Na primeira vez que postei neste blog um tema tratando do conjunto habitacional “Village Morada Verde”, dentro do programa “Minha Casa, Minha Vida”, do Governo Federal, implantado em Olímpia por meio de financiamento bancado pela Caixa Econômica Federal-CEF, a repercussão foi estrondosa, com direito a ameaças de processos, chiliques de apaniguados do poder e pronta reação da empresa responsável pelas obras, a Pacaembu Construtora, de São Paulo.

Também, não foi para menos, o post. Denunciava fatos desabonadores ao empreendimento, o que depois foi sanado com a pronta intervenção da incorporadora. Embora ao longo deste tempo de construção a obra tenha sido alvo de outros acontecimentos menores, mas que agora parecem estar sanados de vez. Uns e outros ainda tentaram insuflar a opinião pública contra este blog – e este blogueiro então se tornou persona non grata aos olhos dos responsáveis pelo canteiro de obras – mas acabou se tornando do conhecimento público as pontuais avarias de percurso no tocante ao pessoal, nada no aspecto técnico.

Agora, volto ao assunto para reverberar o que parece ser opinião de grande parte, se não da maioria dos adquirentes de uma destas casas do conjunto: o tamanho delas. E, de fato, fizemos uma busca e apuramos que as tais casas, sejam de dois ou três dormitórios, têm quase a mesma medida de um imóvel da Companhia do Desenvolvimento Habitacional e Urbano-CDHU, conforme as medidas daquelas a serem construídas no conjunto III da Companhia, em Olímpia. Estas casas terão em torno de 44 m² de construção, e dois dormitórios.

E são casas que, além de terem prestações que não deverão chegar aos R$ 190 mensais, têm projetos especiais, já que serão dotadas de aquecedor solar, muro, garagem e paisagismo. Já os festejados imóveis do “Minha Casa” terão 160 metros quadrados de terreno, possuindo um banheiro revestido, sala, cozinha parcialmente revestida, telha de concreto e área para ampliação. São casas com 54,38 metros quadrados de área construída (apenas 10,38 m2 a mais), com três dormitórios, no valor de R$ 74,9 mil, e casas com 36,72 metros quadrados (7,28 m2 a menos) e dois dormitórios, com valor de R$ 54,9 mil.

A planta das casas será entregue com pouco mais de 70 metros quadrados (já contemplando as áreas a serem ocupadas com a ampliação do imóvel). O conjunto é voltado para famílias com renda total de até cinco salários mínimos – R$ 2.725. Existe um modelo alternativo, o qual é a própria prefeitura que constrói, e os imóveis são sorteados, à moda dos CDHU’s e Cohab’s, commprestações em torno de R$ 50 mil. Mas, estranhamente, é destinado a cidades com população acima de 50 mil habitantes.

O modelo que veio para Olímpia é para quem ganha de três a seis salários mínimos, financiamento direto com a CEF e terreno doado pelo município (que terá, ainda, que gastar outros R$ 2 milhões para aterrar as lagoas do Córrego dos Pretos; a área, consta, teria custado R$ 4 milhões). O que torna este assunto polêmico é o valor das prestações do MCMV. Ao contrário dos “R$ 200 a R$ 250” anunciados inicialmente, os mutuários estão pagando quase R$ 550 pela casa de três quartos, e quase R$ 350 pela de dois quartos.

Alguém vai dizer: “Mas, haverá uma área para ampliação nos fundos”. Sim, como, também, o próprio mutuário é quem deverá construir calçada, muro e garagem, porque o conjunto será entregue sem estas benfeitorias. E, para tanto, terá que desembolsar um bom dinheiro. Neste âmbito, o que fez o prefeito, na sexta-feira em que mais de 200 mutuários estiveram na Casa da Cultura buscando suas escrituras? Deu uma informação no mínimo duvidosa, a menos que ele, com suas influências na capital, tenha conseguido mudar até o estatuto do Banco do Povo Paulista.

Ele disse que os futuros moradores do “Village” já têm “crédito pré-aprovado de até R$ 7,5 mil para, se quiserem, ampliar de acordo com as suas necessidades a moradia que será entregue em setembro”. Sabedor de que “muitos irão querer mais um dormitório, ou ampliar a cozinha, ou mesmo fazer uma varanda ou muro”, foi que ele disse ter “conversado” com o Banco do Povo, “e eles (banco) irão atender ao mutuário, mas apenas para ampliação das casas”.

Na fala do prefeito, dois pontos a destacar: primeiro, que já fica claro o que o comprador não vai encontrar no seu imóvel. Segundo, que ele não precisava chegar a tanto, prometer empréstimo a eles. Mostrando descohecimento das atribuições do Banco do Povo Paulista, que destina-se “ao pequeno empreendedor formal ou informal que morem ou tenham negócio no município há mais de dois anos, ou estejam produzindo pelo menos há seis meses no município”. E, não, o Banco do Povo não empresta dinheiro para reforma, ampliação ou construção de casa ou qualquer outro tipo de edificação. Em hipótese alguma.

O Banco do Povo financia máquinas, computadores, ferramentas, maquinas de costura, retíficas de motores de caminhão, reforma dos estabelecimentos comerciais, compra de móveis para salões de cabeleireiro, etc. “Os futuros mutuários já têm crédito pré-aprovado de até R$ 7,5 mil para, se quiserem, ampliarem de acordo com as suas necessidades a moradia que será entregue em setembro (…). Já conversei com o Banco do Povo e eles irão atender ao mutuário, mas apenas para ampliação das casas”. Foi a promessa do prefeito. Por quê? Talvez simplesmente por falta de algo bom a dizer ali, por má fé, ou desconhecimento.

Até.