Qual será o caminho a tomar pelas oposições na cidade visando o pleito do ano que vem? No momento ninguém sabe muito bem o que responder. Nem mesmo que caminho tomar. Cada dia surge nas rodas uma conversa diferente, um nome diferente, uma tática diferente. Mas, talvez a única convergência seja em torno da idéia do lançamento de apenas uma candidatura oposicionista, para fazer frente ao prefeito Geninho (DEM). E para ser clarividente, diria que é exatamente isso que o atual detentor da cadeira da 9 de Julho teme.

Um “mano-a-mano”, a esta altura dos acontecimentos, é extremamente perigoso para as pretensões do alcaide. Os teóricos da política costumam dizer que num processo de reeleição, o detentor do cargo sempre consegue, via máquina administrativa, bater na casa dos 30% a 35%, quando não está bem avaliado pela população, como é o caso do atual prefeito. Se bem avaliado, a história é outra. Torna-se imbatível, e as pesquisas mostram isso em tempo antecipado, e alguém querendo “peitar” o poderoso só o fará para “marcar território”.

Mas, quando a situação é inversa, em princípio todo mundo se encoraja. Todo mundo é candidato. É o que se vê, atualmente, na cidade. Se brincar, teremos pelo menos seis candidatos buscando os votos dos incautos. Se bem que a maioria não passa de “balão de ensaio” ou apenas de insinuações. Mas, já se disseram dispostos a encarar tal empreitada os vereadores João Magalhães (PMDB), Priscila Foresti, a Guegué (PRB), e Dirceu Bertoco (PR). O empresário Bira da Ki-Box tem se mobilizado aqui e ali. Walter Gonzalis é o eterno e etéreo candidato. E temos o próprio prefeito.

Dois deles são oposição, hoje, ao Executivo – Magalhães e Guegué; um é situacionista – Bertoco; o outro não militar em nenhuma facção política atual – Gonzales; e outro, ainda, aparece como “outsider” político – Bira da Ki-Box. Assim, dos oposicionistas, apenas um deve vingar, ou nenhum, dependendo do andar da carruagem; Bertoco também não levará a cabo sua pretensão, caso isso venha representar perigo para seus projetos políticos futuros.

Gonzales, desta vez está sozinho, ao que parece. A base que foi o PT desta vez não deve se repetir. Sem apoio partidário, ainda que insista na candidatura, não deverá fazer volume no ambiente eleitoral de 2012. Os mais de oito mil votos recebidos na eleição passada foram circunstanciais e ainda assim ele os jogou pela janela ao se ausentar do debate político dos últimos anos. Bira da Ki-Box tem o PTB nas mãos, via Campos Machado – o secretário e vereador licenciado Beto Puttini terá que se alojar em outra sigla.

Mas, se não conseguir aglutinar um grupo de sustentação político-eleitoral, o empresário do setor vidreiro não conseguirá emplacar a candidatura. A menos que seja uma candidatura “fake”, daquelas que o situacionismo inventa para dissipar os votos (e há quem diga que esta pretensão está firmemente calcada no pensamento do prefeito, que assim correria menos riscos). E ainda que Bira realmente saia, qual é sua força política, hoje? Não há indícios de que seja algo a considerar.

Portanto, analisando o quadro, vê-se que do lado oposto ao alcaide, não há força consolidada, e poucos nomes a se escolher. A densidade eleitoral de cada um, só medindo para ver, mas, neste aspecto, quem acompanha um pouco mais de tempo a política local já até consegue vislumbrar que deve cair fora do páreo, e integrar, quem sabe, uma frente ampla de oposição, capaz de abalar as estruturas. Diante disso, o burgomestre e seus asseclas então pensam: consumatum est. Aí, entra na “roda” (sem querer ser estraga-prazeres), o vice-prefeito, Gustavo Pimenta (PSDB).

Todo mundo sabe que a base de sustentação política hoje do prefeito é o PSDB e seus próceres. Sem eles, Geninho não se sustenta politicamente. E como é sabido que a insatisfação com a forma de governar do alcaide é grande dentro do ninho tucano, pode ser que a turma se encorage e resolva “peitar” o poderoso de turno. Isso deixaria o comandante-em-chefe da política local em maus lençóis porque, não só perderia um apoio de peso, como ganharia um adversário de peso.

No seio do partido, a única coisa que se consegue apurar é que os líderes “estão conversando”, com o sentido de “auscultando”, “pesquisando” no tête-a-tête o alcance de uma proposta como essa. Mas é preciso lembrar, também, que o PSDB tem alternativa ao poder: pode forçar a manutenção de Pimenta como vice na reeleição, assim garantindo dois anos de governo tucano, já que é pretensão clara de Geninho se candidatar a uma cadeira na Assembléia e, para tanto, terá que deixar a cadeira da 9 de Julho.

E em sendo negada a vice, então partir para a disputa, com a tucanada, eventualmente, encabeçando uma frente ampla de oposição. Buscaria o vice em outra sigla, até em outro grupo político, por que não? Geninho sabe que sua carreira política pode acabar daqui um ano e cinco meses; daqui três anos e cinco meses; e na melhor das hipóteses, daqui a cinco anos e cinco meses.

Por isso que ele jamais deixará de buscar esta cadeira na Assembléia. Ela significará, caso eleito, sua sobrevivência política. Que, caso contrário, durará apenas mais cinco anos e cinco meses, na melhor das hipóteses.

Até.