Postei aqui, em 16 de agosto do ano passado, texto analisando a 46ª edição da festa, sob o título “Ser Grande ou Ser Essência é o Dilema do Fefol”, onde numa espécie de digressão do pensamento não só analisava, como fazia a crítica e cobrava de quem de direito, respeito e reverência ao fato. Cheguei mesmo a até elogiar alguns detalhes e dizia que, em agosto deste ano faria a comparação para detectar se algo mudou, e o que teria mudado, claro, para melhor. Mas, desnecessário dizer que tudo, aparentemente mudou para pior. Ou tende a ser uma mudança para pior.
No ano passado eu disse que sempre após uma edição da festa, o que fica é a saudade, “ressoando na mente e na alma os sons, as canções, as danças, as cores, os ritmos”. Lembrava que algumas destas canções, em alguns momentos, soavam como lamento. Na noite final do 46º Fefol, ainda no palanque, o apresentador da ocasião, professor Washington Gomes, afirmara que a partir daquele momento já se começava a pensar na festa do ano que vem, ou seja, deste ano. Mas, “gato escaldado”, observei que “se tudo não estiver na alma, na mente e no coração”, nada em torno do Festival poderá ser feito além.
Neste mesmo fim de festa, inclusive, os discursos mudaram de rumo, passaram a ser no sentido de reafirmar o compromisso da cidade, de seu povo e, principalmente, de suas autoridades políticas com a realização desta que é a maior homenagem do país ao povo brasileiro e suas raízes. E qual foi a maior demonstração deste “compromisso jurado?” A antecipação para julho, tirando do seu mês tradicional, agosto, a festa, para atender interesses outros que, com certeza, não são os do povo. E ao que parece, o luxo deverá imperar no recinto – ainda que o luxo brega de mentes alienadas.
E isso, seguramente, não faz parte, não está na essência da manifestação folclórica. Muito pelo contrário. E quem gosta do Fefol pelo que ele representa sabe do que estou falando. Aqueles que veem nele fonte de cultura e conhecimento, aqueles que têm no Fefol os seus momentos de recordações, de feliz melancolia, aqueles que bebem a cada edição na fonte do saber, sabem do que estou falando. Até agora, em relação à festa, o que se sabe é que o público vem caindo vertiginosamente. Nos dois primeiros anos foi verdadeiro fracasso. Neste terceiro ano do atual governo espera-se que haja reação. E se fez a estúpida antecipação de mês buscando isso.
Assim, permanecem bastante atuais os dilemas postos aqui ano passado: o Fefol quer ser grande, ou quer ser essencial? E para ser grande implicaria, necessariamente, perder a assência? E, ao contrário, ser essencial implicaria em ser para poucos? Quem irá responder? Por ora é preciso que os poderosos de plantão na cidade entendam que o Festival do Folclore tem uma função histórico-social, uma responsabilidade cultural que não se tem como medir em relação ao país e seu povo. Um valor imaterial inominável. Falta esta gente compreender isso. Afinal, repetindo a mim mesmo, só se pode amar e respeitar aquilo que se compreende. Se não, a alma não reage.
Até.
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