A diretoria da Santa Casa de Misericórdia de Olímpia concedeu coletiva na tarde de hoje, na sede da ACIO, para explanar sobre a situação em que o hospital foi encontrado, após quase um ano e meio de administração genista, e o que pretende fazer a partir de agora que o primeiro provedor escalado pelo alcaide foi defenestrado da entidade. O que apresentou como antídoto é um corolário de boas intenções e vontades. Tão boas intenções e vontades que, se vingarem, o hospital será o paraíso na terra.

Mas, é preciso atentar que são dois, hoje, os problemas da Santa Casa: excassez de recursos e excesso de política. Por mais que os diretores atuais tentem se desvincular das hostes governistas, não é crivel que o prefeito Geninho não será a “sombra”  por trás dos administradores, a ditar normas, regras e decisões. E como lhe convirá, decisões de cunho político, sempre. O vice-provedor Vivaldo Mendes Vieira até que tentou fazer colar esta desvinculação, ao dizer que “não é mandado pelo Geninho”, que “não está lá por causa do Geninho” e “não aceitará que o Geninho mande nele”.

Mas, isso terá que mostrar na prática, no dia-a-dia, nos momentos cruciais. O provedor Mário Montini, por sua vez, também seguiu o caminho do distanciamento do poder, ao dizer que não está lá por causa do prefeito mas, sim, “por querer colaborar”. Da mesma forma terá o provedor que provar que as ingerências políticas não farão parte do cotidiano da instituição. lembremo-nos que o ex-provedor, Marcelo Gallette, saiu “atirando”, acusando que o hospital “virou um palanque”. A quem se referia, não se sabe. Mas imagina-se.

Ex-provedor, este, aliás, que foi poupado de culpa pela situação atual do hospital, embora se tenha sentido no ar algumas “indiretas” à sua gestão, mas toda responsabilidade pela dêbacle hospitalar dos últimos quase dois anos, foi jogada nas costas da ex-provedora Helena de Souza Pereira, com todas a letras, por Montini. Houve até a tentativa de tornar a declaração oficial, mas englobando toda a diretoria, e não só Helena, por parte de um colega com afinidades no Governo Municipal.

A Santa Casa tem R$ 1,032 milhão em empréstimos a pagar, dois deles contraídos em 2009, um contraído em 2011. Os dois de 2009 somam R$ 502 mil, pagáveis até abril de 2012 e dezembro de 2013, respectivamente, e o terceiro, de R$ 530 mil, tem previsão de resgate até fevereiro de 2015. Importante notar que do empréstimo primeiro, no valor total de R$ 849.800, quase 40% foi pago e, do segundo, no valor real de R$ 253.100, já foram pagos R$ 68 mil. Mas, estes montantes de 2009 é que foram responsáveis pela situação crítica do hospital, segundo o provedor. Esqueceu ele do resto que, ao que parece, são meros detalhes.

No mais, o que foi apresentado ali seria uma espécie de carta de intenções. Que pode vingar em médio a longo prazo, ou não. Melhor seria, como quer a diretoria, que fosse a curto prazo. Estas propostas apresentadas são extremamente técnicas. Tratam apenas e tão somente do âmbito técnico-administrativo. Num aspecto até ingerindo na esfera médica, com a proposta da implantação de um “protocolo” de atendimento, que poderá, em última análise, vir a chocar-se com os procedimentos do profissional junto ao paciente. Montini tentou, mas não conseguiu detalhar esta idéia.

Enfim, a nova diretoria vem com a boa vontade peculiar de quem assume uma incumbência de grande vulto sob os olhares desconfiados da opinião pública. E sob o temor do cidadão pobre, de que este mundo não é para ele. Compete a estes homens provarem que realmente estão ali por iniciativa própria, nobre, diga-se de passagem, e que ali tocarão as coisas efetivamente apartados do viés político-eleitoral. A população precisa ter esta certeza para se reaproximar do hospital, e com o espírito desarmado, tornar-se sua parceira.

Se as pretensões apontadas sairem do papel, e isto redundar em mudanças visíveis que, principalmente, não sacrifiquem o homem comum desta urbe – já que de tudo o que se pode apreender ali, a intenção seria pelo menos aproximar ao máximo a gestão da Santa Casa à de uma empresa -, já terá sido uma boa iniciativa. O contrário, o caos absoluto. Tenhamos fé que não é isso que querem os olimpienses que desta diretoria fazem parte.

Até.