Levanta a mão quem já viu este filme antes. E levanta as duas mãos quem souber dizer qual será o final deste, também. Com certeza, um clássico “happy end” aguarda o “caso das emendas”. Até porque, a quem interessa, dentre os deputados, chegar ao cerne desta questão?

O tema caiu como uma bomba dentro do debate político dos últimos dias, mas começa a perder fôlego, por culpa também da chamada grande imprensa, que está tendo um comportamento displicente, “preguiçoso” com relação ao caso. Resultado do “partidarismo” político que tomou conta dos meios de comunicação, impressos, televisados ou radiofonizados neste Estado.

O blog previu isso lá atrás. E agora a “Folha de S. Paulo”, edição de hoje, traz material jornalístico que aponta qual o caminho a ser trilhado pelos nobres parlamentares paulistas no tocante ao “caso da emendas”. Leiam abaixo:

Assembleia já ensaia esvaziar investigação sobre venda de emendas
RODRIGO VIZEU – DE SÃO PAULO

O Conselho de Ética da Assembleia Legislativa de São Paulo completou ontem 15 dias desde que abriu apuração da denúncia do deputado Roque Barbiere (PTB-SP) de venda de emendas na Casa dando mostras de que caminha para enterrar o caso.

Assim como na última terça-feira, a sessão do conselho foi apenas de impasses entre deputados, com bate-bocas e derrubada de pedidos da oposição para convidar envolvidos a falar.

PT e PSOL acusaram a base aliada do governador Geraldo Alckmin (PSDB) de estar fazendo uma “operação abafa” do caso. “Tem esvaziamento, sabotagem. Nós não investigamos nada até agora”, disse Carlos Giannazi (PSOL).

A maioria governista derrubou a tentativa de chamar o secretário Emanuel Fernandes (Planejamento), a quem Roque Barbiere disse ter alertado sobre o esquema. O governo nega.

O presidente do conselho, Hélio Nishimoto (PSDB), afirmou que foi enviado convite formal para o secretário de Meio Ambiente, Bruno Covas (PSDB), que é deputado licenciado, prestar esclarecimentos ao conselho.

O tucano se envolveu em polêmica ao dizer em entrevista que recebeu oferta de propina de um prefeito. Depois, foi apontado pelo PT como destinatário de R$ 15 milhões em emendas desde 2007, o que ele nega. Cada deputado, tem direito a indicar R$ 2 milhões anuais.

A previsão de Nishimoto é que Covas fale na próxima quinta, assim como o deputado Major Olímpio (PDT). O convite a Covas, porém, não deve significar nada de novo, já que o secretário já mandou seus esclarecimentos por escrito. Na ocasião, disse que as afirmações eram uma hipótese usada por ele em palestras.

O próprio líder do PSDB, Orlando Morando, afirmou que Covas já deu suas explicações e que, “no máximo”, reenviará o texto.

Morando negou que a base governista trabalhe para abafar as denúncias de Barbiere e reclamou da criação de um “palanque eleitoral” contra Covas. “Existe um medo de ele ser escolhido nosso candidato a prefeito”, afirmou. Ontem, Alckmin fez, no Palácio dos Bandeirantes, sua mais enfática declaração em socorro a Covas.

“Ele já esclareceu [o que disse na entrevista]. O Bruno Covas é um exemplo em seriedade na política, de responsabilidade. Foi uma frase mal colocada, que já foi esclarecida”, disse. Em visita a Aparecida (SP), anteontem, o governador prometeu a divulgação de todas as emendas de deputados liberadas pelo governo desde 2007. Até agora, a Casa Civil do governo só disponibilizou dados pagos em 2011.

Segundo Orlando Morando, o governador teria dito a ele que vai pretende liberar os dados no “menor prazo possível”.

 Fico aqui imaginando, pois, se por ventura o Governo do Estado fosse do PT, ou os deputados acusados fossem petistas. Com certeza, o mundo viria abaixo. E não haveria um jornalão sequer que não estivesse publicando resultados de “investigações” jornalísticas e incriminando, um a um, os suspeitos ou acusados. Outros até já estariam pedindo o “impeachman” do governo petista.

E imaginem se a poderosa Globo, que até agora não deu uma nota sequer sobre o assunto, não estaria mostrando sua indignação por meio das caretas de Willian Bonner e Fátima Bernardes? Portanto, é o partidarismo jornalístico-midiático, e só ele, como já sobejamente denunciado nos canais livres de informação, que impede que a ética, a moralidade e a honestidade sejam resgatadas neste país.

Até.