verde”.

Prossegue o especialista dizendo que “Tentamos fugir disso, mas lá no fundo, sabemos que algo está errado. Então, ora sentimos o peso desta culpa, ora tentamos fugir dela. O temperamento fica oscilando e o humor fica mais vulnerável”. Não vejo outra forma, de tão adequada esta, para definir o político que governa esta urbe. Sabedor de que comandava ali uma farsa, beirando à burla político-administrativa, não se faz de rogado e joga para a platéia, ávida por uma chave que viria “abrir as portas de seus sonhos para a realidade”, como se fossem os leões famintos à espera de cristãos na arena, toda a sua trânsfuga ira, farsesca ela também.

Melhor faria o prefeito de turno se jogasse aberto com as pessoas que ali estavam e com aquelas que sequer perderam tempo de ouvir mais de uma hora e meia de discursos vazios, bajuladores e espetaculosos – o clímax foram as lágrimas anunciadas do prefeito. Um povo que já estava ali desde antes das nove horas da manhã, já que a cerimônia, dizia o convite, começaria às nove. Começou às dez e 20.

Locutor-apresentador importado (aquele mesmo que tempos atrás dizia as mesmas “maravilhas” do então prefeito Carneiro). Palco lotado, políticos faladores e público lá embaixo, formando a massa que o alcaide tanto se apraz em manipular, pode começar o espetáculo.

Enquanto isso, cumpríamos a missão que nos levara até lá. Visitávamos as casas e conversávamos com pessoas que não estavam ali para ouvir discursos mas, sim, para saber exatamente onde e como iriam morar. E o que vimos não foi nada animador. Enquanto a politicalha prometia mundos e fundos para a massa embevecida, constatávamos que nada daquilo que se prometeu antes fora cumprido. Entregava-se um conjunto inacabado, mal erigido, frágil em sua estrutura e sem a menor condição de ser usado de imediato, como sugeriam lá de cima do palanque.

Não havia chuveiros instalados, porque de resto não havia eletricidade na casa; tomadas eram buracos na parece; portas praticamente não resistentes ao menor sopro de qualquer “lobo mau” – uma delas, ao ser aberta, levou junto o batente; várias outras ainda com reboques que indicavam remendos de última hora a esperar pela pintura; peões trabalhando misturados aos futuros moradores; terrenos sob ameaça de erosões e alguns já erodidos. Casas a pouquíssimos metros das lagoas que deveriam ter saído dali antes das casas serem entregues. Etc, etc, etc.

Enfim, estavam-se entregando para o povo casas inacabadas. Um projeto não concluído de moradias é o “Village” que pudemos ver lá. E não só nós, mas tantos quantos tinham olhos de ver. Por que se entregou o conjunto neste estágio mambembe só os burocratas responsáveis podem dizer com certeza. Uma das possibilidades seria o prazo máximo “estourado” – a obra durou 13 meses, anunciaram por lá. Mas vai durar mais, porque, pelo que se pôde ver, ainda não acabou.

Portanto, para muito além das bravatas do senhor alcaide, restam satisfações a dar mesmo àqueles mutuários aos quais “basta um teto e que se dane o reto”, no sentido que se quiser dar a essa colocação. Não conhecemos, na história de Olímpia, tamanha desfaçatez numa administração, que não respeita nem o mais sagrado dos sonhos de um homem, o de ter a casa própria. Mas de tê-la por inteiro, nãos aos remendos.

Confesso que não é má vontade explícita de nossa parte não ficarmos por perto para que o alcaide pudesse “olhar para a nossa cara”. É que a farsa nos provoca engulhos. Gostamos da verdade, da clareza, da firmeza de propósitos. E, acima de tudo, do respeito devido ao cidadão. Sabemos que há um longo caminho a ser percorrido pelo alcaide, e que tais substantivos são obstáculos difíceis de transpor, afinal, sua escola política prescinde disso tudo, como por excelência, prescinde também da ética.

Até.