A turma no poder já não faz questão de esconder de ninguém, nem dos desafetos, a crença indestrutível que tem na reeleição do prefeito Geninho (DEM). Aliás, até reza, faz promessa, joga búzios e bate tambor para que isso, de fato, aconteça. Morre de medo de que algo fora do planejado ocorra. É normal tal comportamento quando se tratam de pessoas que sofrem da chamada “prefeiturodependência”, aquela doença que acomete geralmente os fracos de atitude, os mal-formados e os acomodados. Muitas vezes, até, os mal intencionados.
Mas, deixando a ‘profundidade’ de lado, a questão-chave colocada hoje no seio dos formadores de opinião e daqueles que não formam, mas adoram repercutir opiniões é: Geninho se reelege, ou não? Terá ele candidato forte a ponto de levar perigo à sua tão propalada garantida reeleição? Ou surfará o burgomestre em águas serenas e azuis, flanará em céu de brigadeiro, por falta de oposição? São respostas que ainda não se pode dar com certeza, mas também são perguntas que não se pode negar com veemência.
No primeiro caso, as possibilidades são grandes, embora não inteiramente garantidas – a política, como já disse certo dia um figurão do meio, “é como nuvem”. E urna eletrônica, barriga de mulher e cabeça de juiz – como disse certa vez outra grande figura -, você só sabe o que tem dentro depois de “aberta”, depois do parto e após a sentença. Porém, colocada a grosso modo, as chances de reeleição não são pequenas, dadas as facilidades de ter a máquina nas mãos e, dizem por aí, muito dinheiro para “investir”.
Um primeiro detalhe, analisando este universo: a campanha de Geninho vai ser cara, talvez a mais cara de que se tem notícia por esta urbe. Por quê? Exatamente pelo senso comum estabelecido de que ele tem muito dinheiro para gastar, como já se ouviu e se ouve até de assessores e pessoas próximas ao poder. Portanto, o povo – eis que o eleitor olimpiense ainda não se acostumou a praticar o “bom voto”, entendido como o voto livre, não trocado por favores quaisquer -, vai pedir, e pedir muito.
E com a fama de “candidato endinheirado”, Geninho vai dar, vai ter que dar. Ainda que seja folclore o “caixa recheado”, a ‘maldição’ já se instalou. E caso se negue a prestar este ou aquele favor financeiro ou material, pode ficar muito mal com o eleitor.
No segundo caso, está difícil saber. Por hora, as informações que se tem é a de que apenas um candidato de oposição estaria já praticamente confirmado: a do cartorário Walter Gonzalis, do Partido Verde. Ele, que acaba sendo desta vez, ainda mais candidato de si mesmo, já que não se sabe onde buscará base eleitoral, sem apoio de PT e do grupo “dissidente” da política local – leia-se Folha da Região e seus entornos. É esperar para ver. Do lado do PMDB e até do PT, para ficarmos nas duas siglas mais fortes da cidade, a indefinição é total. Nomes há à altura da disputa, mas ainda não se chegou ao consenso.
O medo aterrador do mandatário de turno é quanto a uma candidatura (imposível) do ex-prefeito Carneiro, contra quem teria uma dura luta pela frente, embora os situacionistas o tenham como péssimo exemplo de prefeito. Mas o temem, porque sabem que as diferenças entre Geninho e o ex-prefeito podem falar mais alto na hora do voto. Os detalhes podem calar mais fundo no âmago do eleitor. Fatores que também podem pesar em outro nome que vier dali, dependendo do formato de candidatura que se estabelecer.
Assim, sequer fica respondida a terceira questão. Pode ser que sim, pode ser que não. Até porque, o alcaide precisará não de apenas uma reeleição pura e simples. Precisará de mais. Precisará do aval do cidadão olimpiense para o que ele julga o melhor dos mundos proporcionado pelo seu arrojo, destemor e obstinação. Serão estes três adjetivos suficientes para lhe garantir tal aval?
Imagino que um percentual de votos em torno de 45% dado a Geninho, poderá representar uma vitória eleitoral, mas uma derrota política. Principalmente dependendo de quem vem lá para confrontá-lo. Para que possa sair do pleito com a sensação plena de que seu modus operandi à frente da administração foi aprovado in totum, precisará receber, a nosso ver, pelo menos metade dos votos válidos, se não algo em torno de até 60% deles. É claro que para o prefeito e seu grupo, no momento basta a reeleição, independentemente de com qual percentual. Mas a análise que se faz neste parágrafo é política e não eleitoral.
Mas, serão dois sonhos que se confundirão mais adiante: aquele da reeleição propriamente dita, para mais dois anos e depois tentar seguir o caminho de seus “padrinhos” Kassab e Garcia, e aquele do aval a seu modo de operar as coisas, o que vai significar sua consagração política, garantindo-lhe um lugar na história da cidade e, por conseguinte, tornando ainda mais fácil sua caminhada rumo a patamares mais elevados na política paulista e, quiçá, nacional.
Mas, por ora só nos resta esperar e prestar sempre atenção às nuvens usadas como exemplo do que é a política por Magalhães Pinto – ou terá sido Ulysses Guimarães?
Até.
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